Floresta eleitoral

Por Leandro Mazzini

Numa canetada com vistas a votos, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, regularizou duas invasões ilegais dentro da Floresta Nacional de Brasília, criada há décadas para preservação da natureza no Cerrado no entorno da capital. Hoje moram cerca de 40 mil pessoas nos “assentamentos” 26 de Setembro e Maranata. A área tem serviços do Governo do Distrito Federal mas é de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Questionado pela Coluna, o órgão não se pronunciou. A Flona passa a ter agora pouco mais de 5 mil hectares, ante os 9 mil hectares de antes do decreto de Bolsonaro que legalizou a invasão – e isso é preocupante, porque estimula novas invasões do restante da reserva, com vistas a outras canetadas futuras. O ICMBio não informou também se haverá, e onde, a compensação pela perda por esta parte do bioma para a especulação imobiliária e grileiros.

Radiografia das embaixadas

As embaixadas no Brasil tratam as eleições com prioridade. Diplomatas buscam analistas para entender o movimento das ruas e o que eles sabem das relações com o Governo. Marcelo Rech, diretor do Instituto InfoRel, palestrou em quatro embaixadas em uma semana. Segundo Rech, as percepções dos estrangeiros são diferentes quanto ao tratamento. Nos telegramas, embaixadores reconhecem que o Brasil vai muito bem se comparado com a América Latina, os Estados Unidos e a Europa. Publicamente, preferem não tecer comentários que possam ser vistos como de apoio ao presidente Bolsonaro.

CHARGE 14 09 22

Mistério no Rio

A surpreendente prisão do ex-chefe de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, que disputa a eleição para deputado federal, reacendeu a briga velada entre a Polícia e o Ministério Público – autor do pedido de mandado de prisão – sobre o poder de inquérito que os procuradores sonham ter. Isso causa racha também em Brasília entre o MPF e a PF. Um mistério continua. Enquanto o MP aponta indícios de envolvimento de Allan com o jogo do bicho, não explica por que documentos sigilosos da operação no Jacarezinho, carimbados pelo MP, foram encontrados com traficantes alvos.

Tragédia seguida

A tragédia anunciada é pouca para um Brasil que desprotege os seus mais necessitados e onde há brecha jurídica para confusões ideológicas num assunto tão polêmico – e que envolve a saúde. A garota de 11 anos que engravidou por estupro, e ganhou o bebê, foi estuprada novamente no interior do Piauí. O acusado do primeiro crime foi assassinado. Ela não revela agora quem é o responsável pela segunda gestação. Fica o script assim, por ora: uma criança de 11 com dois filhos, e uma briga entre abortistas e religiosos sobre o que fazer com a segunda gravidez. A menina, confusa, em meio a tudo isso.

E o ensino?

Nos últimos quatro anos os gastos do Governo federal com o ensino médio da região Centro-Oeste diminuíram drasticamente. Dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos mostram que, em Goiás, o Fundo da Educação de 2020 apresentou queda de cerca de R$ 2 bilhões em relação ao ano anterior. No Distrito Federal, o valor autorizado para 2022 foi de R$ 5 bilhões, sendo menor que os R$ 5,6 bilhões de 2021.

Avanços

A FGV prevê crescimento entre 4,5% e 5% do mercado imobiliário. De acordo com o IBGE, o setor avançou 2,7% no segundo trimestre de 2022, em relação ao primeiro trimestre do mesmo ano. Em outra ponta, o Índice Abrasmercado mostra que os preços de alimentos básicos como óleo de soja, feijão, arroz, açúcar e hortifruti tiveram quedas em julho, aumentando o consumo nos lares brasileiros em cerca de 7,75%. No ano, o consumo nos lares acumula alta de 2,57%. Na comparação com junho de 2021, a alta é de 8,02%.

Leandro Mazzini

Leandro Mazzini

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