Papai Noel assume volante de ônibus da Ansal
PUBLIEDITORIAL
Motorista da empresa pilotou veículo decorado e fez a alegria das crianças na véspera de Natal

Tarde do dia 24 de dezembro de 2018. Ao volante do ônibus da linha 2018 da Ansal, Papai Noel chamava a atenção de pedestres e motoristas que cruzavam seu caminho. Dentro do veículo, os passageiros eram presenteados com balas e pirulitos que o Bom Velhinho tirava do saco vermelho. “Foi uma loucura, todo mundo queria tirar foto ao meu lado. Eles nunca tinham visto um Papai Noel dirigindo um ônibus. Nas ruas, as pessoas buzinavam, acenavam, outras paravam para tirar foto”, relembra o sorridente Carlos Henrique Macanha Julio, 35 anos, há quatro buscando e levando passageiros do Centro ao Bairro Progresso em Juiz de Fora. “Sempre trabalhei nesta linha e fiz muitos amigos no bairro. Este ano quis dar a eles esta alegria. Conversei com meu supervisor e propus trabalhar na véspera de Natal vestido de Papai Noel, pois já tinha a roupa. A direção da Ansal não só autorizou como me passou o ônibus piloto, todo decorado e iluminado. Foi uma grande alegria”, diz Julio, que garante não ter se incomodado com o calor do verão. “No dia choveu e deu uma refrescada.”

O Bom Velhinho pilotou seu ônibus até a madrugada do dia 25, quando, ao lado do fiel escudeiro, o cobrador Daniel Silva Pereira, que vestia um gorro vermelho, estacionou o veículo no Progresso para celebrar o Natal com os amigos passageiros. “O presidente (da Associação de Moradores) do bairro me convidou para um churrasco na casa dele. Jantei, tomei um guaraná e depois levei o ônibus para a garagem”, diz o motorista, que não tem dúvida em afirmar ter sido este seu melhor dia de trabalho. “Eu não sabia que daria tanta repercussão. Valeu muito a pena.”
E, antes que o dia clareasse, papai Julio foi até a casa onde os dois filhos moram com a mãe para deixar os presentes na árvore. Os meninos, de 3 e 6 anos, queriam muito ver o Papai Noel e chegaram a montar uma “armadilha”. “As crianças colocaram uma vassoura atrás da porta, que iria cair e fazer barulho logo que ela fosse aberta. Assim, iriam acordar e encontrar o Papai Noel”, conta o homem que, ao volante, fez a alegria dos filhos. “Eles moram no Progresso e me viram conduzindo o ônibus à tarde, mas não me reconheceram. Depois me perguntaram se eu era amigo do Papai Noel e se eu tinha emprestado o ônibus para ele.”
Para o Natal deste ano, Julio quer alegrar as crianças de outras regiões da cidade. A ideia, segundo ele, é que Papai Noel conduza o ônibus por uma semana, cada dia em uma linha diferente. “A Ansal nos apoia e nos incentiva.” “Quando o Julio surgiu com esta ideia do Papai Noel, nós achamos o máximo. Sabemos como esta época de Natal toca o coração da população e que a comunidade iria receber superbem.” comenta Rodrigo Reis, gerente geral da Ansal.

‘Sempre sonhei em ser motorista’
“Quando criança, morava no Bairro Santo Antônio e da janela de casa admirava os ônibus passarem. Dizia para a mãe: ‘Um dia ainda vou dirigir um carro desse’. A mãe não levava fé. No dia em que eu comecei a trabalhar na Ansal, fui na casa dela vestido com meu uniforme e ela quase não acreditou. Minha mãe só não teve o prazer de andar comigo, pois estava doente e morreu pouco tempo depois.”
Mas o que dona Clarice ensinou ao filho ele nunca esqueceu. “Quando meu pai morreu, eu tinha 1 ano de idade. Minha mãe trabalhou muito para não deixar faltar nada e ainda me ensinou as coisas boas do mundo. Graças a Deus, segui seus conselhos e sempre busquei o caminho certo.”
Caçula de três irmãs, Julio desde cedo acompanhava dona Clarice no trabalho como cozinheira das creches da Amac. Quando criança, era matriculado na instituição em que a mãe atuava. Depois, já adulto, gostava de ir às creches vestido de palhaço. O nariz vermelho ele ainda costuma carregar no bolso para alegrar os pequenos que entram no ônibus. “Adoro levar alegria às crianças, é gratificante fazer alguém feliz.”
Julio também recorre ao nariz de palhaço para amolecer o passageiro adulto, que, por algum motivo, nem sempre é amável. “Aprendemos em conversas e treinamentos com nosso supervisor que é preciso manter a calma ao volante, saber ouvir e ter a certeza de que não vale a pena discutir. Se o passageiro está nervoso e reclama, é preciso respeitá-lo.”
Mas, quando possível, é bom tirar um sorriso dele, não é mesmo Julio? “A gente é meio psicólogo. O passageiro desabafa, reclama, a gente até dá uns conselhos e vira amigo. Eu sempre sonhei em ser motorista e hoje me sinto realizado.”