A descoberta dos R$ 14 milhões em notas falsas depois do tiroteio envolvendo policiais civis de Juiz de Fora e São Paulo, na última sexta-feira (19), não é a primeira apreensão vultosa de dinheiro sem valor no município. Pelo menos dois casos com o mesmo modus operandi vieram à tona. Um deles foi em novembro passado, quando pai e filho, de respectivamente, 64 e 31 anos, foram presos em flagrante com duas malas de dinheiro falso contendo aproximadamente R$ 5 milhões. Segundo informações da Polícia Militar no dia do episódio, a dupla teria vindo de Pernambuco para negociar um empréstimo com um agiota da cidade. Eles pediram um empréstimo de R$ 5 milhões, no entanto, o homem teria pedido um sinal, em dólar, para garantir o empréstimo do valor. O caso ainda segue sendo apurado pela Polícia Federal de Juiz de Fora.
Pai e filhos foram capturados em uma agência da Caixa, localizada na Avenida Rio Branco, no Centro de Juiz de Fora, por volta das 17h. As notas falsas estavam misturadas às verdadeiras dentro de duas malas de viagem. A polícia estima que havia cerca de R$ 20 mil em cédulas verdadeiras em meio às falsificações, mas constatou que, no meio do bloco, havia notas com os dígitos de série igual, sendo que todas elas terminavam com o número 83. Ainda segundo a PM, a cada R$ 100 mil, R$ 400 eram dinheiro verdadeiro.
Conforme o relato deles à PM no dia da prisão, ambos são empresários de Pernambuco e estariam passando por dificuldades financeiras. Por este motivo, fizeram contato com um agiota em Juiz de Fora, que teriam conhecido, pedindo o empréstimo. A quantia foi entregue em duas malas e, logo, os empresários seguiram para a agência bancária para realizar o depósito. Mas, de acordo com a PM, no momento em que uma funcionária contava as notas, ela percebeu que havia cédulas verdadeiras na parte superior e que, na parte de baixo, estavam em maior parte as notas com falsificação grosseira. Diante disso, a PM foi acionada e prendeu pai e filho em flagrante. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso. O procedimento está sendo conduzido pelo delegado Carlos Henrique Macedo. Segundo ele, ainda estão sendo feitas diligências, e ainda não é possível afirmar quem seria o suposto agiota.
Outro golpe
Em 2013, também em novembro, outra situação semelhante foi registrada na cidade. Um empresário de 51 anos do ramo de construção civil, do interior do Estado de Rondônia, caiu em um golpe em Juiz de Fora e perdeu US$ 90 mil. A transação milionária foi realizada no quarto de um hotel da Avenida Getúlio Vargas, Centro. O golpista, que havia se identificado à vítima como pastor de Juiz de Fora, entregou a ela uma maleta que deveria conter R$ 1,2 milhão. No entanto, após a saída do estelionatário, o construtor verificou novamente a pasta, que estava trancada, e, ao arrombá-la, constatou que apenas R$ 1.300 eram verdadeiros. O restante das mais de 1.100 notas de R$ 100 era falso.
Cada cédula continha ao centro as inscrições “sem valor” e “jogos de mesa”, enquanto as bordas eram semelhantes às originais, configurando falsificação grosseira. Enquanto isso, o bandido deixou o local onde a vítima estava hospedada carregando os US$ 90 mil que ele havia pedido como garantia do negócio, a título de caução. As notas apreendidas após a confusão com os policiais civis mineiros e paulistas também tinham a inscrição “sem valor”. A PM informou, na época, que o suspeito disse para a vítima que o dinheiro seria proveniente de uma igreja e que não cobraria juros. As únicas exigências que fez foram de que o empréstimo fosse pago em dólares e que recebesse a caução na mesma moeda.
Em entrevista à Tribuna no dia do fato, a vítima contou que chegou até o homem por meio de um amigo, depois de uma negociação envolvendo venda de ouro, que não foi concretizada. O empresário disse que, desta vez, pretendia fazer um empréstimo de mais de R$ 4 milhões, que seriam investidos na construção civil. Depois de um primeiro contato, ele e o golpista chegaram a se encontrar pessoalmente em Juiz de Fora, em outro hotel da Getúlio Vargas. O amigo da vítima, 42, também estava no hotel. “Verificamos junto à pasta, e todas as notas de cima eram verdadeiras. Ele ainda tirou uma do meio original e me mostrou. Como estavam presas com o lacre escrito ‘Banco Central’, acreditei que estava certo. Mas depois que ele foi embora, não consegui mais abrir a maleta e liguei para ele. Me disse para colocar o código com todos os números zero, mas também não consegui. Telefonei de novo, e não me atendeu mais. Tive que abrir a maleta à força e, quando vi, caiu a ficha”. O dinheiro falso e as cédulas verdadeiras foram apreendidas pela PM e encaminhadas para a Polícia Federal.