Centro de JF teve 560 ocorrĂȘncias de furtos em 2023
Aumento foi de quase 20% em comparação ao perĂodo de janeiro a abril no ano passado
Juiz de Fora registrou, atĂ© o Ășltimo domingo (23), 560 ocorrĂȘncias de furtos consumados e tentados no Centro da cidade. No mesmo perĂodo do ano passado, foram 467 casos, 20% a menos que o total verificado neste ano. Os dados foram apresentados pela PolĂcia Militar (PM) durante audiĂȘncia pĂșblica realizada na tarde desta terça-feira (25) na CĂąmara Municipal de Juiz de Fora. O encontro buscou debater os casos de furtos, arrombamentos, uso e trĂĄfico de drogas no Centro e Santa Teresa, na regiĂŁo central, e nos bairros Costa Carvalho, Poço Rico e Nossa Senhora de Lourdes, na Zona Sudeste.
Das 560 ocorrĂȘncias registradas no Centro, 80 tiveram como meio utilizado arrombamento/rompimento de obstĂĄculo. AlĂ©m disso, outros mĂ©todos foram abuso de confiança (31), conhecimento tĂ©cnico especĂfico (14), fraude (11), escalada (10) e emprego de chave falsa/micha/gazua (5). O restante das ocorrĂȘncias nĂŁo teve especificação do meio, ou esse era desconhecido.
De acordo com o major Jean Amaral, que representou a PM na audiĂȘncia, hĂĄ uma preocupação por parte da corporação quanto ao nĂșmero de ocorrĂȘncias que vĂȘm sendo registradas no Centro de Juiz de Fora. Para ele, algo que poderia fazer diferença seria a instauração de um Conselho ComunitĂĄrio de Segurança PĂșblica (Consep), o que nĂŁo tem na regiĂŁo.
“NĂłs trazemos aqui uma boa prĂĄtica que tem funcionado em muitos bairros: os Conseps. O Centro de Juiz de Fora e os bairros adjacentes nĂŁo possuem um Consep, que Ă© um espaço aberto legĂtimo de discussĂŁo de todos os assuntos que afetam a segurança pĂșblica”, explica. “Ă uma experiĂȘncia que deu certo. Na PolĂcia Militar de Minas Gerais, nĂłs sabemos o quanto Ă© vantajoso ter um conselho dessa natureza.”
AlĂ©m desses casos, a PM apontou dados de prisĂ”es efetuadas em relação aos furtos consumados e tentados. Em 2023, 55 pessoas foram presas, 18 a mais que as 37 prisĂ”es de suspeitos de cometerem este tipo de crime em 2022. Conforme o major, tem ocorrido uma mudança no horĂĄrio em que os furtos geralmente ocorrem no Centro de Juiz de Fora, o que levou a PM a realizar monitoramentos tambĂ©m no perĂodo noturno. “NĂłs fazemos acompanhamento diĂĄrio da criminalidade e, no Centro e adjacĂȘncias, percebemos que os furtos migraram para a madrugada. Com isso, nĂłs implantamos uma patrulha da madrugada. Ou seja, uma patrulha policial que fica sĂł por conta de monitorar pessoas que cometem furtos no Centro.”
Demais bairros
Nos demais bairros citados na audiĂȘncia pĂșblica, foram 65 ocorrĂȘncias de furtos consumados e tentados no total em 2023. Desses, 26 foram no Costa Carvalho, 16 no Bairro de Lourdes, 16 no Poço Rico e sete no Santa Teresa. No mesmo perĂodo em 2022, foram 29 ocorrĂȘncias no Costa Carvalho, 15 no Bairro de Lourdes, 14 no Poço Rico e 11 no Santa Teresa.
Drogas
Em comparação com o perĂodo de janeiro a abril do ano passado, o Centro de Juiz de Fora teve um aumento de mais de 170% nas ocorrĂȘncias relativas a drogas em 2023. De acordo com dados da PM, foram 106 registros neste ano, enquanto em 2022 foram 39. Em 2023, dessas ocorrĂȘncias, 85 foram de uso e consumo de drogas, enquanto 21 foram por trĂĄfico.
