Isabel Salomão, médium da Casa do Caminho, morre aos 100 anos
Federação Espírita Brasileira considerava Isabel Salomão como uma das mais importantes personalidades do espiritismo no Brasil
A médium Isabel Salomão morreu na madrugada desta segunda-feira (11), aos 100 anos. Ela é conhecida por ter fundado, ao lado do esposo, a Casa do Caminho, centro espírita de Juiz de Fora. Desde o começo de novembro, Isabel Salomão estava internada no Hospital Santa Casa de Misericórdia e lidava com problemas de saúde ainda não informados. A causa da morte não foi divulgada até o momento. O velório começa às 12h no Parque da Saudade, na capela 1. O sepultamento está marcado para as 17h30.
Por meio de nota publicada em rede social, a Casa do Caminho destacou a história na comunidade espírita construída por Isabel ao longo de décadas. “Agradecemos a esta missionária do Cristo, por sua existência de trabalho no Bem em favor de todos nós, que formamos a grande família cristã, que ela reuniu em torno do Evangelho de Jesus, que é o Caminho, a Verdade e a Vida.”
A Federação Espírita Brasileira considera que Isabel é uma das mais importantes personalidades do espiritismo no Brasil, e também uma das mais longevas, ao lado de personalidades como Chico Xavier e Divaldo Franco. Seu aniversário de 100 anos foi em 22 de setembro, e desde os 9 anos já relatava ter contato com espíritos.
No entanto, foi apenas por volta dos 20 anos que teve o primeiro contato com o espiritismo. Desde então, começou a frequentar reuniões em centros, até que em uma das seções acudiu um fiel e lhe foi atribuído o dom da cura.
Durante toda a vida, também realizou trabalhos de voluntariado para ajudar a população vulnerável. Nos anos 2000, a Casa do Caminho era responsável por doar cerca de seis toneladas de mantimentos mensalmente. O local sempre manteve doações mensais para o Lar Doutor João de Freitas e o Abrigo Santa Helena.
‘O espírito continua vivendo’
Em entrevista à Tribuna, em 2020, Isabel Salomão falou sobre sua vida e as memórias contadas na biografia sobre ela, escrita por Daniela Arbex. Na ocasião, ela afirmou que o mundo dos espíritos e a realidade sempre coexistem. “A doutrina espírita nos educa para que tenhamos sempre companhias de espíritos do bem, porque não existe milagre. Existe trabalho e progresso. Felicidade é consequência. Desde meus 9 anos que os espíritos convivem comigo. Sempre falaram comigo, mas eu não sabia que eram espíritos e chamava de coisas. Com a doutrina espírita na minha alma, entendi que não eram coisas, mas espíritos cujo corpo físico havia falecido. O espírito continua vivendo. Tem vida eterna e continua se comunicando conosco. Precisamos entender isto, porque assim a vida realmente se torna bela”, disse, na época.
O que mais a marcou em sua trajetória, como afirmou na ocasião, é justamente essa beleza que encontrou no mundo dos espíritos. “Como os espíritos trabalham em benefício da humanidade, das pessoas reencarnadas, das almas que retornam à escola da Terra. É uma beleza o mundo dos espíritos em contato conosco. É uma pena que a cultura do nosso mundo não cuide disso. Mas ainda há tempo. Deus é nosso pai”.
Daniela Arbex destaca importância da médium
Jornalista e autora da biografia de Isabel Salomão, “Os dois mundos de Isabel”, a escritora Daniela Arbex lamentou a perda à Tribuna e exaltou papel de Dona Isabel em todo o país. “A Dona Isabel é uma das personalidades mais importantes que nasceram no século XX. Primeira mulher a falar publicamente do espiritismo no Brasil, ela deixa um legado de amor ao próximo. Não só por ter retirado mais de 500 crianças das ruas, mas por ter socorrido milhões de pessoas por meio de sua mediunidade de cura. A ela nossa eterna gratidão”, afirmou.