Estudante denuncia injúria racial em faculdade de Juiz de Fora

Boletim de ocorrência foi registrado sobre o caso


Por Mariana Souza*

14/11/2025 às 17h45- Atualizada 14/11/2025 às 19h01

O estudante de odontologia Jeferson Luiz da Silva registrou, nesta quinta-feira (13), uma denúncia de injúria racial contra a mãe de uma colega de faculdade, após um episódio ocorrido dentro da Faculdade Estácio de Sá, no Bairro Cruzeiro do Sul, em Juiz de Fora.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado junto à Polícia Militar, a mulher estava no refeitório da instituição aguardando a filha, que havia sido denunciada por Jeferson em outra situação envolvendo o mesmo crime. A suspeita afirmou que tinha autorização da faculdade para permanecer no campus.

Ainda segundo o registro, a suspeita relatou que o desentendimento começou quando um amigo de Jeferson se aproximou e a xingou. O rapaz confirmou aos policiais que abordou a mulher porque ela teria feito um gesto obsceno para Jeferson. Ele declarou que não considerou correta a atitude, tentou adverti-la e acabou se exaltando, proferindo ofensas. 

Em relato à Tribuna, o advogado que representa a vítima, Jefferson Pereira, relatou que a mulher teria dito ao estudante: “Além de preto e pobre, é metido.” Conforme o relato, o denunciante estava de costas no momento da agressão verbal e não viu quem havia proferido o insulto, mas testemunhas teriam indicado a autora da fala.

Sobre a frase atribuída à suspeita, testemunhas relataram à Polícia Militar que a ouviram, após o desentendimento, atender a uma ligação e proferir a expressão. Elas destacaram, porém, que a mulher não citou o nome de Jeferson nem de qualquer outra pessoa ao fazer a declaração.

Posicionamento da faculdade

Em nota, a Estácio afirma que “promove um ambiente acadêmico pautado pelo respeito e atua prontamente para apurar fatos com a seriedade e a sensibilidade que cada situação exige, com o objetivo de assegurar que a ética e os valores institucionais sejam preservados. A universidade entende que seus espaços devem ser dedicados ao aprendizado, à inovação e ao respeito mútuo”.

“Embora uma das pessoas envolvidas não integre o corpo discente, docente ou colaborativo, a instituição colaborou com as autoridades competentes para o esclarecimento dos fatos e continuará atuando dentro dos limites de seu papel educacional para preservar a integridade e o bem-estar de seus estudantes e colaboradores”, afirma a instituição.

Denúncia anterior

Em setembro deste ano, Jeferson havia registrado outro boletim de ocorrência contra uma colega de turma, filha da mulher que agora ele também acusa de injúria racial. Há dois meses, a acusação também foi de comentários racistas que teriam ocorrido na faculdade.

De acordo com a advogada Bárbara Freitas, que representou o estudante no caso, o primeiro episódio teria ocorrido quando o estudante chegou à aula usando uma camisa estampada. A colega, conversando com outra aluna e de modo que ele pudesse ouvir, teria dito: Ele acha que veio da Uganda.”

Dias depois, o aluno teria sofrido um novo ataque, que levou à abertura de um processo administrativo na faculdade. Ainda segundo a advogada, a estudante afirmou: “Tenho que rir desse macaco.”

Após a repetição das ofensas, Jeferson gravou um vídeo denunciando os ataques nas redes sociais e formalizou as queixas. O caso é investigado pela Polícia Civil.

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