Jardim Botânico é inaugurado e já recebe visitas
Espaço remanescente da Mata Atlântica foi inaugurado em solenidade, na qual reitor ressaltou que estar próximo da comunidade é um dos desafios da universidade pública
Desde as 13h desta sexta-feira (12), a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está com as portas do Jardim Botânico abertas ao público. Em coletiva de imprensa realizada nesta manhã, representantes da instituição falaram sobre os objetivos, princípios e maiores desafios para inauguração do espaço, que vem sendo idealizado desde 2007. Um dos obstáculos é a finalização das obras do teleférico e do trenó de montanha, alguns dos equipamentos mais aguardados pela população. Entretanto, o reitor da UFJF, Marcus David, destacou que as principais dificuldades para implantação dos mesmos são de ordem financeira, judicial, além de justificativas para inseri-los dentro da concepção pedagógica da instituição.
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<►>(Foto: Olavo Prazeres)
Conforme o reitor, as universidades públicas são constantemente desafiadas a desempenhar várias funções, além das relacionadas a ensino e pesquisa. Uma delas é estar próxima da comunidade. “A inauguração do Jardim Botânico mostra esse comprometimento do UFJF em se inserir de forma cada vez mais significativa na nossa cidade, na nossa região.”
Em sua fala, o reitor retomou os passos para implantação do espaço, considerando que foi “complexo para conseguir viabilizá-lo”. Foram necessários investimentos na aquisição do Sítio Malícia, parte integrante da Mata do Krambeck, que antes estava vinculado à construção de um condomínio residencial, além de aplicações para construção dos equipamentos instalados no espaço, e de obras paisagísticas e de infraestrutura. “Para que fosse viabilizada a infraestrutura que hoje estamos inaugurando, nós enfrentamos a crise orçamentária com muita criatividade e com muita competência de toda a equipe técnica envolvida. As soluções dadas foram sustentáveis e simples”, afirma.
Obras paralisadas
Anunciadas em 2012, as obras do teleférico e do trenó da montanha estão paralisadas e ainda não possuem previsão para serem retomadas. De acordo com Marcus David, a UFJF precisa enfrentar desafios de ordem econômica e judicial para implantação dos projetos. Outro obstáculo é a inserção dos equipamentos no projeto pedagógico do Jardim Botânico. “O conselho técnico do Jardim Botânico, em estudos já realizados, não consegue inserir o projeto do trenó de montanha dentro de um projeto pedagógico. Ele não agregaria do ponto de vista pedagógico. Na realidade, representaria uma confusão entre o Jardim Botânico e um parque de lazer, e nós não podemos ter essa confusão, senão a função primordial do Jardim Botânico será perdida”, explica.
Quanto ao teleférico, a instituição está avaliando, do ponto de vista técnico, a possibilidade de inserção do equipamento na concepção pedagógica. “Frente a esse cenário, a decisão que tomamos foi a de abrir o Jardim Botânico sem esses equipamentos estarem funcionando. Ele já vai oferecer uma riqueza muito grande para nossa comunidade, enquanto esses assuntos continuarão sendo enfrentados à parte.”
Como apontado pela Tribuna em setembro de 2018, seis cabines, orçadas em R$ 11,378 milhões, estavam há quatro anos guardadas em dois contêineres na Suíça. A garantia para trazer os equipamentos ao Brasil expirou em 2016, e a UFJF teria que desembolsar mais de R$ 1,6 milhão, a fim de proceder a importação, valor que a instituição não possuía. Mais de R$ 23 milhões foram gastos somente nesses projetos e, de acordo com Marcus David, ainda seria necessário um investimento que pode chegar a R$ 20 milhões para finalização dessas obras.
Floresta regenerada
Dos 82,7 hectares de área preservada, equivalentes a 119 campos de futebol, o público terá acesso livre a cerca de dez hectares. O Jardim Botânico irá oferecer diversas atrações, como trilha, roteiros de visitação, lagos com decks, galerias de arte, bromeliário e orquidário. Além disso, os visitantes terão contato com cerca de 500 espécies vegetais, entre plantas nativas, populações raras ou em extinção, como o pau-brasil e o ipê roxo. Animais de espécies de diferentes regiões do país também estão entre os atrativos, já que a área é rota de aves migratórias transitórias.
A Mata do Krambeck, onde localiza-se o espaço, é uma das maiores áreas remanescentes de Mata Atlântica em perímetro urbano. De acordo com o vice-diretor do Jardim Botânico, Breno Moreira, a floresta na região se regenerou. “Cerca de 80 anos atrás, se olhássemos para essa área, só veríamos pasto. Hoje em dia nós vemos essa floresta em estágio avançado de sucessão, com várias espécies importantes e que correm risco de extinção. Nós temos que tentar preservar e divulgar a presença delas, além de tentar fazer uma recomposição de outras áreas a partir dessas espécies que temos aqui.”
Estiveram presentes também, na coletiva de imprensa, o diretor do Jardim Botânico, Gustavo Soldati, a vice-reitora da UFJF, Girlene Alves da Silva, e a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra.
Inauguração
Durante a manhã, a UFJF realizou uma solenidade de inauguração do Jardim Botânico, restrita a convidados. Estiveram presentes autoridades políticas e representantes de outras instituições e movimentos sociais. Na ocasião, o prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas, reforçou a importância da universidade e seu trabalho de extensão. “Posso dizer que aqui se realiza mais um momento daquilo que acho que não podemos perder: esse convívio presente da UFJF com a Prefeitura. Nós temos certeza que a academia tem muito a contribuir para a gestão pública da cidade de Juiz de Fora.”
Onde fica
O Jardim Botânico fica na Rua Coronel Almeida Novaes s/n, no Bairro Santa Terezinha, e funciona de terça a sexta e domingo, das 8h às 17h. A entrada de visitantes é autorizada até as 16h30. São permitidos cem visitantes simultaneamente no espaço.