Ato em Juiz de Fora critica moção de aplausos à operação no Rio
Ato no Calçadão da Halfeld criticou homenagem da Câmara de Juiz de Fora à operação Contenção, considerada a mais letal da história do Rio

Mesmo sob chuva, movimentos sociais de Juiz de Fora realizaram, na noite desta sexta-feira (31), um ato público no Calçadão da Rua Halfeld contra a moção de aplausos aprovada pela Câmara Municipal em homenagem às autoridades de segurança pública do Rio de Janeiro envolvidas na operação Contenção. A ação policial, realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, resultou em mais de cem mortes e é considerada a mais letal já registrada na capital fluminense.
Na sessão da última terça-feira (28), mesmo dia em que ocorreu a operação, a Câmara Municipal de Juiz de Fora aprovou uma moção de aplausos às autoridades de segurança do Rio de Janeiro envolvidas na ação. A proposta foi apresentada pela vereadora Roberta Lopes (PL), que classificou a operação como “primorosa” e se referiu às mortes como “eliminações”. Também foi aprovada uma moção de pesar pela morte de quatro policiais durante a ação.
Um dos organizadores da manifestação desta sexta, Marcony Coutinho, 36 anos, militante do Movimento Negro Unificado (MNU) e integrante do grupo de percussão Muvuka, afirmou que o protesto foi motivado pelo que classifica como um massacre. “Movimentos negros estão se mobilizando nacionalmente para repudiar essas mortes de pessoas pretas, pobres e faveladas. Queremos denunciar o governo do Cláudio Castro (PL), porque o estado está matando o povo e escolhendo quem pode viver”, declarou.
Coutinho também criticou a aprovação da moção de aplausos . “Estou incrédulo por terem feito isso e ainda chamarem de ‘faxina’. Quem comete crimes deve responder a isso, não ser morto”, afirmou.
Entre os participantes do ato, estava a professora e militante do PSTU, Victoria Mello, que classificou a operação como “irresponsável”. “Foi uma operação completamente irresponsável por parte do governo, que tinha como alvo, como todas as operações feitas nas periferias das nossas cidades, o povo pobre e preto, sobretudo os jovens. Essa moção de aplausos à carnificina é totalmente repugnante.
A Câmara representa o povo, foi eleita pela população pobre e preta, que é agredida e assassinada nas periferias todos os dias. Então isso é completamente absurdo e fora da normalidade”, disse.
Comissão do Senado vai investigar a operação
Na quarta-feira (29), a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal anunciou que investigará a operação policial. Em entrevista à Rádio Senado, a presidente da comissão, senadora Damares Alves (Republicanos), afirmou que solicitará informações sobre o planejamento da operação e seus impactos.
“O conselho tutelar foi junto com a polícia? Crianças foram acolhidas durante a operação? Escolas foram atingidas? Os professores foram orientados? Gente, isso é uma baixa de guerra. Nem em ataques de um país para o outro há tantos mortos em um único episódio. Lamentável. Então, nós vamos ter que entender o que está acontecendo”, declarou.









