Projeção aponta para quase 4 mil casos de Covid-19 em JF até próxima sexta
Grupo de modelagem epidemiológica da UFJF também avaliou que cidade bateu novo recorde semanal, entre 28 de junho e 4 de julho, com mais de 600 novos casos
Juiz de Fora atingiu novo recorde de casos de Covid-19 em uma semana, de acordo com a Nota Técnica 6, divulgada pelo grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, formado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Conforme o documento, que tem como base os números contabilizados pela Prefeitura, no dia 20 de junho, Juiz de Fora tinha 1.258 casos confirmados e registrava 46 mortes em decorrência da doença. Estes números evoluíram para 2.244 e 63, respectivamente, no dia 4 de julho, representando aumentos de 78,4% e 37%. Na 27ª semana epidemiológica (28 de junho a 4 de julho), Juiz de Fora atingiu o recorde semanal desde o início da pandemia, com 626 novos casos.
Além disso, conforme os pesquisadores, pela primeira vez, a projeção do modelo subestimou o real número de casos confirmados. A inclinação da curva do número de casos confirmados foi maior que a prevista anteriormente, indicando uma mudança de regime. Na Nota Técnica 5, a previsão para o dia 4 de julho era de 1.817 casos. No entanto, nesta data, o município registou 2.244, uma diferença de 427 casos (23% a mais que o previsto).
Ainda são previstos 3.993 casos acumulados até 17 de julho, ou 1.749 novos casos desde 4 de julho.
Taxa de letalidade volta a subir
De acordo com os dados, os casos confirmados de Covid-19 em Juiz de Fora duplicaram em 16 dias – e, neste mesmo período de tempo, o número de óbitos aumentou 40%. No dia 18 de junho, o total de casos acumulados era de 1.108, e de mortes, 45; já no dia 4 de julho, eram 2.244 casos e 63 óbitos. Além disso, desde o dia 22 de junho, a taxa de letalidade não apresentava aumento, porém, nos dias 6 e 7 de julho, ela voltou a crescer, chegando a 2,9%.
Macrorregião e leitos
Os pesquisadores alertam que a Zona da Mata, refletindo a situação de Minas Gerais, passa por um momento de rápido aumento de número de casos. Entre as microrregiões que a compõem, a de Juiz de Fora ainda é, disparadamente, a que lidera o grupo em número de casos confirmados, seguida por Muriaé e Cataguases.
O grupo notou ainda um processo de aceleração das taxas de crescimento do número de casos acumulados em Juiz de Fora e na macrorregião Sudeste (que abrange Além Paraíba, Carangola, Juiz de Fora, Leopoldina/Cataguases, Lima Duarte, Muriaé, Santos Dumont, São João Nepomuceno/Bicas e Ubá), cerca de 3,6% para Juiz de Fora e de 4,7% para a macro Sudeste. “Essa aceleração se deu a partir da 25ª semana epidemiológica, ou seja, 14 a 20 de junho. Esse padrão de aceleração persiste no período de análise da nota que foi até 4 de julho”, analisa Isabel Leite, uma das autoras do documento. A taxa de crescimento do número de óbitos continua apresentando grande oscilação ao longo do tempo, tendo alcançado 11% em Juiz de Fora e 10% na macro Sudeste no dia 3 de julho.
As curvas de ocupação total de leitos de enfermaria e UTI no município apresentam crescimento constante, com pequenas oscilações. Segundo a nota, houve pequena queda no número médio de leitos ocupados, mas a tendência ainda é de crescimento. De acordo com Isabel, o padrão de crescimento de casos é mais expressivo do que o de ocupação de leitos, sugerindo que a maior parte dos infectados faz parte da população economicamente ativa, ou seja, mais jovem e, potencialmente, com menos comorbidades. “Consequentemente, os serviços de enfermaria e de UTI são menos utilizados por essa população. Dado bom para o sistema de saúde, mas não podemos esquecer o potencial dessas pessoas de disseminar o vírus, inclusive para os mais vulneráveis”, pontua.
Um indivíduo infectado pode produzir mais de um caso secundário
O Número de Reprodução Efetivo (Rt) indica a quantidade de casos secundários produzidos em média por um indivíduo com infectado, em uma população onde nem todos são suscetíveis. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, valores de Rt menores que 1 motram condições para que a pandemia esteja sob controle. O Rt estimado para Juiz de Fora alcançou o valor de 1,7 no dia 23 de junho, 1,6 no dia 3 de julho e era de 1,5 no dia 4 de julho. Quando considerados os dados da macro Sudeste como um todo, o Rt foi de 1,6 no dia 26 de junho e de 1,2 no dia 4 de julho.
“Considera-se, quando combinado com outros indicadores como o número de casos, número de óbitos, taxa de ocupação de leitos, por exemplo, que uma pandemia está sob controle quando o Rt é menor do que 1 de forma persistente”, explica Marcel Vieira, um dos integrantes do grupo e desenvolvedor da Plataforma JF Salvando Todos.
Os documentos são publicados nesta plataforma, que apresenta gráficos e estatísticas referentes sobre a Covid-19 referentes não apenas à cidade, mas a todas as regiões do Brasil.