Quando vale a pena investir em um projeto de energia solar
Especialistas dão dicas importantes antes de contratar o serviço, que é sustentável e gera economia a longo prazo
Para ser sustentável, não basta se preocupar com o meio ambiente, é preciso pensar e entender que as nossas ações locais podem interferir para o bem ou para o mal em escala global e em longo prazo. Mudanças de atitudes, além de favorecer um mundo melhor, podem trazer economia para o bolso. É o caso da energia solar. Veja como investir em um projeto do tamanho da necessidade da sua residência.
O investimento em um equipamento para geração de energia solar em casa varia de acordo com a quantidade de energia que o imóvel consome e o objetivo. “A redução na conta de energia pode chegar a até 95%. O retorno de investimento com um gerador de energia solar fotovoltaica leva, em média, de quatro a cinco anos. Após esse prazo, o consumidor terá 25 anos de produção de energia limpa e sustentável, sem custo algum, tendo em vista o tempo de vida das placas solares”, explica o técnico especialista em energia solar, Osvaldo Francisco Teles de Oliveira.
Como funciona
O funcionamento da energia solar residencial é simples. Primeiramente, é preciso determinar como será o sistema: se será o Grid off (isolado, não conectado à rede) ou o Grid tie (conectado à rede da distribuidora de energia elétrica). “Em ambos os sistemas, o painel solar absorve a luz do sol e produz energia elétrica (energia fotovoltaica). Os painéis solares são conectados uns aos outros e, então, ligados ao seu inversor solar, que transforma a energia produzida, inicialmente de 12 amperes para 12 volts. Em seguida, a energia que sai do inversor solar vai para o quadro de luz e é distribuída no imóvel. Caso o consumidor não tenha acesso a rede elétrica da companhia, o processo Grid off encerra-se aqui”, explica Osvaldo.
Já no sistema Grid tie – que o consumidor já tem acesso a rede elétrica -, o especialista aponta que a energia produzida em excesso volta para a rede elétrica da companhia através do medidor de luz. “Então, o relógio de luz mede a energia da rua que é consumida quando não tem sol e a energia solar gerada em excesso quando tem muito sol, sendo esta injetada na rede da distribuidora. Assim, a energia solar injetada na rede se transforma em crédito para ser utilizado de noite ou nos próximos meses, ou até mesmo em outras residências, empresas etc.”
Investir em um equipamento para geração de energia solar pode trazer ganhos de forma gradativa. Segundo Osvaldo, para um sistema tradicional, o custo gira em torno de R$ 12 mil a R$ 16 mil, dependendo do número de pessoas residentes na casa, o valor máximo para até cinco pessoas, em média. “Há outro sistema mais acessível, que é a partir do micro inversor aplicado às placas fotovoltaica, uma tecnologia que torna o custo mais acessível. Em média, de R$ 8 mil a R$ 9 mil.”
Espaço físico
Qualquer imóvel pode receber a instalação deste equipamento, desde que tenha espaço físico suficiente, seja no telhado ou em qualquer outra área, para a colocação das placas fotovoltaicas. “Deve ser observado se o imóvel tem incidência da luminosidade solar, fora isso, não há restrições”, indica Osvaldo. As placas fotovoltaicas são colocadas sobre uma estrutura metálica, geralmente, de alumínio. Após sua fixação, é instalado o inversor, que posteriormente é conectado ao sistema na rede elétrica. “Caso o imóvel tenha acesso à rede elétrica, é feito contato com a distribuidora que realiza a troca do medidor para um bidirecional, cujo objetivo é medir a energia injetada na rede da companhia elétrica. Instalado o gerador de energia, imediatamente o cliente já pode dispor da energia e dos créditos produzidos.”
Aquecimento solar
Além de gerar energia, o sol ainda pode servir apenas para aquecimento, outra modalidade eficiente e econômica. O sistema de aquecimento solar é composto pelos coletores solares (placas) e pelo reservatório térmico (boiler). As placas são posicionadas com inclinação específica no local que recebe maior insolação para facilitar a absorção da radiação solar. O calor do sol aquece as placas, e, consequentemente, a água (proveniente da caixa d’água convencional) que circula em seu interior. Posteriormente, a água aquecida é armazenada no boiler. O sistema pode funcionar de modo natural (termossifão) ou por motobombas, dependendo da altura e espaço disponíveis para fazer a instalação.
“Quando fazemos opção pelo sistema solar de aquecimento, também é necessário prever um sistema auxiliar elétrico ou a gás para dias ou períodos de tempo nublado ou chuvoso. O dimensionamento do sistema depende da quantidade de água quente necessária em cada residência, que é calculada a partir do número de moradores, da quantidade de banhos diários, da previsão ou não de água quente nos lavatórios, cozinha, área de serviço etc”, destaca a arquiteta Marcella Peixoto. A profissional ressalta que, comparado aos preços atuais da energia elétrica, é possível economizar cerca de R$ 1 mil no período de um ano a partir da opção pelo aquecedor solar, para uma utilização de 200 litros e considerando uma média de cinco banhos diários, com duração de cerca de oito minutos. “Neste exemplo, o investimento inicial no sistema se paga em cerca de dois anos”, completa.
Energia solar | Mitos e verdades
O aparelho não funciona em dias nublados
MITO. A captação ocorre por meio do calor e não pela insolação, desta forma, em um dia de mormaço, o equipamento continua gerando energia
O uso da energia solar isenta o contrato com a concessionária de energia
DEPENDE. O sistema Grid tie, acoplado à rede de energia, é mais usual e indicado para imóveis na área urbana, pois permite a geração de créditos para a concessionária. Desta forma, o usuário não sobrecarrega o sistema. Mas, na falta desses créditos, é interessante contar com outra fonte de energia. Já o Grid off, sem ligação com a rede elétrica, deve ser aplicado em imóveis localizados em áreas mais afastadas
A utilização da energia solar é imediata
DEPENDE. Para sistemas isolados (Grid off), que independem da rede elétrica tradicional, o sistema pode ser utilizado em até três dias, mas para os sistemas conectados à rede (Grid tie), o uso pode demorar até 120 dias, pois depende da autorização da concessionária de energia, para a instalação do medidor que calcula o uso e geração dos créditos