Junho promete ser um mês especial para os amantes da sétima arte em Juiz de Fora. O Mercado Cultural AICE abre suas portas para uma programação única dedicada ao cineasta Ruy Guerra, um dos nomes mais influentes do Cinema Novo brasileiro. Sempre às terças-feiras, às 19h, o público poderá assistir gratuitamente a algumas das principais obras do diretor no auditório do Mercado Municipal (segundo piso). Os ingressos são limitados e podem ser retirados a partir das 18h, no próprio local.
Nascido em Moçambique e naturalizado brasileiro, Ruy Guerra consolidou sua carreira com uma linguagem cinematográfica ousada e uma forte crítica social, características que o tornaram referência para o Cinema Novo e inspiração permanente para cineastas de todas as gerações. “A obra de Ruy Guerra representa fortemente o chamado Cinema Novo, movimento cinematográfico que se caracterizou pela singularidade artística e crítica social no Brasil”, destaca Cesar Piva, assessor especial para o desenvolvimento do Polo Audiovisual de Juiz de Fora.
Um mergulho na trajetória de Ruy Guerra
Ruy Guerra construiu sua carreira entrelaçando cinema e política. Com uma trajetória marcada pelo engajamento social e pela constante experimentação artística, seu trabalho impactou o cinema brasileiro e internacional. Ao longo dos anos, Ruy transitou por diversos gêneros e estéticas, mantendo sempre um olhar crítico e provocativo sobre a sociedade.
Ao participar da formação do Cinema Novo, ele contribuiu diretamente para a renovação da linguagem cinematográfica no Brasil nos anos 1960, apresentando ao público obras de forte cunho político e social, sem abrir mão da experimentação formal. A programação da Terça do Cinema é uma excelente oportunidade para redescobrir ou conhecer pela primeira vez a potência da obra desse mestre.
Confira a programação especial:
03/06 – “Os Cafajestes” (1962)
O primeiro longa-metragem de Ruy Guerra já chegou com impacto. Os Cafajestes acompanha Jandir, jovem de origem humilde, e Vavá, um playboy despreocupado. Vivendo entre festas e libertinagem nas praias cariocas, os dois se veem envolvidos em um plano ardiloso para conseguir dinheiro rápido. O filme causou polêmica à época de seu lançamento, mas hoje é considerado um clássico que introduziu uma estética moderna e provocativa no cinema nacional.
10/06 – “Os Fuzis” (1964)
Premiado no Festival de Berlim, Os Fuzis é um marco do Cinema Novo. O filme narra a chegada de um grupo de soldados a uma cidade nordestina assolada pela fome e pela miséria. Ali, sua missão é impedir que a população saqueie um depósito de alimentos. Com uma narrativa dura e imagens impactantes, Guerra constrói uma crítica severa à negligência governamental e às contradições sociais do Brasil.
17/06 – “Ópera do Malandro” (1986)
Baseado na peça de Chico Buarque, Ópera do Malandro é uma adaptação musical que mistura drama e comédia. No Rio dos anos 1940, Max, um típico malandro da Lapa, vive de pequenos trambiques até conhecer Ludmila, filha do dono de um cabaré, em meio ao cenário agitado da Segunda Guerra Mundial. O filme traz um retrato bem-humorado e crítico da sociedade carioca, com toques de nostalgia e muito samba.
24/06 – “Aos Pedaços” (2020)
Em seu filme mais recente, Ruy Guerra apresenta uma obra experimental e provocativa. Eurico Cruz acorda com a notícia de sua própria morte anunciada em um misterioso bilhete. Ao buscar respostas, ele mergulha em uma trama em que espaços, personagens e emoções se confundem. Após a exibição, o público poderá participar de um debate com o próprio cineasta, encerrando a programação com chave de ouro.
A Terça do Cinema no Mercado Cultural AICE é uma oportunidade rara para quem quer revisitar ou descobrir a filmografia de um dos grandes nomes do cinema brasileiro. Mais que uma simples homenagem, a programação propõe um mergulho profundo na obra e no pensamento de Ruy Guerra, que, com seu cinema provocativo e humano, permanece mais atual do que nunca.
