As bolsas da Corium misturam cores marcantes, couro, lona e aplicações. Essa combinação foi criada por Patrícia Loiola e Patrícia Ribeiro, duas Patrícias que se conheceram por acaso e que fundaram, há 32 anos, a marca que hoje vende essas peças por atacado e para clientes que entram em contato com as duas através do Instagram. Para elas, o segredo foi ter cuidado com cada peça, pensar bem os desenhos que formariam e criar bolsas que fossem usadas por várias gerações: como elas gostam de afirmar, as bolsas que fazem “têm DNA”. Quem conhece a marca, reconhece seus produtos em qualquer lugar que sejam vendidos. Ao longo dessa trajetória, elas já venderam as bolsas em uma loja que tinham, no Alto dos Passos, e também no Espaço Manufato, onde ainda disponibilizam algumas peças. Fizeram vendas para marcas grandes, como Farm, Cantão e Andarella, e chegaram a ter até 12 funcionárias. No momento, optaram por uma produção menor e que mantenha a essência da marca – sempre trabalhando, juntas, as diversas opções que podem criar.
Loiola e Ribeiro se conheceram em um casamento através de Helen, amiga da primeira e cunhada da segunda. Naquela época, as duas trabalhavam sozinhas, com bolsas e com roupas de couro, mas a rotina não estava sendo boa para nenhuma das duas. “Nós duas ficamos muito cansadas. Quando fui lá, a gente se gostou de cara, e esse acaso já tem mais de trinta anos”, relembra Patrícia Loiola. Juntando o que as duas já sabiam fazer de melhor e com a parceria, elas já experimentaram várias criações, em diferentes tipos de bolsa: usaram bordado simples, bordado de máquina, bordado de miçanga, crochê, macramê, pintura no couro, pirógrafo e mais. Foi justamente testando o que funcionava que chegaram à combinação atual da Corium.
Com a pandemia de Covid-19, as duas resolveram fechar a loja que tinham no Alto dos Passos e mudaram a fábrica para um espaço na casa de Loiola. “A Patrícia já tinha esse espaço, e coube a fábrica toda aqui. Só trabalhamos hoje com facção. Cortamos, fazemos os desenhos, vem um cortador para cortar o couro, e entregamos para as facções. As facções montam a bolsa, e depois nós arrematamos”, conta Ribeiro. Hoje com 62 e 59 anos, as duas entendem que esse processo permitiu também que trabalhassem sem ter o estresse enorme de entregar uma grande produção e também podendo manejar os próprios horários. Isso acabou dando mais liberdade para que trabalhassem da maneira como gostam – cada uma tendo a própria mesa, para que montem com cuidado os desenhos que dão cara à marca.
Apesar de já terem feito tanto no próprio empreendimento, também continuam pensando o que podem aperfeiçoar. São atacados de diferentes lugares que recebem as peças da Corium, e já há clientes de quase todas as regiões – até para o Canadá vão enviar uma peça especial, encomendada por uma cliente antiga. “A gente vai mudando umas coisas, mas em relação à bolsa, já fizemos tudo e chegamos nessa peça da qual gostamos muito. Acho que no futuro vamos tentar ir pra um lado mais reciclável com as nossas sobras mesmo, melhorando esse processo. Mas já temos esse cuidado pensando na bolsa ser o mais durável possível”, explica Patrícia Ribeiro.
Duas mãos
Não é fácil chegar a tantos anos de trabalho da mesma marca, com o mesma parceria. Ao longo do tempo, elas já enfrentaram vários desafios e trabalharam de modo distinto, inclusive tendo produzido uma enorme quantidade de máscaras durante a pandemia de Covid-19. Mas o forte sempre foram as bolsas, e entendem que o gosto que as pessoas passaram a ter pela peça foi fundamental. “Acho que deu certo porque as bolsas são diferentes. E a gente é diferente uma da outra, também. Eu gosto das coisas muito arrumadinhas, e a Patrícia precisa de um caos para a criação. Mas nós duas sabemos fazer tudo, então, a gente consegue fazer tudo na Corium sem depender de ninguém, caso precise”, explica Patrícia Ribeiro.
Para Patrícia Loiola, fica claro que o trabalho da Corium nunca parou devido à determinação das duas e também graças ao prazer que sentem com o próprio trabalho. E isso, como explicam, fez com que as duas persistissem e se destacassem mesmo quando copiavam o trabalho delas. “O processo de criação é nosso, e temos uma experiência já de anos fazendo com todo cuidado. Não dá pra fazer igual”, explica Ribeiro.
‘Cada peça é única na Corium’
Apesar de já terem todos esses anos de trabalho, uma das coisas de que Loiola mais gosta no trabalho é que cada peça que criam é exclusiva. “A gente monta em cima do molde. Cada peça é única na Corium. Quando fica pronta, achamos lindo”, diz. Para isso, ela explica que é preciso sempre quebrar a cabeça, descobrir novas formas, demonstrar e ter experiência.
Quando começaram, Ribeiro deixa claro que não tinham como imaginar onde iam chegar. Mas foi graças ao gosto pelo ofício que as mesas em que elas trabalham continuam lotadas, e as encomendas seguem chegando num ritmo animado para darem conta de tanta demanda. Tanto que confessam: “No momento, estamos as duas sem bolsas. É ‘casa de ferreiro, espeto de pau’. Mas vamos fazer”, diz Ribeiro.