Ao lado da mãe, Alcione Marocolo, o pequeno Rodrigo estreia na literatura

Por Marisa Loures

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Alcione e Rodrigo criam “As aventuras do Super Limpinho”, que tem lançamento previsto para outubro – Foto Divulgação

Rodrigo Marocolo Chartouni tinha 6 anos quando ele e a mãe, Alcione, criaram um super-herói chamado Limpinho. Muito por conta do que estava estudando em sala de aula, ele era um garoto bastante preocupado com o meio ambiente. Ecologia era o tema em voga naquele momento de sua vida e de seus colegas de escola. E foi nesse contexto que nasceu o Dindigo, dotado de poderes especiais.  Ele é o próprio Rodrigo. Um garoto muito limpinho. Também era um momento em que o pequeno Lucas, filho mais novo de Alcione, estava a caminho. Os pais pensaram numa forma de integrar o mais velho ao nascimento do caçula.

“Precisamos de pequenos heróis para nossas crianças que tenham uma índole bacana porque, se você for ver, temos uma porquinha que é uma fofa engraçada, mas é egoísta, é egocêntrica, faz bullying. Temos um passarinho que também faz muito sucesso entre as crianças, mas que adora ver o circo pegar fogo, ele bate em todo mundo, fala mentira. Então, o Super Limpinho é o herói camarada, é o herói bacaninha. É um menino ótimo, estudioso, cuidadoso com a família. Por causa do nascimento do irmão, ele quer tornar a cidade melhor. São valores que a gente deve resgatar”, afirma Alcione, adiantando que as peripécias deste herói foram parar em um livro, e a intenção é fazer uma trilogia.

A maratona de lançamento aqui na cidade (escrevo maratona, porque serão vários eventos realizados por vários pontos) começa dia 1º de outubro, às 15h, no Independência Shopping. Antes disso, dia 28 de setembro, os dois autores já têm agendada uma participação na Bienal do Livro de Ubá. As sessões de autógrafo, em Juiz de Fora, serão acompanhadas por oficina de reciclagens, brincadeiras, contação de histórias e até mascote do Super Limpinho.  No entanto, as peripécias desse pequeno herói vão muito além, já que Alcione e Rodrigo planejam, para 2018, o projeto “Super Limpinho vai às escolas.” Nessa conversa com o Sala de Leitura, eles dão todos os detalhes da empreitada. Vale dizer que, para combater os vilões que cruzam seu caminho, Dindigo conta com a capa voadora enxuga-enxuga, pastilhas que fazem espuma mágica, spray antissujeira, arco e flecha espana-espana e até uma substância paralisadora – o “deter-gente”.

“Sonho que, além de virar o que está virando, que o livro vire um objeto de conscientização para toda a cidade e todo o Brasil, porque o meio ambiente está esquecido. A Amazônia, por exemplo, que era o pulmão do mundo, está sendo desmatada cada vez mais. Ele também pode ser um incentivo do sonhar, porque todos têm direito de sonhar. Basta lutar para que esse sonho se torne realidade”, dispara Rodrigo, hoje com 11 anos, já falando feito gente grande.

Marisa Loures – Como é o Dindigo, esse super-herói dotado de poderes superespeciais?

Alcione – Com o nascimento do irmãozinho, o Dindigo foi motivado a cuidar da sua cidade, que é a cidade de Limpópolis. Fazemos uma alusão a Juiz de Fora. Era uma cidade que já tinha sido a mais limpa do mundo. Só que, com o tempo, os moradores foram se esquecendo de cuidar dela. E ele falou: “não posso deixar meu irmão chegar numa cidade assim.” Então, ele cria o super-herói. No meio do caminho, ele descobre, através de uma parceria com o avô, que é um superprotetor dos animais, que havia um plano sinistro nos esgotos para poluir o principal rio desse lugar. Um rio que já foi limpo e que, hoje, está sucateado por causa da poluição. Aí ele se une com as duas avós e entra em ação. É um barato a história e resgata essa questão dos avós, da parceria das crianças com a família. Sou suspeita para falar, porque a história fala muito do que a gente acredita.

– Como foram esses momentos entre mãe e filho?

Alcione – A gente começou a discutir como seria. Os nomes dos personagens remetem aos apelidos que a gente tem em casa. Eu sou a mamão Cici e tem o papai Nem, que é a forma como eu me reporto ao meu esposo. Num bate-papo, a gente foi realçando as características de cada um de nós. Por exemplo, o vovô Gegê, que é o meu pai, é superligado a questões de proteção da natureza. Ele não quer que  a gente mate uma barata. Ele fala que todos têm direito à vida. Então, a gente trouxe essa característica para o livro. A vovó, que é a mãe do meu esposo, é uma quituteira de mão cheia, e ela aparece no livro fazendo o que vai distrair os vilões. A minha mãe já é toda serelepe, é elétrica. Ela dá conta de várias coisas, é rápida para tudo. Então, ela se veste de Chapeuzinho Vermelho, e é ela quem vai levar os quitutes. E o Rodrigo é uma criança muito criativa. Aliás, os dois. Acho que é próprio dessa geração. É uma geração de crianças muito estimuladas, muito levadas à criatividade, porque nós, como pais, temos acesso a muita informação. Eu queria também, com isso, trabalhar a questão da leitura, da escrita, o interesse pelo livro físico, porque eles são de uma geração muito da web, muito digital.

