Veja 7 cuidados essenciais para proteger a saúde dos olhos

Problemas de visão aumentam risco de quedas em idosos e prejudicam desempenho escolar de crianças; veja como prevenir danos oculares


Por Gabriela Cupani, Agência Einstein

14/05/2025 às 12h41

saúde dos olhos
Oftalmologistas recomendam que, na idade adulta, o exame deve ser anual (Foto: Pexels)

Um bilhão de pessoas têm problemas de visão evitáveis ou que necessitam tratamento adequado, afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS). Catarata e erros de refração não corrigidos são as principais causas. A degeneração macular relacionada à idade, glaucoma e complicações do diabetes completam a lista das principais causas de perda visual.

Esses problemas afetam principalmente pessoas acima dos 50 anos. Estão associados à perda de produtividade, menor qualidade de vida e maiores índices de depressão. A visão prejudicada nos idosos aumenta o risco de quedas e fraturas recorrentes.

“Pesquisas mostram uma associação importante entre a baixa visual e queda em idosos, e um estudo publicado na Nature mostra que a deficiência visual aumenta o risco de demência, especialmente em homens jovens”, observa o oftalmologista Diego Monteiro Verginassi, do Hospital Israelita Albert Einstein. Esse estudo acompanhou um grupo de quase 800 mil pessoas ao longo de 12 anos.

Crianças também podem sofrer com a falta de visão, o que impacta o rendimento escolar. Para evitar prejuízos, é essencial fazer consultas periódicas, ficar atento a alterações e tomar alguns cuidados básicos no dia a dia. Saiba quais são eles:

1. Não coçar os olhos

Levar as mãos aos olhos pode causar infecções. “Aliás, essa é uma das formas mais comuns de transmissão de doenças oftalmológicas infecciosas. Bactérias e vírus causadores de doenças, como a conjuntivite, por exemplo, chegam aos nossos olhos através do toque das mãos”, diz Verginassi.

O ato de coçar pode piorar casos de ceratocone, doença que afeta a curvatura da córnea e pode causar perda visual. “Nosso olho funciona como uma máquina fotográfica, composto por um sistema de lentes. Uma delas é a córnea”, explica. Essa estrutura transparente, que cobre a parte da frente do olho, tem formato curvo e algumas pessoas nascem com uma predisposição a uma curvatura mais acentuada. A manipulação excessiva dessa região pode acentuar essa deformação.

2. Cuidar da higiene

Pálpebras e cílios acumulam sujeira, restos de maquiagem e outros elementos com microrganismos prejudiciais à saúde dos olhos. A higiene previne infecções.

Uma dica é diluir xampu neutro infantil (aquele que não arde os olhos) na água morna durante o banho e limpar delicadamente essa região pelo menos uma vez ao dia.

3. Usar lentes de contato corretamente

As lentes de contato modernas oferecem mais conforto e qualidade óptica. Reduzem a dependência de óculos e facilitam a prática de esportes. O uso exige cuidados específicos de limpeza e descarte.

As lentes disponíveis duram um dia, 15 dias ou 30 dias. “Esse prazo de descarte deve ser seguido rigorosamente para evitar a infecção da córnea, um quadro potencialmente muito grave que pode causar úlcera no local e cegueira irreversível”, alerta o médico do Einstein.

Também é essencial seguir as instruções de higiene orientadas pelo médico. Use apenas o produto adequado para limpeza e conservação das lentes. Nunca use água ou soro fisiológico. Manipule sempre com as mãos muito limpas e evite usá-las ao tomar banho, no mar ou na piscina. A contaminação pode causar infecções graves que podem levar à perda da visão.

4. Ter óculos de sol de boa qualidade

Óculos de sol devem ser de boa qualidade, com filtro para raios UV. “Em ambientes escuros, nossa pupila se dilata e permite maior entrada de luz e radiação. Se você usar óculos de sol sem essa proteção, a lente escura promoverá a abertura da pupila e mais radiação ultravioleta entrará no olho, predispondo ao aparecimento de problemas como a catarata e até danos à retina”, explica Verginassi. “Por isso óculos vendidos de forma clandestina são tão perigosos.”

5. Fazer pausas ao usar telas

O uso de telas deve ser evitado em crianças menores de 2 anos. Após essa idade, deve-se usar gradativamente, mas sempre com bom senso. “Isso porque, além de arriscar piorar sintomas oculares como olho seco, [a tela] interfere no desenvolvimento e interação da criança com o meio”, lembra o especialista.

Pessoas que trabalham o dia todo no computador devem fazer pequenas pausas, lubrificar os olhos e tentar em alguns momentos focar a visão em objetos distantes.

O uso de colírios lubrificantes pode aliviar sintomas do olho seco, principalmente em quem fica o dia todo no ar-condicionado e de frente para telas. Mas vale lembrar: apenas o médico oftalmologista pode prescrever o melhor tipo, dependendo de cada caso. “Olho seco pode causar piora da visão, gerar desconforto intenso, prejudicar a qualidade da visão e até favorecer o aparecimento de infecções nas pálpebras e córnea”, explica o médico.

6. Fazer check-ups periódicos

O exame oftalmológico deve iniciar já no primeiro ano de vida. Nessa idade, a consulta envolve a aferição do grau e análise das estruturas oculares para avaliar a transparência e até para afastar doenças mais graves, como glaucoma e tumores.

“Geralmente, não se prescreve óculos nessa idade, mas é muito importante saber qual o grau dessa criança e, principalmente, se os olhos têm simetria. Se o grau de um lado for muito diferente do outro e isso não for detectado, a criança pode ter sequelas por não ter uma estimulação visual adequada”, alerta Verginassi. A partir daí, o oftalmologista vai indicar a periodicidade das consultas na infância — as sociedades médicas recomendam visitas anuais ao oftalmo a partir do primeiro ano.

Na idade adulta, o exame deve ser anual. Ele inclui medição da pressão ocular para avaliar risco de glaucoma, exame de fundo de olho para análise da retina, avaliação da parte frontal do olho, verificação da motilidade ocular para detectar estrabismo, teste de refração para identificar grau e análise da curvatura da córnea. O médico pode solicitar exames complementares conforme necessidade.

7. Atentar-se aos sintomas

Busque atendimento médico ao perceber mudanças na visão, coceira, lacrimejamento, secreção, vermelhidão ou sensibilidade à luz. Doenças e infecções podem progredir rapidamente e prejudicar a visão. Sinais como clarões ou flashes de luz, mesmo sem dor, podem indicar danos irreversíveis se não tratados urgentemente.

Outro sintoma que exige avaliação precoce são as “moscas volantes”, manchas que aparecem no campo visual. Elas surgem geralmente após os 40 anos e podem ser naturais do envelhecimento, causadas por alterações no vítreo, gel que preenche o olho. Em alguns casos, podem indicar roturas de retina que precisam ser identificadas e tratadas rapidamente para evitar complicações mais graves, como o descolamento de retina.

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