Estilo, conforto, segurança: qual o melhor capacete para vocĂȘ?
Estiloso demais, mas pouco eficiente. Absolutamente seguro, mas feio que dĂłi. Ăs vezes, o motociclista se vĂȘ estacionado nessa encruzilhada: que capacete escolher na hora de adquirir o item primordial de segurança para andar sobre duas rodas? NĂŁo custa frisar o que todo mundo jĂĄ sabe: capacete nĂŁo Ă© acessĂłrio, Ă© equipamento obrigatĂłrio para se conduzir motocicleta no Brasil. Ainda sim, restam dĂșvidas: capacete aberto Ă© legal em estrada? Os do tipo “coquinho” podem ser utilizados sem restrição? Posso pilotar sem viseira? Ou posso optar por usar Ăłculos?
De acordo com Theseu Rodrigues, proprietĂĄrio da Lucca Customs, a primeira caracterĂstica que o motociclista deve observar Ă© se o capacete tem algum tipo de certificado que garanta a sua integridade fĂsica. “No Brasil, esse certificado Ă© o selo do Inmetro. Nos Estados Unidos, seria o DOT, e na Europa, o ECE”, explica. E o selo do Inmetro nĂŁo Ă© uma opção: o Conselho Nacional de TrĂąnsito (Contran) determina que a fabricação tem que estar de acordo com a norma brasileira NBR 7471, e “cabe ao Inmetro verificar a conformidade do produto, se ele atende ou nĂŁo a norma brasileira”.
Visto isso, aà sim, o motociclista pode partir para a escolha de seu capacete, baseado em parùmetros como estilo, conforto, material e preço. Capacetes feitos de fibra de vidro tendem a ser os mais seguros, porque absorvem mais os impactos. Os de fibra de carbono também absorvem bem, e são mais leves. O mais econÎmico do mercado é o ABS, que usa tecnologia de plåstico injetado e também é seguro e regulamentado, embora tenha absorção de impacto menor que a dos supracitados. E ainda hå os produzidos com kevlar, fibra sintética à qual normalmente se mistura fibra de carbono ou de vidro.
Estilo x segurança
Segundo Theseu Rodrigues, a escolha do capacete dependerĂĄ do gosto do freguĂȘs por esse ou aquele tipo de motocicleta. “Via de regra, isso serĂĄ definido pelo estilo da moto. Se a pessoa tem uma custom ou uma moto para lazer que nĂŁo exija desempenho extremo, vai optar por algo mais simples e que combine com seu veĂculo; jĂĄ um praticante de motocross nĂŁo usaria um capacete que nĂŁo se destinasse a esse fim”, pondera. O que nĂŁo pode, adverte o especialista, Ă© sobrepor o estilo Ă segurança.
Visual e conforto nĂŁo implicam necessariamente segurança, observa Theseu. Capacetes aparentemente muito simples, se certificados, garantem, sim, o mĂnimo de proteção ao piloto. “Design, acabamento e conforto nem sempre indicam uma maior proteção para o motociclista. Existem muitos capacetes com design belĂssimo e Ăłtimo conforto e que nĂŁo atendem Ă s normas de segurança. Indiferente a marca ou preço, sempre opte por um equipamento que proteja vocĂȘ.”
O Inmetro regulamenta quatro tipos de capacetes. Listamos todos abaixo, com suas variaçÔes, e tentamos responder àquelas questÔes que pontuamos lå no começo dessa reportagem.
Integral
Ă o mais seguro entre todos. Protege todas as partes da cabeça, incluindo o queixo. Na frente, Ă© dotado de uma viseira articulada para proteger os olhos do vento, da chuva, de insetos e pedregulhos. Os melhores tĂȘm forro removĂvel e lavĂĄvel, alĂ©m de aberturas que compĂ”em um sistema de ventilação que areja a parte interna de acordo com a necessidade do motociclista.
Aberto
Ă o mais confortĂĄvel, recomendado especialmente para quem nĂŁo vai pegar a estrada, andar grandes distĂąncias ou pilotar em velocidades mais altas. Esse nĂŁo protege o queixo. AliĂĄs, nĂŁo protege o rosto como um todo. Se, como reza o dito popular, pĂĄra-choque de motoqueiro Ă© queixo, Ă© fĂĄcil deduzir que esse Ă© o tipo menos seguro. Para circular legal, na rua ou na estrada, o capacete aberto tem que ser dotado de viseira â articulada ou do tipo bolha. Se for de um estilo que nĂŁo suporta viseira de nenhuma espĂ©cie, como os modelos vintage que pipocam por aĂ hoje em dia, o motociclista terĂĄ de optar pelo uso de Ăłculos de proteção, desde que sejam de um tipo aprovado pelo Contran.
Misto
No capacete misto, a parte de baixo, que protege o queixo, Ă© removĂvel. O motociclista pode optar em andar com ou sem a queixeira, dependendo se estĂĄ circulando na cidade ou na estrada, sem ter necessariamente de possuir dois capacetes. Ă um eficiente dois-em-um, mas nĂŁo tĂŁo seguro quando o integral.
Modular
O modular Ă© quase um dois-em-um, como o misto. A diferença Ă© que a queixeira nĂŁo Ă© removĂvel, mas apenas mĂłvel. Ou seja: a parte de baixo, articulada, pode ser levantada, mas nĂŁo retirada. Por ser flexĂvel, nĂŁo oferece tanta proteção quando um capacete integral, a exemplo do misto.
Off road
Ă a versĂŁo fora de estrada do capacete integral. As principais diferenças sĂŁo a queixeira alongada, que protege ainda mais o rosto do contato com o chĂŁo â um cara que anda em trilha sabe que vai beijar a lona em algum momento â e a aba na parte superior, que protege os olhos da luz solar. Capacetes off road, em geral, nĂŁo tĂȘm viseira. EntĂŁo Ă© necessĂĄrio que o motociclista use Ăłculos de proteção. Embora seja desenvolvido especialmente para a prĂĄtica esportiva, seja motocross, trilha, enduro, freestyle, rali etc, o capacete off road pode perfeitamente ser usado na estrada ou na rua, desde que aprovado pelo Inmetro.
Coquinho
Muito bom para tomar cerveja sentado em casa, assistindo a “Sons of Anarchy”. E sĂł. Embora estilosos, os capacetes do tipo “coquinho” nĂŁo protegem nada, nĂŁo sĂŁo aprovados pelo Inmetro e nĂŁo sĂŁo aceitos pelo Contran. Logo, alĂ©m de botar a vida em risco, o cidadĂŁo que circula com um capacete desse tipo estĂĄ sujeito a multa.