Campanha conscientiza sobre perigos do câncer de pele
Na edição de 2018, 17,41% dos pacientes atendidos pela ação em JF foram diagnosticados com a doença
Anualmente, cerca de 180 mil novos casos de câncer de pele são diagnosticados no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Pensando na conscientização sobre a doença, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza, neste ano, a 21ª Campanha Nacional do Câncer de Pele, dentro do Dezembro Laranja. Conforme a instituição, a patologia representa cerca de 33% de todos os diagnósticos de câncer no país. Em Juiz de Fora, o Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ) e o Hospital Universitário (HU-UFJF) realizam ações em suas unidades neste sábado (7), das 9h às 15h.
Segundo informações da SBD, dos 201 pacientes atendidos pela campanha de 2018 em Juiz de Fora, 35 (17,41%) foram diagnosticados com câncer de pele. De acordo com a médica dermatologista no HMTJ e uma das coordenadoras locais da campanha, Maria Isabel Braga Malveira, valores expressivos são observados todos os anos. “É um câncer muito comum no Brasil por causa da radiação ultravioleta que as pessoas tomam”, diz. Apesar disso, a especialista acredita que há uma maior conscientização quanto à doença. “Antigamente, não tinha essa cultura de uso do protetor ou de evitar exposição solar, as pessoas mais velhas não tinham esse hábito e agora estão aparecendo as lesões. A cada ano, vemos que as pessoas estão mais conscientes. Quando aparecem, apresentam diagnóstico mais precoce, com lesões que conseguimos tratar e taxa de cura mais alta.” Conforme a SBD, quando descoberto no início, o câncer de pele tem mais de 90% de chances de cura.
A campanha no município oferece atendimento gratuito à população, sendo necessária, apenas, apresentação de documento de identificação. Os pacientes serão examinados e, caso haja alguma suspeita de câncer de pele, encaminhados para tratamento. Além disso, os participantes podem contar com orientações e apresentações sobre a doença.
Segundo a professora da Faculdade de Medicina da UFJF e coordenadora local da campanha, Shirley Gamonal, a campanha do Dezembro Laranja auxilia na identificação precoce da doença, especialmente porque cada vez mais jovens têm sido diagnosticados devido à exposição solar inadequada. “Nós temos pacientes com 25 ou 30 anos de idade com câncer de pele, porque o problema do sol é cumulativo, vem desde exposição solar da infância”, explica. “Antigamente, as pessoas tinham mais exposição solar pelo trabalho, mas hoje em dia, temos um pessoal que está praticando muito esporte no sol e não está usando filtro solar adequadamente. Tem as outras profissões inerentes, por exemplo, carteiros, obreiros da construção civil, além do pessoal que trabalha no campo”.
Câncer de pele tem maior incidência no país
O câncer de pele pode se manifestar como um nódulo da cor da pele ou avermelhado, uma ferida que não cicatriza, entre outras lesões suspeitas, de acordo com a médica dermatologista no HMTJ, Maria Isabel Braga Malveira. “O câncer de pele, na verdade, é um crescimento anormal de células da pele”, afirma. “Por mais que as lesões suspeitas têm algumas características, no final das contas, o paciente acaba tendo que procurar um dermatologista porque, às vezes, só o autoexame não é suficiente.”
A doença se manifesta em dois tipos: melanoma e não melanoma (carcinoma basocelular e espinocelular). O primeiro é menos comum, entretanto, mais letal. “É um câncer que tem que ser diagnosticado muito precocemente, porque quanto mais atrasar, mais a chance de dar metástase e acometer outros órgãos”, explica a dermatologista. Já o tipo não melanoma tem baixa morbidade, mas com maior incidência. “Eles são mais comuns, principalmente naquela população que recebe aquele sol crônico, como trabalhadores rurais, que tomam sol desde a infância.”
Para cada ano do biênio 2018-2019, estima-se que 165.580 novos casos de câncer de pele não melanoma devem surgir no Brasil. O cálculo foi realizado pelo Inca e aponta, ainda, que os números correspondem a um risco estimado de 82,53 casos novos a cada 100 mil homens e 75,84 para cada 100 mil mulheres. O tipo da doença se configura como o mais incidente para ambos os sexos. Em relação ao melanoma, mesmo com a alta letalidade, sua incidência é menor, sendo estimado 2.920 casos novos em homens e 3.340 casos novos em mulheres para cada ano do biênio 2018-2019.
Prevenção
De acordo com a SBD, pessoas de todos os fototipos devem se atentar e proteger quando expostas ao sol, devido a alta incidência de raios ultravioletas. Entretanto, alguns grupos apresentam maiores riscos, como pessoas de pele clara, com sardas, cabelos claros ou ruivos e olhos claros, além das pessoas que possuem antecedentes familiares com histórico de câncer de pele, queimaduras solares, incapacidade para se bronzear e muitas pintas. Entre os principais cuidados para prevenir o câncer de pele, estão evitar a exposição excessiva ao sol e se proteger dos efeitos da radiação, por meio do uso de filtros solares e roupas apropriadas para cobrir as regiões expostas da pele.