Consumidor juiz-forano mantém a tradição e deixa compras de Natal para última hora
Tempo livre, melhores promoções e espera pelo 13º salário justificam os “atrasadinhos” do Natal

A data mais esperada do ano, mais uma vez, bate às nossas portas: como vemos nas vitrines há meses, o Natal está chegando em Juiz de Fora. Nesse tempo de festas e encontros, as saídas para escolher os presentes nas lojas também fazem parte da programação das famílias. Um elemento também tradicional da época é o adiamento das compras, feitas, muitas vezes, na última hora. Na cidade, uma em cada três pessoas vão às compras somente nos últimos dias que antecedem a data comemorativa, de acordo com o Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF).
Conforme estudo realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 12 milhões de consumidores brasileiros devem ir às compras de Natal na última hora. Dentre as principais motivações para esse “adiamento” estão a expectativa por melhores preços, a espera pelo pagamento do salário ou da segunda parcela do 13º e, ainda, desorganização.
Já em Juiz de Fora, o presidente do Sindicomércio-JF, Emerson Beloti, estima que 30% dos consumidores deixam para ir às compras no período de cinco dias à véspera do Natal. Quanto ao outro lado do balcão, como explica, neste ano os comerciantes de Juiz de Fora esperam aumento nas vendas e compartilham perspectiva positiva, mas não tão alta como em anos anteriores. Ainda assim, Beloti acredita que, diante de todas as comemorações, esta data seja a mais especial, na qual as famílias costumam sair juntas às ruas, escolher os presentes em uma loja física, se conectar e sentir o clima da data.
Ruas e galerias do Centro cheias durante as compras de Natal

Três dias antes do Natal, a Tribuna foi ao Centro para conferir de perto a movimentação do comércio juiz-forano. Em um dia ensolarado, ruas, galerias, camelôs e lojas estavam cheias, com muitas famílias levando sacolas e presentes de um lado a outro. No Parque Halfeld, por exemplo, concentrava-se uma multidão de pessoas curtindo as sombras das árvores, tomando sorvete e aproveitando as barraquinhas de lanches.
“Nesta segunda, a loja está mais movimentada, mas, na semana passada, o movimento estava bem fraco. No sábado deu bastante movimento, mas no domingo foi mais ou menos, acredito que o jogo do Vasco e Corinthians também tenha influenciado. A galera sempre deixa para comprar na última hora”, conta Yandra Rodrigues, 23 anos, atendente da loja Camorra Tennis, localizada no Marechal Shopping. Segundo ela, as pessoas buscam presentes diferentes na loja, desde produtos de R$29,99 a itens mais caros, de até R$1 mil, como camisas, bermudas e tênis de corrida. Neste ano, ela estima que o tíquete médio fique entre R$300 e R$450.

Por falar em jogo de futebol, nas ruas do Centro era possível ver um desfile de camisetas de times nacionais. Vestida com a camisa do Vasco, a técnica de enfermagem Jussara Pereira Gonzaga comprava uma surpresa para o seu filho e contava com a ajuda do vendedor Lucas Gregório, que vestia a camisa do Flamengo. “Tá tudo bem, aqui não tem esse tipo de rivalidade não”, brinca.
Sobre deixar a compra para a última hora, ela conta que a escolha não teve nenhuma relação com a espera ansiosa pelo título da Copa do Brasil para o Gigante da Colina — que não veio neste ano —, mas com o horário em que trabalha. “Foram muitos plantões, não tive tempo.”
“Na correria do dia a dia e do trabalho, as pessoas deixam mesmo para comprar na última hora. Esse ano o movimento de Natal estava bem lentinho, mas agora deu aquele ‘boom’ que a gente gosta e está aumentando cada vez mais”, diz Maria Clara Fonseca, atendente em O Boticário da Rua Marechal Deodoro. Na loja, os produtos mais procurados, segundo a vendedora, têm sido os kits de perfume e cremes hidratantes, e o tíquete médio de compras tem ficado entre R$200 e R$300.
Após as compras de cremes e de um body splash na loja, a produtora de eventos Fernanda de Lima Bezerra e sua mãe, a aposentada Jacira de Lima Bezerra, iam em direção a outro estabelecimento. “Ainda estamos procurando um presente masculino, que é o nosso desafio de hoje”, diz Fernanda. A saída para as compras de Natal no Centro é uma tradição para a família, que, diferente de muitas outras, não faz amigo oculto, mas um sorteio em que todos ganham presentes.
“Nós estamos mais focadas na família, porque a gente pretende gastar o dinheiro depois conosco, mais para frente, com uma coisa especial.” Como contam, as compras foram feitas de última hora, por conta da questão de tempo, afinal, este é um dos poucos momentos em que a produtora tem recesso no trabalho.
No Max Granatão, uma das lojas de brinquedos mais tradicionais do Centro da cidade, localizada na Avenida Getúlio Vargas, os corredores estavam abarrotados: diversas famílias com crianças escolhiam seus presentes, formando longas filas para atendimento, pagamento e preparação de embrulhos coloridos. O vendedor Felipe Ribeiro de Almeida conta que os funcionários sempre esperam um movimento bom para o Natal, o que está sendo conquistado neste ano, principalmente nos últimos dias que antecedem a data. “As pessoas têm procurado muito por patinetes, skates e bicicletas. Sempre buscam os presentes na última hora, mesmo se um produto acaba, continuam vindo aqui e procurando.”
Na loja, a servidora pública Eveline Mendes de Araújo, junto de suas duas filhas, Laura e Júlia, escolhia os presentes para as pequenas e para outras crianças da família. “Uma quer uma mochila para o próximo ano de escola e a outra quer um bebê reborn, porque todas as amiguinhas têm e ela acha bonitinho. Também vou comprar, para presentear, uma arminha de atirar água para brincar na piscina.”

Horário especial de Natal para o comércio
Como em todos os anos, o Sindicomércio definiu horários especiais de Natal para o comércio de Juiz de Fora. Nesta quarta-feira, dia 24, véspera de Natal, as lojas de rua estão autorizadas a funcionar das 8h às 18h. Já no sábado, dia 27, as portas abrem das 9h às 16h.








