Um depósito ilegal de lixo localizado a apenas 600 metros do aeroporto Salgado Filho, na zona norte de Porto Alegre, está colocando em risco a segurança dos voos. A proximidade do lixão atrai aves como urubus, garças e maçaricos, que circulam nas proximidades das pistas, representando ameaça direta a pousos e decolagens.
Durante duas semanas, o Grupo de Investigação da RBS (GDI) flagrou a intensa movimentação de caminhões despejando lixo doméstico e entulho de construção civil na área. O terreno é alagadiço e cortado por arroios que deságuam no Rio Gravataí, alguns dos quais estão parcialmente bloqueados por resíduos como madeira, caliça e restos de obras.
Proprietário do terreno alega tradição e sobrevivência
O local pertence a Bruno Cardoso, de 28 anos, que admite usar os restos de comida despejados ali para alimentar seus porcos. “Minha família lida com reciclagem e também porco, galinha e cavalo há décadas. A gente larga para eles comida velha, de restaurante”, disse ele, em entrevista. Segundo Cardoso, a criação de animais e o reaproveitamento de resíduos fazem parte do modo de vida herdado dos pais, e ele alega não ter para onde ir.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) já autuou o proprietário com base nas imagens e denúncias obtidas pelo GDI. Cardoso afirmou que recebeu ordem para remover os animais do local em 30 dias, mas ainda busca alternativa. “É a nossa sobrevivência. A gente se alimenta dessa atividade. Agora disseram que não posso criar, mas criamos porco há 75 anos na região”, disse.