De acordo com o major Jean Amaral, o aumento nas ocorrĂȘncias pode se dar por um combate mais intenso ao trĂĄfico por parte das forças de segurança. “O trĂĄfico de drogas no Centro nĂŁo tem caracterĂsticas semelhantes ao que se vĂȘ na periferia. Ele Ă© feito de uma forma muito mais escondida. O traficante, para fazer a movimentação de drogas, tem que utilizar dos subterfĂșgios da regiĂŁo central”, explica. “Tivemos um aumento de 170% nas ocorrĂȘncias de drogas. NĂłs entendemos que estĂĄ havendo um combate maior, que a PM estĂĄ combatendo de forma mais vigorosa o trĂĄfico de drogas no Centro de Juiz de Fora. Os nĂșmeros mostram isso.”
Considerando os outros bairros que foram tema de debate na CĂąmara, o aumento nas ocorrĂȘncias envolvendo drogas tambĂ©m foi significativo. No total, os bairros somaram 52 casos em 2022, nĂșmero que saltou para 124 em 2023. Nesse caso, o aumento foi de quase 140%.
AudiĂȘncia pĂșblica debate segurança no Centro e Zona Sudeste
A audiĂȘncia pĂșblica realizada nesta terça-feira partiu de uma solicitação feita pelos vereadores Sargento Mello Casal (PTB), JoĂŁo Wagner Antoniol (PSC) e KĂĄtia Franco (Rede). De acordo com os parlamentares, que integram a ComissĂŁo de Segurança PĂșblica da CĂąmara Municipal, hĂĄ uma preocupação por parte dos moradores dos bairros debatidos durante a audiĂȘncia (Centro, Santa Teresa, Costa Carvalho, Poço Rico e Nossa Senhora de Lourdes) em relação ao aumento do nĂșmero de usuĂĄrios de drogas e de pessoas em situação de rua, o que estaria impactando a segurança destas regiĂ”es.
“O Poder PĂșblico precisa trazer melhorias para os moradores e comerciantes desses locais, entĂŁo nada mais justo que debater e verificar o que os ĂłrgĂŁos estĂŁo fazendo para nĂłs. Fica parecendo que as açÔes policiais nĂŁo estĂŁo ocorrendo, mas estĂŁo. Dentro [dos grupos] das pessoas em situação de rua, tem pessoas que ficam misturadas que sĂŁo delinquentes”, disse o vereador Mello Casal durante o encontro, cobrando açÔes tambĂ©m por parte da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Prefeitura de Juiz de Fora para lidar com as pessoas em situação de rua.
Para o vereador JoĂŁo Wagner Antoniol (PSC), alguns equipamentos pĂșblicos voltados para o acolhimento dessa população, como a Casa de Passagem para Homens, localizada na Avenida Brasil, no Costa Carvalho, por exemplo, “interferem diretamente na segurança pĂșblica”. “A implantação daquele equipamento pĂșblico gerou, dentro do Poço Rico, Bairro de Lourdes e Costa Carvalho, uma circulação muito grande de moradores em situação de rua e de usuĂĄrios de drogas. NĂŁo podemos confundir as duas coisas: existem moradores em situação de rua e usuĂĄrios de drogas, e existe tambĂ©m a interseção de usuĂĄrios e moradores de rua. Mas isso causou um aumento significante na violĂȘncia na regiĂŁo, atĂ© mesmo para os prĂłprios moradores de rua que nĂŁo sĂŁo usuĂĄrios de drogas”, afirma. “Na implantação desses aparelhos pĂșblicos e nas polĂticas sociais de amparo aos moradores em situação de rua, nĂłs precisamos de um estudo de impacto regional.”
Conforme o parlamentar, nĂŁo houve tal estudo de impacto na Ă©poca em que a Casa de Passagem foi transferida para o Costa Carvalho. “Os comerciantes da regiĂŁo nĂŁo estĂŁo tendo sossego, colocando vigilante o tempo todo, porque a situação estĂĄ descontrolada. NĂłs pedimos que os ĂłrgĂŁos de segurança pĂșblica revejam essa situação.”
Durante a audiĂȘncia, a vereadora KĂĄtia Franco tambĂ©m ressaltou a importĂąncia de buscar uma solução de forma conjunta entre os poderes pĂșblicos. “A solução para esse caso Ă© para que [a população] tenha paz, possa sair de casa, voltar com tranquilidade e com segurança, e tambĂ©m buscar alguma forma de ajudar essas pessoas em situação de rua, porque tem muitos que sei que querem sair e precisam de uma oportunidade, entĂŁo que possamos olhar para esse lado tambĂ©m.”