Quatro em cada dez pessoas com quadros de dor crônica sofrem de ansiedade ou depressão

Doenças como fibromialgia, osteoartrite, osteoartrose e câncer podem desencadear a dor crônica, fator de risco para o desenvolvimento de transtornos de saúde mental


Por Gabriela Cupani , Agência Einsten

31/03/2025 às 09h39

Cerca de 40% das pessoas com quadros de dor crônica sofrem de ansiedade ou depressão, como mostra uma nova revisão de estudos feita pela Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e publicada no periódico Jama, no início de março

A dor é considerada crônica quando persiste por mais de três meses. Ela pode ser causada por diversas doenças, como osteoartrite, osteoartrose, fibromialgia, câncer, entre outras. Altamente incapacitante, estima-se que afete cerca de 21% dos adultos no mundo.

Os autores do estudo identificaram 376 pesquisas envolvendo 347.468 pessoas com dor crônica em 50 países. Os resultados mostram uma prevalência de 39,3% para depressão e 40,2% para ansiedade entre os indivíduos analisados. Esses índices foram maiores em jovens e mulheres, justamente o grupo mais afetado por esses transtornos mentais.

“Sabe-se que pacientes com dor crônica têm alta incidência de transtornos mentais porque são quadros prolongados que acabam afetando significativamente a qualidade de vida, trazendo impactos negativos e prejuízos à vida dessas pessoas”, explica o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O estudo constatou, também, que os maiores índices foram observados nos casos em que não havia lesões evidentes nos tecidos, como fibromialgia: cerca de 54% tinham depressão e 55,5%, sintomas de ansiedade.

Sem tratamento, os quadros de saúde mental podem agravar a dor crônica. “A depressão ou a ansiedade não tratada afeta a qualidade de vida, diminui a adesão ao tratamento, pode levar ao uso irregular das medicações e até ao abandono do acompanhamento médico”, diz Kanomata. “Tratar esses quadros é essencial para aumentar a taxa de sucesso do tratamento contra a dor crônica.”

O especialista ressalta a importância de um trabalho envolvendo profissionais de diversas especialidades, incluindo o psiquiatra. “Atualmente, os profissionais estão mais atentos a esse risco [da presença de depressão ou ansiedade]. Médicos que atendem pacientes com dor crônica costumam avaliar também esses sintomas e, na existência deles, já podem considerar medicações que ajudem a tratar esses casos.”

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