STJ determina permanĂȘncia de Adelio Bispo em Campo Grande
DecisĂŁo foi baseada na falta de vagas para o Ășnico hospital de custĂłdia de Minas, que tem lista de espera de 400 pessoas
A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que Adelio Bispo – o autor do atentado contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ocorrido em 2018 – deve permanecer na penitenciĂĄria Federal de Campo Grande (MS). A decisĂŁo do ministro Joel Ilan Paciornik foi acompanhada pelos demais ministros. Esse entendimento foi motivado pela falta de vagas em hospitais de custĂłdia e tratamento psiquiĂĄtrico em Minas Gerais.
De acordo com o STJ, a decisĂŁo solucionou o conflito de competĂȘncia entre dois juĂzos federais relativo ao local de cumprimento da medida de segurança. A 5ÂȘ Vara Federal Criminal de Campo Grande determinou a devolução de Adelio Bispo a Minas Gerais, porque a permanĂȘncia dele na penitenciĂĄria federal nĂŁo se justificaria.
A 5ÂȘ Vara Federal de Juiz de Fora, no entanto, informou que, apĂłs pesquisa no Departamento PenitenciĂĄrio Nacional (Depen), hĂĄ 427 pessoas na fila de internação do Hospital PsiquiĂĄtrico JudiciĂĄrio Jorge Vaz – que Ă© a Ășnica unidade do Estado para o atendimento deste tipo de medida. Desse modo, o juĂzo considera temerĂĄrio internar AdĂ©lio em um hospital sem estrutura que garanta sua segurança. Esse fato, conforme a 5ÂȘ Vara Federal de Juiz de Fora, justificaria a necessidade da permanĂȘncia do autor do atentado em Campo Grande.
Adelio Bispo foi considerado inimputĂĄvel em incidente de insanidade mental instaurado no Ăąmbito do processo sobre o atentado. No voto, segundo o STJ, o ministro Joel Ilan Paciornik destacou a alta periculosidade de Adelio Bispo e a falta de estabelecimento adequado para o cumprimento da medida de segurança imposta. Por isso, ele optou por indicar a permanĂȘncia em Campo Grande como a melhor solução.
Joel Ilan Paciornik destacou, em sua decisĂŁo, que esse Ă© mais um caso que destaca as mazelas do sistema prisional e do sistema de saĂșde. Ele pontuou que nĂŁo se deve ser concedido tratamento privilegiado para Adelio, enquanto hĂĄ uma grande fila de pessoas aguardando vaga. Por outro lado, ele tambĂ©m precisa ter o tratamento adequado Ă medida de segurança imposta.
O ministro frisou ainda que, em Campo Grande, AdĂ©lio tem recebido assistĂȘncia mĂ©dica regular â inclusive com o atendimento de psiquiatras, como registrado no histĂłrico de consultas