Ato em Juiz de Fora critica moção de aplausos à operação no Rio

Ato no Calçadão da Halfeld criticou homenagem da Câmara de Juiz de Fora à operação Contenção, considerada a mais letal da história do Rio


Por Fernanda Castilho

31/10/2025 às 19h07

protesto juiz de fora
(Foto: Leonardo Costa)

Mesmo sob chuva, movimentos sociais de Juiz de Fora realizaram, na noite desta sexta-feira (31), um ato público no Calçadão da Rua Halfeld contra a moção de aplausos aprovada pela Câmara Municipal em homenagem às autoridades de segurança pública do Rio de Janeiro envolvidas na operação Contenção. A ação policial, realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, resultou em mais de cem mortes e é considerada a mais letal já registrada na capital fluminense.

Na sessão da última terça-feira (28), mesmo dia em que ocorreu a operação, a Câmara Municipal de Juiz de Fora aprovou uma moção de aplausos às autoridades de segurança do Rio de Janeiro envolvidas na ação. A proposta foi apresentada pela vereadora Roberta Lopes (PL), que classificou a operação como “primorosa” e se referiu às mortes como “eliminações”. Também foi aprovada uma moção de pesar pela morte de quatro policiais durante a ação.

Um dos organizadores da manifestação desta sexta, Marcony Coutinho, 36 anos, militante do Movimento Negro Unificado (MNU) e integrante do grupo de percussão Muvuka, afirmou que o protesto foi motivado pelo que classifica como um massacre. “Movimentos negros estão se mobilizando nacionalmente para repudiar essas mortes de pessoas pretas, pobres e faveladas. Queremos denunciar o governo do Cláudio Castro (PL), porque o estado está matando o povo e escolhendo quem pode viver”, declarou.

Coutinho também criticou a aprovação da moção de aplausos . “Estou incrédulo por terem feito isso e ainda chamarem de ‘faxina’. Quem comete crimes deve responder a isso, não ser morto”, afirmou.

Entre os participantes do ato, estava a professora e militante do PSTU, Victoria Mello, que classificou a operação como “irresponsável”. “Foi uma operação completamente irresponsável por parte do governo, que tinha como alvo, como todas as operações feitas nas periferias das nossas cidades, o povo pobre e preto, sobretudo os jovens. Essa moção de aplausos à carnificina é totalmente repugnante.

A Câmara representa o povo, foi eleita pela população pobre e preta, que é agredida e assassinada nas periferias todos os dias. Então isso é completamente absurdo e fora da normalidade”, disse.

Comissão do Senado vai investigar a operação

Na quarta-feira (29), a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal anunciou que investigará a operação policial. Em entrevista à Rádio Senado, a presidente da comissão, senadora Damares Alves (Republicanos), afirmou que solicitará informações sobre o planejamento da operação e seus impactos.

“O conselho tutelar foi junto com a polícia? Crianças foram acolhidas durante a operação? Escolas foram atingidas? Os professores foram orientados? Gente, isso é uma baixa de guerra. Nem em ataques de um país para o outro há tantos mortos em um único episódio. Lamentável. Então, nós vamos ter que entender o que está acontecendo”, declarou.

 

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.