Associação dos Cegos realiza campanha de prevenção à ambliopia
Se diagnosticado até os 6 anos de idade, distúrbio pode ser reversível, e a cegueira, evitada
O ritmo é de volta às aulas, mas, para crianças que terão contato com a escola pela primeira vez, a época é de prevenção à ambliopia, um distúrbio ocular também conhecido como “olho vago” ou “olho preguiçoso”. O problema é caracterizado pela redução ou perda da visão em um dos olhos sem que o mesmo apresente alterações estruturais. Na manhã desta segunda-feira (5), a Associação dos Cegos realizou uma ação com cerca de 40 crianças em idade escolar da cidade para falar sobre o problema, que, se descoberto cedo, pode ser reversível.
De acordo com o médico oftalmologista e diretor clínico da Associação dos Cegos, Luciano Arantes, o diagnóstico da ambliopia na criança precisa ocorrer entre os 4 e 6 anos, já que a maturação ocular só ocorre depois dos 7 anos de idade. “Temos hoje uma triste estatística: cerca de 33 mil crianças no país são cegas. Deste montante, 80% dos casos são causados por doenças evitáveis, como a ambliopia. Esse distúrbio, especificamente, atinge de 2% a 3% da população brasileira. A ambliopia se manifesta em um dos olhos, quando apenas um deles se desenvolve e o outro não, por isso o nome de ‘olho preguiçoso’. Acontece que muitas pessoas só vão descobrir o problema na idade adulta, quando não existe mais tratamento. Por isso, nosso intuito de chamar a atenção dos pais e responsáveis para o comportamento da criança”, revela.
Segundo o médico, a ambliopia pode manifestar os seguintes sintomas: quando a criança apresenta ametropias ou erros refracionais como miopia, astigmatismo e hipermetropia; retinoblastoma ou tumoração ocular (tumor dentro do olho); estrabismo; catarata ou glaucoma congênitos. “Os pais podem observar se a criança apresenta dificuldades ao enxergar, franzindo ou inclinando a testa e os olhos, se aproximando ou se afastando da TV ou do papel para conseguir ler. Na escola pode haver queda no rendimento escolar, falta de atenção e irritabilidade”.
Se o distúrbio for diagnosticado dentro da faixa etária, Luciano aponta que existem algumas formas de tratamento de acordo com as causas. Se for estrabismo, ocorre por meio do uso de tampão no olho bom, para forçar o olho preguiçoso a se desenvolver. “Pode ser necessário, também, uso de óculos para a correção visual quando há ametropias. O uso de tampão é o tratamento mais demorado, mas é o melhor que existe e o mais eficaz”, reitera. Nos casos de catarata e de glaucoma, é indicada a cirurgia.