Parto Rápido: como a caminhada pode acelerar o trabalho de parto

Um estudo realizado na Universidade de São Paulo concluiu que caminhar durante o trabalho de parto encurta a duração do mesmo.

Por Jeanne Carvalho

pexels amina filkins 5427958 minA autora do estudo, Fabiana Villella Mamede, verificou que “a quantidade deambulada durante as três primeiras horas da fase ativa está associada a um encurtamento do trabalho de parto, sendo que a cada 100 metros percorridos ocorreu uma diminuição de 22 minutos na primeira hora, 10 minutos na segunda hora e 6 minutos na terceira hora.”

Os dados do estudo apontam ainda que a utilização de ocitocina artificial e a ruptura da bolsa amniótica não influenciaram na duração da fase ativa do trabalho de parto.

A autora Fabiana , traz em seu estudo muitas informações sobre o parto. Ela começa realçando o quanto a tecnologia foi, nos últimos séculos e de forma crescente, entrando pelas salas de parto e reservando um lugar cativo nas mesmas: “Atualmente, discute-se no mundo inteiro se as intervenções e tecnologias utilizadas no nascimento são realmente valiosas e necessárias.”

Esta é também uma preocupação da Organização Mundial de Saúde que, em conjunto com outras organizações internacionais, procurou diferenciar as práticas úteis e que devem ser estimuladas de práticas claramente prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas.

A autora recorda ainda a Conferência sobre Tecnologia Apropriada, que teve lugar em Fortaleza – Ceará, no ano de 1985, como um momento importante na revisão das tecnologias a adotar no momento do nascimento e parto, bem como no “resgate dos conceitos de nascimento e parto como eventos fisiológicos”. “Nessa ocasião, foram elaboradas recomendações para a obtenção de partos e nascimentos mais naturais”, das quais a autora destaca a seguinte:

“Não se recomenda colocar as parturientes em posição de litotomia e/ou dorsal durante o trabalho de parto e parto. Deve-se encorajar a mulher a andar durante o trabalho de parto, e cada mulher deve ter a liberdade para escolher a posição a ser adotada quando está parindo”.

COMO  O PARTO CHEGOU NA POSIÇÃO DEITADA

“Há menos de três séculos, a maioria das mulheres de todas as raças e culturas adotava uma posição vertical durante o trabalho de parto e parto” relembra a autora.

François Mauriceau, médico francês do século XVII, é dado como o grande impulsionador da mudança posição do parto de vertical para horizontal, sugerindo que “a posição reclinada seria a mais confortável para a parturiente e para o profissional que assiste o parto.” Esta posição ficou conhecida como posição francesa, contrastando com a posição deitada sobre um dos lados, utilizada em Inglaterra e conhecida como posição inglesa.

Segundo as referências bibliográficas que serviram de base a este estudo, “o aumento do uso de fórceps e da prática das cirurgias, a partir do século XVIII, parece ter sido também importante fator na manutenção das posições reclinadas e de litotomia”. E acrescenta: “no decorrer da progressiva medicalização do parto, a posição horizontal se estabeleceu em definitivo por facilitar o trabalho do profissional para extrair a criança e observar atentamente a situação do períneo, a fim de realizar a episiotomia.”

Segundo Osava (1990), um dos autores que a autora faz referência neste estudo, “o parto em posição supina é mantido devido à comodidade médica, em detrimento de uma participação mais ativa da mulher.”

A autora reserva também um espaço para realçar o enquadramento da mulher no hospital, onde é encarada na condição de paciente, mesmo não sendo a gravidez considerada doença. Salienta a perda do controle sobre o seu próprio corpo, a sua privacidade e a sua individualidade.

Com recurso à história e antropologia, a autora relembra, através da sua pesquisa, que as mulheres, em sociedades não influenciadas pela obstetrícia ocidental, ainda tendem preferir posturas eretas durante o trabalho de parto e o parto: “ficando agachadas, sentadas, ajoelhadas, de cócoras ou andando, e frequentemente mudam sua posição durante cada contração”.

A autora prossegue referindo que “muitos obstetras famosos, desde o final do século XVII, já reforçavam a importância da posição ereta durante o trabalho de parto. O próprio Mauriceau volta a defender esta ideia, talvez por ter percebido que a introdução da posição horizontal prejudicava a evolução do trabalho de parto”:

“… as mulheres sempre tiveram trabalhos de partos mais difíceis quando permaneciam demasiado tempo em suas camas durante o trabalho de parto, sobretudo muito pior quando tratava-se dos primeiros filhos, do que quando lhes era permitido andar e movimentar-se, suportando sua barriga sob os seus braços, se necessário, pois desta maneira, o peso da criança, estando a mulher de pé, faz com que o orifício interno do útero se dilate mais cedo do que na cama, suas dores são menos fortes e frequentes, e seu trabalho de parto muito mais curto” (Mauriceau apud Dunn, 2000, pg 28).

A fisiologia é também uma apoiante assumida do movimento durante o trabalho de parto: “é muito melhor para a mãe e para o feto, quando uma mulher se mantém em movimento durante o trabalho de parto, pois o útero contrai-se muito mais eficazmente, o fluxo sanguíneo que chega ao bebê através da placenta é mais abundante, o trabalho de parto se torna mais curto e a dor é menor. Acresce-se o fato de que, na posição supina, a adaptação da apresentação fetal ao estreito da bacia estará facilitada pela postura materna e assim podem-se prevenir complicações do trajeto.”

Outros estudos têm vindo a relacionar a duração do trabalho de parto com a posição e a deambulação que a parturiente assume durante o trabalho de parto e parto. “A duração diminuída do trabalho de parto em mulheres que deambulavam foi atribuída à melhora na contratilidade uterina, à necessidade diminuída de uso de ocitocina e de analgesia além de menor frequência de parto vaginal instrumental como fórceps, extração a vácuo, episiotomia, entre outros.”

Perante os resultados do estudo, presentes no início deste artigo, a autora encoraja a transmissão desta informação aos profissionais de saúde que acompanham as mulheres em trabalho de parto e parto. Acredita assim que a deambulação possa vir a ser estimulada na fase ativa do trabalho de parto, tirando partido dos seus benefícios.

Sugere ainda que as conclusões deste e de outros trabalhos que evidenciam a influência do caminhar no trabalho de parto estejam acessíveis às mulheres e em particular às gestantes/parturientes. Desta forma, poderão tomar decisões informadas e conscientes, que poderão ser integradas no seu plano de parto.

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Fonte e Artigo completo:  https://uterus.pt/wp-content/uploads/2021/03/deambulac%CC%A7a%CC%83oParto.pdf

Jeanne Carvalho

Jeanne Carvalho

Fisioterapeuta, acupunturista. Saúde da mulher e assistência humanizada ao nascimento. Cuidados do pré-natal ao pós-parto. Siga meu instagram.

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