20 apresentar 20 álbuns de 1992 – Parte 3

Por Júlio Black

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Oi, gente.

Depois de um tempo maior que o esperado, retornamos com a nossa série com os grandes álbuns lançados em 1992. Nesta terceira parte, os escolhidos são os discos lançados há três décadas pelo Sonic Youth, Arrested Development, Aphex Twin e Sugar. Para quem perdeu as edições anteriores, lembramos que é só clicar aqui e aqui para ler as resenhas comemorativas dos trabalhos de Nick Cave & The Bad Seeds, Lemonheads, Morrissey, Tom Waits, PJ Harvey, Pavement, Ice Cube e Faith No More.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

SONIC YOUTH, “Dirty”

O sétimo álbum do Sonic Youth é considerado até hoje como o “disco de grunge” do grupo nova-iorquino – o que não deixa de fazer sentido, afinal o trabalho foi produzido por Butch Vig, que trabalhou com o Nirvana em “Nevermind”. As duas bandas, aliás, eram amigas e chegaram a excursionar juntas, como assistimos tantas vezes nos anos 90 em uma cópia VHS do excepcional documentário “1991 – The year punk broke”, de Dave Markey.

Voltando ao álbum: “Dirty” é considerado um dos clássicos do Sonic Youth, junto a álbuns como “Daydream Nation”, “Goo”, “Sister” e “EVOL”, entre outros. Partindo da influência do grunge, além do experimental-noise-alternative rock característico do quarteto, o que temos é uma quantidade absurda de canções clássicas. Podemos citar sem exageros músicas como “100%”, “Sugar Kane”, “Crème Brûlée”, “Drunken Butterfly”, “Theresa’s Sound-World”, “Swimsuit issue”, “Wish fulfillment”, “Youth against fascism” e “Orange rolls, Angel’s spit”.


ARRESTED DEVELOPMENT, “3 years, 5 months and 2 days in the life of Arrested Development”

Com um título que remete ao tempo que o grupo demorou para assinar contrato com uma gravadora, o álbum de estreia do Arrested Development foi saudado à época como uma das alternativas ao então emergente gangsta rap, graças às letras sobre espiritualidade, amor e paz de um de seus fundadores, Todd Thomas, mais conhecido como Speech – e único membro da formação original que permanece no grupo.

Com samples de nomes como Buddy Guy, Sly & The Family Stone, Earth, Wind & Fire, Prince e James Brown, entre tantos outros, “3 years…” é considerado um dos criadores de um subgênero do rap típico do Sul dos Estados Unidos, além de ter marcado presença nas listas de melhores álbuns de 1992. Basta ouvir músicas como “Tennessee”, “People everyday”, “Mr. Wendal” e “Mama’s Always on stage” para se deixar levar pelo som do Arrested Development.

APHEX TWIN, “Selected Ambient Works, 85-92”

É impossível não pensar em Aphex Twin e lembrar de “Come to daddy”, a perturbadora música que ganhou um videoclipe ainda mais insano e doentio, capaz de fazer qualquer música de heavy metal parecer cantiga de ninar. Ou puxar na memória todas as lendas que envolvem o irlandês Richard D. James, o homem por trás deste e outros tantos pseudônimos (Polygon Window, AFX, Caustic Window): que ele teria o mesmo nome do irmão morto; que comprou e morou no caixa-forte de um banco; que comprou um tanque de guerra; que construía seus próprios instrumentos.

Se existe uma certeza, é a de que Aphex Twin é um dos nomes mais influentes da música eletrônica em todos os tempos, e que Richard D. James é capaz de transitar pelos mais variados subgêneros do estilo musical. É o caso de seu álbum de estreia, uma coleção de peças de ambient music capazes de levar o ouvinte a novas e inesperadas experiências sensoriais. Segundo o artista irlandês, são músicas que começou a gravar em 1985, quando tinha apenas 14 anos, reunidas em uma fita cassete.

Fato ou lenda, o que podemos afirmar é que “Selected…” apresenta 74 minutos de grooves hipnóticos e irresistivelmente dançantes, mas longe dos frenéticos BPMs da dance music do início dos anos 90. É possível viajar e dançar com músicas como “Pulsewidth”, “Tha”, “Green Calx”, “We are the music makers” e “Xtal”.

SUGAR, “Copper blue”

Após a implosão do mítico Hüsker Dü em 1987, Bob Mould chegou a se arriscar como artista solo em dois álbuns com uma sonoridade bem diferente daquela que tornou a banda célebre. Como os discos não fizeram sequer aquela marolinha, o cantor, compositor e guitarrista resolveu montar o Sugar, desta vez acompanhado pelo baixista David Barbe e o baterista Malcolm Travis. Foi preciso menos de um ano para o trio lançar o excepcional “Copper blue”, eleito pela “NME” como o melhor álbum de 1992. Outras publicações também colocaram o disco entre os melhores do ano.

E podemos afirmar que as revistas e jornais musicais estavam cobertos de razão. O álbum de estreia do Sugar reúne em dez músicas e 45 minutos de duração o puro suco do rock alternativo dos anos 90, graças a músicas como “Helpless”, “Changes”, “Hoover Dam”, “A good idea”, “If I can’t change your mind”, “Slick” e “The act we act”.

Bob Mould fechou a lojinha do Sugar em 1996, com apenas dois álbuns de estúdio e um EP no currículo, mas o pouco que fizeram fez valer a pena a existência do trio.

 

Júlio Black

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