Polícias fecham cerco e blindam divisas de Minas com o Rio
Primeira operação com participação de polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal em Juiz de Fora foi realizada na tarde desta sexta-feira, na altura do pedágio de Simão Pereira, onde veículos passaram por pente-fino
As polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal deram início nesta sexta-feira (23) à série de manobras para fechar o cerco nas divisas e evitar a fuga de bandidos do Rio de Janeiro para Minas Gerais. As ações acontecem por conta da intervenção de segurança do Rio, onde as Forças Armadas irão atuar nas ruas até pelo menos o fim deste ano. Conforme as corporações, são cerca de 340 quilômetros de divisas na região com o Estado do Rio de Janeiro, e toda a extensão recebe atenção especial.
Grupos especializados da PM de Belo Horizonte foram enviados para reforçar o aparato policial. As corporações garantiram que serão desencadeadas diversas operações, que não têm data para acabar. Um dos pontos com grande concentração de equipes policiais nesta sexta foi a praça de pedágio de Simão Pereira, onde dezenas de carros, caminhões, ônibus e motos que vinham em direção a Juiz de Fora foram parados. Além da abordagem aos ocupantes, os veículos estão sendo submetidos a um pente-fino, inclusive com a ajuda de cães farejadores da PM para a busca de drogas e armas. O helicóptero Pégasus também faz sobrevoos ao longo das rodovias durante as ações. Ainda não há um balanço da operação.
Além de Juiz de Fora, outras 22 cidades que estão sob responsabilidade da 4ª Região, como Além Paraíba e Pirapetinga, contam com os esforços nas divisas. Todas essas áreas estão contando com o apoio das tropas de Belo Horizonte do Batalhão de Operações Especiais e também do Batalhão Rotam. Os policiais chegaram na quinta-feira (22) e ficam, nesta primeira etapa, até este sábado.
O comandante da 4ª RPM, coronel Alexandre Nocelli, garantiu que já foram definidas outras datas para que as tropas especiais sejam enviadas para a região. Os militares trabalham fazendo uma varredura em toda a extensão das divisas e apoiam os policiais das unidade envolvidas. O assessor organizacional da 4ª RPM, major Jovânio Campos, enfatizou que esta não é a primeira vez que tropas federais atuam em território carioca e que, em nenhuma delas, Minas foi afetada com a vinda de bandidos.
As polícias trabalham também com serviço de inteligência para monitorar qualquer movimentação de bandidos cariocas para Minas. “Nossa estratégia está definida e é a de ocupação sistemática das nossas divisas com policiamento ostensivo. Outra frente é a inteligência, que monitora qualquer migração de bandidos que possa ocorrer. Um recado é que aqui não tem vez, e sempre foi assim. Não venham pra cá, pois aqui não tem espaço para bandido do Rio. A ordem do nosso comandante é evitar a qualquer custo essa migração. Se vierem e por ventura quiserem afrontar a polícia, terão resposta à altura”, destacou o coronel Nocelli.
A manobra foi elogiada por motoristas que foram abordados no ponto de bloqueio em Simão Pereira. O técnico em segurança do trabalho Marcos Filgueira considerou “ótima” a ação. Ele é de Juiz de Fora e chegava do Rio de Janeiro, tendo o carro vistoriado na operação. “Considero muito importante operações assim. Estão garantindo nossa segurança, espero que tenham outras”, opinou.
O representante comercial Ronaldo Silva também foi parado e aprovou a ação. “Sou carioca, e esta é a primeira vez que venho a Juiz de Fora. Acho que esta é uma forma de deixar a população tranquila e de evitar esta vinda de bandidos para cá. Nós (cariocas) sabemos na pele o que essas facções causam de mal. A polícia tem mesmo que atuar preventivamente”, disse. Outro motorista abordado foi Fernando Barbosa. Ele também é do Rio de Janeiro e vinha para Juiz de Fora. “Achei muito bom. esta preocupação é válida, é importante”, finalizou.
Drone ajuda a fiscalizar transporte ferroviário
Além de apoiar as fiscalizações nas principais vias de acesso às cidades que fazem divisa com o Rio de Janeiro, a Polícia Civil está com as atenções voltadas também para o transporte ferroviário. Segundo a instituição, estão sendo feitas vistorias em todos os vagões das locomotivas vindas do Rio de Janeiro, inclusive com a atuação de drones da corporação. Segundo o chefe do 4º Departamento da Polícia Civil, Carlos Roberto da Silveira Costa, os policiais civis atuaram ontem em 11 pontos localizados nas regionais de Juiz de Fora, Leopoldina e Muriaé. “Temos 420 quilômetros de divisas com o Rio de Janeiro, destes, 342 quilômetros estão na área de responsabilidade do 4º Departamento. Além das fiscalizações conjuntas, a Polícia Civil faz um trabalho de inteligência para evitar esta migração”, disse o delegado.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também está com em alerta para evitar a vinda de bandidos para Minas Gerais. Segundo a policial Lívia Novaes, da PRF de Juiz de Fora, faz alguns meses que a corporação faz um trabalho voltado para este fim na delegacia de Três Rios, que está com equipe aumentada. Com o início da intervenção no estado Fluminense, o monitoramento deverá reforçado em outras delegacias.
Militares de JF estão prontos para atuar no Rio
Também durante esta semana, na última terça-feira (20), cerca de 200 militares da 4ª Brigada de Infantaria Leve (Montanha), sediada em Juiz de Fora, participaram de uma operação de fiscalização nas divisas dos estados do Rio de Janeiro com Minas Gerais. De acordo com coronel Malbatan Leal, assessor de comunicação da 4ª Brigada, soldados do 32º Batalhão de Infantaria de Petrópolis realizaram pontos de bloqueio nas BRs 040 e 116, nas regiões de Três Rios, Paraíba do Sul e Além Paraíba. Com o apoio de cães farejadores, os militares abordaram diversos veículos.
Segundo o coronel Malbatan, ainda não há movimentação de tropas da cidade para seguirem para território fluminense. O oficial disse que as tropas estão prontas para serem empregadas. Militares de Juiz de Fora atuaram em importantes manobras, entre elas o processo de pacificação dos complexos do Alemão, Penha e Maré, todos no Rio de Janeiro. Trabalharam também, em fevereiro do ano passado, na segurança do Espírito Santo, por conta da crise na segurança pública, quando os policiais militares fizeram grave. Participaram ainda da Missão de Paz no Haiti e na segurança nos Jogos Olímpicos de 2016.
Por nota, o Comando Militar do Leste (CML), cujo comandante, general Walter Braga Netto irá comandar a ação no Rio, disse que “o processo de intervenção está em fase inicial. A equipe que trabalhará diretamente com o interventor está sendo formada e será anunciada nos próximos dias. De igual modo, as primeiras ações serão divulgadas oportunamente. Salienta-se que a intervenção é federal, não é militar. A natureza militar do cargo, à qual se refere o decreto, deve-se unicamente ao fato de o interventor ser um oficial-general da ativa do Exército Brasileiro”.
O texto ressaltou que os órgãos de segurança pública estadual seguem funcionando normalmente. “A intervenção tem caráter colaborativo e visa ao aperfeiçoamento gerencial e operativo de tais estruturas. Dessa forma, os resultados de natureza institucional serão percebidos a médio e longo prazos. Simultaneamente à intervenção, o Comando Conjunto das Operações em Apoio ao Plano Nacional de Segurança Pública, ativado desde julho de 2017, continuará operando em ações de Garantia da Lei e da Ordem.