JF Terra de empreendedores: Jacqueline Vianna, diretora-presidente do Instituto Vianna JĂșnior
O brilho no olhar de quem fala dos negĂłcios paixĂŁo sĂł foi possĂvel ver apĂłs 30 minutos de conversa, quando Jacqueline Vianna, diretora-presidente do Instituto Vianna JĂșnior, tirou os Ăłculos de grau. Mas a percepção de que o amor pelo trabalho se confunde com a prĂłpria histĂłria foi possĂvel notar desde o primeiro minuto de entrevista, em seu bem decorado gabinete, no segundo andar do tradicional prĂ©dio da Avenida dos Andradas. “Olha o que ele foi fazer, me deu o microfone!”, foi a primeira frase dada pela elegante herdeira que, desde 2006, responde pela administração de uma das mais respeitadas instituiçÔes de ensino da regiĂŁo. A indagação de Jacqueline foi dada apĂłs ouvir que o repĂłrter queria falar pouco e ouvir muito. De fato, a entrevistada Ă© boa de conversa e sabe, como poucos, usar as palavras para atribuir respeito aos seus antecessores.
A histĂłria
Foi na dĂ©cada de 1940 que o Vianna JĂșnior deu os primeiros passos, pelas mĂŁos dos irmĂŁos Joaquim, AntĂŽnio, Welbert e Romeu, este Ășltimo, pai de Jacqueline. Na Ă©poca, os entĂŁo professores adquiriram a escola primĂĄria Alvina de Paula dos antigos patrĂ”es, na Av. Rio Branco, e deram inĂcio Ă histĂłria do ColĂ©gio SĂŁo JosĂ© e, posteriormente, da Escola TĂ©cnica de ComĂ©rcio Vianna JĂșnior. “A cidade tinha, atĂ© entĂŁo, escolas de ensino clĂĄssico, mas eles entendiam que havia um mercado a ser explorado, por meio dos cursos tĂ©cnicos. Os grandes empregadores da Ă©poca eram os Correios e o Branco do Brasil. A escola tĂ©cnica tinha como objetivo preparar os estudantes para estes concursos pĂșblicos.”
Nos primeiros anos de vida, Jacqueline Vianna jĂĄ frequentava os pĂĄtios da escola tĂ©cnica. Ela conta que toda a estrutura existente hoje foi fruto de muito trabalho dos tios e do pai. Nos primeiros anos, eram eles prĂłprios que, ao fim dos turnos, faziam a limpeza dos banheiros e varriam as salas de aula. “Eles nĂŁo vinham de famĂlia abastada e sĂł podiam contar com a prĂłpria força de trabalho. Hoje todo mundo vĂȘ o que temos e parece que ganhamos na loteria. A ampliação do nĂșmero de cursos, incluindo os de ensino superior, e da estrutura foram acontecendo ao longo dos anos, gradativamente.”
A funcionĂĄria
A hoje diretora-presidente de um centro educacional formado por escola, curso preparatĂłrio, cinco graduaçÔes de ensino superior e cinco cursos de tecnologia nĂŁo imaginava ocupar este cargo quando começou a trabalhar na empresa da famĂlia, em 1982. Casada e com a formação superior recĂ©m-concluĂda em direito, Jacqueline Vianna entrou profissionalmente na instituição como muitos dos seus atuais colaboradores, atuando em setores administrativos. “Me casei jovem e fui morar em SĂŁo Paulo. Por isso, nĂŁo cursei direito na Mackenzie. Voltei a Juiz de Fora pois meu ex-marido havia sido convidado a montar uma equipe de cirurgia cardĂaca aqui. TĂŁo logo cheguei, meu pai me colocou para trabalhar no Vianna. Ele foi sĂĄbio, e devo a ele todos os meus passos”, disse, afirmando que, na Ă©poca, nĂŁo tinha a percepção de que ele a preparava para algo maior. “Sempre fui a secretĂĄria da secretĂĄria. Aprendi todos os processos e sei que, para mandar, Ă© preciso saber fazer.”
A presidente
A linha sucessĂłria do Vianna foi se aproximando de Jacqueline com a morte dos tios. O Ășltimo foi o pai, Romeu. Segundo ela, um dos momentos mais delicados da instituição, por causa de conflitos familiares envolvendo a herança. “Graças a Deus vencemos esta trĂĄgica etapa, pois ela poderia ter resultado em uma falĂȘncia.” Jacqueline nĂŁo foi apenas promovida a chefe de uma grande organização, mais do que isso, ela teve a competĂȘncia provada de diversas formas. Agora, a jovem mulher, herdeira dos fundadores, precisava levar o Instituto Vianna JĂșnior a um novo patamar, ao mesmo tempo em que Juiz de Fora se fortalecia como um grande centro acadĂȘmico, reconhecido assim por alĂ©m de suas fronteiras. “Era preciso ter pulso firme, e eu nĂŁo sou forte. A vida me fez forte. AlĂ©m de ter todo este idealismo sobre educação de qualidade, ensino e promoção da cultura, eu precisava dar sustentabilidade ao negĂłcio, pois toda uma famĂlia depende disso. Para isso, sempre tive uma grande colaboração dos meus irmĂŁos e da minha prima MariĂąngela, que estĂŁo sempre ao meu lado. E nĂłs contamos com uma equipe muito coesa.”
Os valores
Todos os modelos gerenciais aplicados no Vianna JĂșnior nĂŁo afastam Jacqueline da rotina diĂĄria da instituição. Ela conta que estĂĄ atenta, a todo o momento, sobre tudo o que acontece nĂŁo sĂł no andar de cima, onde estĂĄ a diretoria, como tambĂ©m no andar de baixo, formado pelas salas de aula e os setores de atendimento ao pĂșblico. “O Vianna tem uma caracterĂstica: ele tem dona. E a dona sou eu. Se acontece alguma coisa errada, eu sou procurada e vou atender. NĂŁo podemos acertar sempre, mas fazemos o melhor, pois encaro o meu trabalho com amor.”
E é o amor pela causa da educação, e a construção de um empreendimento familiar de sucesso, que a mantém ativa no cargo de diretora-presidente hå 11 anos. Mas assim como foi feito pelo pai e os tios, a linha sucessória jå vem sendo preparada. Os filhos Peter e Stephen trabalham ao seu lado e a assessoram nas tomadas de decisÔes. O mais novo, Frederic, de 17 anos, ainda estuda, mas demonstra vontade de seguir os passos da mãe e dos irmãos.
Mas isso nĂŁo significa que Ă© hora de passar o bastĂŁo. “NĂŁo, senhor!”, afirma, em alto e bom som. “Eu vou trabalhar por muito tempo ainda. Eu gosto! Enquanto estiver dando prazer e perceber que estou contribuindo de alguma forma, continuarei aqui. SĂł quero ter discernimento para perceber quando chegar a hora de me aposentar.
O amor pela cidade
Provocada a falar sobre a aniversariante Juiz de Fora, Jacqueline diz que Ă© preciso parar de menosprezar a cidade. “Ă um municĂpio prĂłspero e dinĂąmico, em que corre dinheiro, sim. TĂȘm negĂłcios grandes e pessoas dispostas a trabalhar pelo seu crescimento. Claro que perdeu muito do seu parque industrial ao longo dos anos, e isso Ă© algo que nos deixa apreensivos, pois cada empresa que fecha pode significar um aluno ou um pai de aluno desempregado. Mas como brasileira, mineira e juiz-forana, digo que amo esta cidade. NĂŁo a deixo por nada. Precisamos Ă© trabalhar muito, produzir e resolver nossas questĂ”es internas.”