Chuva recorde no ano mobiliza Defesa Civil
As chuvas devem continuar intensas, ao longo de toda a semana, em razão de áreas de instabilidade que agem em grande parte da região Sudeste do país. Apenas no último domingo (29) choveu 77,4 milímetros, índice que corresponde a 40% do esperado para todo o mês de novembro. Principalmente por este dia, o mais chuvoso do ano, a Defesa Civil também registrou volume inédito de atendimentos em 2015, chegando a 133 ocorrências, sendo 73 no domingo e 60 ontem. A Zona Norte foi a mais afetada, com 58 chamados, seguidas pelas regiões Sul (25), Leste (19), Sudeste(10), Centro (9), Cidade Alta (8) e Nordeste (4). Por outro lado, as precipitações resultam em melhorias nos níveis dos mananciais.
Do total de ocorrências na Defesa Civil, destacaram-se 23 destelhamentos parciais, 19 escorregamentos de talude, 13 ameaças de escorregamento, nove desabamentos de muro, seis quedas de árvores, quatro alagamentos, dois desabamentos parciais de edificações e um desabamento de muro. Entre os desabamentos de edificações, um está no Dom Bosco, onde três moradias foram atingidas. Os moradores buscaram abrigo em casa de parentes. As chuvas de domingo vieram acompanhadas de fortes rajadas de ventos, de até 83 quilômetros por hora, e trovoadas. Por volta das 14h, o acumulado foi de 30,4 milímetros, o suficiente para se formarem vários pontos de alagamentos.
De acordo com a Cemig, 23 bairros tiveram queda de energia no fim de semana. As principais causas foram, conforme a companhia, quedas de árvore e telhas sobre a rede elétrica, além do rompimento de condutores. Três postes também caíram durante o vendaval. Na manhã de ontem, cerca de 300 clientes, de pontos isolados da cidade, ainda seguiam sem luz. A previsão era que o serviço fosse restabelecido até o fim do dia.
Miguel Marinho
No Residencial Miguel Marinho, do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, Zona Norte, pelo menos três blocos de apartamentos tiveram os seus telhados retirados de forma total ou parcial pela força do vento e da chuva. “É a terceira vez que enfrento este tipo de situação, e o conserto demora a acontecer. Por conta disso, a minha laje ficou toda trincada. Sempre que chove, minha sala e o meu banheiro viram uma piscina. Já perdi geladeira, TV e sofá. Todo ano é isso”, conta Elaine Garcia, 39 anos, moradora do local desde 2012. A erosão no terreno também preocupa a moradora Rosilene dos Santos, 49. “Cada vez que chove, ele aumenta e escorre para o terreno do lado. Nosso medo é ele ameaçar a estrutura das casas.”
Conforme a Defesa Civil, técnicos foram ao locar avaliar os danos e ninguém precisou ser desalojado. Em nota, a assessoria de comunicação da Caixa Econômica Federal, responsável pelo programa de habitação popular, informou que uma equipe técnica vai ao locar para vistoriar os imóveis e orientar os moradores.
Acumulado de chuvas
Até ontem, no fim da tarde, já havia chovido em Juiz de Fora, em 2015, acumulado de 1.018,2 milímetros, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O índice corresponde a 61,6% do esperado para todo o ano. Para comparar, em todo 2014, o acumulado foi de 60,2%, enquanto que, em 2013, 109,7%. Novembro, que terminou ontem, já tem precipitações acima da média histórica. Isso não acontecia pelo menos nos últimos dois últimos anos. Até o fim da tarde, a soma era de 246,9 milímetros, ou seja, 29,3% acima do esperado, que são 191 milímetros.
Rodízio permanece sem alterações
Pela primeira vez este ano, a Represa João Penido termina um mês em situação melhor do que a observada em igual período de 2014. Conforme a Cesama, ontem ela estava 28,2% preenchida, contra 26,2% no fim de novembro do ano passado. Esta diferença, que agora é de 2% a favor, chegou a ser 60,4% contra, em janeiro. Naquele mês, o manancial tinha 30,77% de água, sendo que, em janeiro de 2014, 91,22%.
Apesar da melhora gradativa, a situação ainda é preocupante. No ano de 2013, por exemplo, João Penido tinha praticamente o dobro de água acumulada em novembro, com 50,25%. No caso das outras represas, São Pedro tinha ontem 93,4% de acumulação possível, contra 37,9% no ano passado. Chapéu D’Uvas subiu, no mesmo período, de 36,4% para 52,9%. Apesar da melhora, o diretor técnico-operacional da Cesama, Márcio Augusto Pessoa Azevedo, salienta que a situação ainda não é confortável. Por esta razão, o rodízio ainda vai permanecer, sem alterações, e por tempo indeterminado. “Vencemos uma etapa, que foi a estiagem, e este era o primeiro objetivo. Mas não podemos relaxar, porque João Penido ainda está em uma situação desconfortável do ponto de vista operacional. Precisamos recuperá-la, e isso leva tempo. Acreditamos que isso não vai acontecer ainda neste período de chuvas.”
De acordo com ele, a estimativa é que, no início da estação chuvosa, em abril, João Penido esteja com preenchimento entre 60% e 70%. No ano passado, o maior nível alcançado foi de 41,6%.