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A dupla de autores planeja colocar em prática o projeto “Super Limpinho vai às escolas” – Foto Divulgação

– É difícil fazer uma criança de seis anos, hoje, se interessar pelo universo dos livros físicos…

Alcione – Mas o Rodrigo é assim, ele é intelectual, gosta de estudar sobre animais desde muito pequeno. Gosta de estudar sobre reinados. É uma característica dele. Não é uma forçação de barra nossa. Tenho sempre falado com ele: “meu filho, é uma brincadeira”, para não trazer nenhum peso da questão de lançar um livro. Eu sou muito assim: gosto de dar um sentido para as coisas da minha vida. Então, aliado ao livro, estamos lançando o projeto social “Super Limpinho vai às escolas”. Estamos articulando para que ano que vem, uma vez por mês, a gente visite uma escola pública, levando os conceitos do livro, fazendo com que haja um trabalho em todas as áreas do conhecimento possíveis. Minha cunhada, que é uma professora maravilhosa, que é a Denise Rodrigues, nos ajudou a pensar nesse projeto. Inclusive, ela está fazendo o piloto dele, colocando-o em prática. E tem sido muito rico, porque, num primeiro momento, a intenção é que as crianças trabalhem com os conceitos do livro, trabalhem a escrita, a leitura, trabalhem as questões de oficinas de arte para reciclagem. E, depois, o Super Limpinho e o pequeno autor vão à escola para conversar com as crianças, trocar ideias, fazer uma tarde de autógrafo.

Como está sendo esse momento literário?

Alcione – É uma alegria diária, porque a cidade se abriu completamente para nós. Faremos mais de dez lançamentos em toda a cidade no mês de outubro, vamos estar nos melhores shoppings e nas melhores livrarias. A família, nos dois lados, está apaixonada com a ideia. Os amigos do Rodrigo estão sonhando também. Outras mães começaram a pensar em escrever livros com seus filhos. Vai ser uma experiência que vai ficar na nossa memória sem dúvida. Enfim, tenho sonhado com outros desdobramentos e vamos aguardar. Acho que, a partir do lançamento, grandes coisas podem advir disso.

Está gostando da experiência como autor de livro?

Rodrigo – Está sendo muito gratificante. É uma experiência que me dá muita alegria, porque nunca pensei em escrever um livro, ainda mais com uma pessoa tão especial para mim quanto minha mãe. Veio essa oportunidade e estou adorando fazer.

Você criou o Super Limpinho. Sua cidade e o Brasil estão precisando de um super-herói como esse de verdade?

 Rodrigo – Acho que sim porque, como na história, as pessoas estão se esquecendo de cuidar do meio ambiente, que traz todos os meios de comunicação, eletricidade. Os móveis vêm do meio ambiente. Praticamente, tudo que fazemos precisa da ajuda do meio ambiente. As pessoas estão se esquecendo disso e precisam de uma pessoa para lembrar que o meio ambiente existe e que é muito importante para todos nós.

O Rodrigo segue todos os passos do Super Limpinho?

Rodrigo – Venho fazendo algumas coisas com muito incentivo da minha mãe. Ela sempre está me avisando para não tomar banho muito longo, fechar a torneira quando estou escovando os dentes, não jogar lixo na rua, desligar a luz quando sair do cômodo. Às vezes, não consigo, mas, com incentivo, estou conseguindo fazer. Acho muito importante, porque as crianças precisam se dar conta do que é o meio ambiente e sua importância.

Vem outra história por aí. Ela já está pronta?

Rodrigo – Depois que a gente teve a ideia do primeiro livro, a gente teve a ideia do segundo, que está começando a ser escrito, mas que vai ser uma surpresa para todos os ouvintes. Posso falar que vai ser uma aventura em que os vilões do primeiro livro vão entrar em ação novamente para poluir o meio ambiente da cidade de Limpópolis.

as aventuras do super limpinho 2Lançamentos de “As Aventuras do Super Limpinho”

28 de setembro, às 8h – Bienal do Livro Ubá Minas Gerais

1º de outubro, das 15h às 18h, no Independência  Shopping

7 de outubro, das 10 ao meio-dia – Livraria Leitura

7 de outubro, das 16h às 19h – Shopping  Jardim Norte

8 de outubro, das 16h às 19h – Shopping Alameda

12 de outubro, das 16 às 19h – Shopping Alameda

14 de outubro, das 14h às 16h – Loja Pindorama e Brinca Trupe

21 de outubro, às 10h – Semana Literária do Colégio Granbery

21 de outubro, das 16h às 19h -Jardim Norte

28 de outubro, das 10h ao meio-dia – Livraria Arco-Íris

28 de outubro, às 16h – Fundação Ricardo Moysés Júnior

 

“As aventuras do Super Limpinho”

Autores: Alcione Marocolo e Rodrigo Marocolo Chartouni

Editora: Cores e Valores

 

Marisa Loures

Marisa Loures

Marisa Loures é professora de Português e Literatura, jornalista e atriz. No entrelaço da sala de aula, da redação de jornal e do palco, descobriu o laço de conciliação entre suas carreiras: o amor pela palavra.

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