Operadores de telemarketing protestam para suspensão das atividades
Trabalhadores consideram que estão expostos a contaminação de coronavírus caso continuem suas funções
Trabalhadores da empresa de telemarketing Almaviva paralisaram suas atividades na manhã desta quinta-feira (19) e protestaram contra a não suspensão de seus trabalhos diante da pandemia de coronavírus. Cerca de 100 trabalhadores se reúnem em frente à sede da empresa, na Rua Bernardo Mascarenhas, Bairro Fábrica, Zona Norte da cidade. Eles pretendem parar os trabalhos na segunda-feira (23) caso a empresa não se manifeste.
A Polícia Militar esteve no local e orientou o grupo. O trânsito não sofreu alterações. O último decreto da Prefeitura, da noite de quarta-feira (18), proíbe passeatas e outras atividades com aglomeração de pessoas.
Na manhã desta quinta-feira, no momento do protesto, o prefeito de Juiz de Fora Antônio Almas (PSDB) concedia entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora e foi perguntado da situação. Segundo ele, a Prefeitura vai agir para chegar a uma solução. “Vamos trabalhar com a nossa equipe. Inclusive sem preocupações jurídicas porque, no meu entendimento, e está determinado, não pode haver aglomeração de pessoas e deve ter distanciamento entre elas. E esta regra básica vale para todos.” Após a entrevista, Almas informou à Tribuna que pode, inclusive, rever o decreto para incluir a situação evidenciada.
‘Nenhuma medida adotada’
Segundo uma das manifestantes, que pediu para ter sua identidade preservada por medo de retaliação, desde que foram confirmados os casos em Juiz de Fora, nenhuma medida foi tomada pela empresa para liberação dos trabalhadores. Para ela e o restante do grupo, eles estão sendo submetidos a condições vulneráveis de trabalho. “Somos quase três mil por turno, divididos em 500. Trabalhamos em ilhas que não têm nem 50 centímetros de distância uma da outras. Além disso, a única água que temos é de um bebedouro de uso coletivo e não nos deram nenhum equipamento de proteção, como máscaras. Estamos totalmente vulneráveis”, disse a operadora de telemarketing.
De acordo com ela e outros manifestantes, colegas insatisfeitos com a situação ficaram com medo de participar do ato e serem demitidos, mas todos estão se organizando para paralisar os trabalhos na próxima segunda. “Estamos em contato com os funcionários de outros call center da cidade, a ideia é que todos parem se as empresas não se manifestarem”, afirmou. Além disso, um abaixo-assinado em prol do recesso nos Call Centers de Juiz de Fora está sendo repassado nas redes sociais e já tem mais de duas mil assinaturas. Novas manifestações não estão descartadas.
À Tribuna, a empresa disse que tem adotado medidas e que estuda a possibilidade de adotar esquema de trabalho em home office e afirmou, em nota, “que não está medindo esforços para garantir a segurança de seus colaboradores nesse momento de pandemia. Por isso, formou um comitê permanente para desenvolver ações a fim de proteger os colaboradores e seus familiares.” Conforme a nota, um plano de ação, que abrange procedimentos como a intensificação da higienização dos espaços e postos de trabalho individuais, como a distribuição de álcool gel em ambientes de uso comum, além de estudar a viabilidade de implantar o trabalho remoto. “Nesse momento de crise, a companhia destaca a importância de manter suas operações em funcionamento, principalmente, para garantir serviços essenciais à população, diante do aumento da necessidade de contar com canais de comunicação entre população e prestadoras de serviços. Outras alternativas serão colocadas em prática conforme evolução do cenário”, disse a nota.
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