O ‘alô, alô, marciano’ da terceira temporada de ‘For all mankind’

Por Júlio Black

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Oi, gente.

Com tantos serviços de streaming buscando a atenção e o dinheiro das pessoas, fica difícil saber quais plataformas assinar e a quais seriados assistir. Já comentamos em mais de uma oportunidade que a Apple TV+ era uma das opções menos conhecidas e badaladas, apesar do preço camarada (R$ 9,90) e do excepcional catálogo, que, se perde em termos de quantidade, é top 3 quando o assunto é qualidade. E umas produções que fazem o serviço valer cada centavo investido é “For all mankind”, que teve sua terceira temporada encerrada há poucas semanas.

Quem acompanha a coluna sabe que elogiamos a produção desde sua primeira temporada, mas, assim como aconteceu com “The americans” (A MELHOR SÉRIE DO UNIVERSO, tá lá no Star+), “For all mankind” tem sido descoberta pela crítica e público aos poucos – tanto que a série criada por Ronald D. Moore (“Battlestar Galactica”, “Outlander” e várias séries de “Star Trek”) já teve sua quarta temporada confirmada pela Apple TV+, de um total de sete planejados pelo produtor.

E qual o barato de “For all mankind”? Trata-se de uma série que mistura ficção científica, drama e história para mergulhar em uma realidade alternativa em que a União Soviética venceu a corrida espacial até a Lua, colocando um cosmonauta em nosso satélite natural cerca de duas semanas antes dos norte-americanos, em 1969.

O principal resultado do feito é que a corrida espacial não terminou, ao contrário do que aconteceu em nossa realidade, e foi potencializada: sendo derrotados em seu grande objetivo, os Estados Unidos decidem continuar investindo nas viagens espaciais, e a meta da Nasa passa a ser instalar uma base espacial na Lua ainda nos anos 70 (para quem perdeu as aulas de História, os soviéticos desistiram do seu programa espacial lunar assim que Neil Armstrong deu um pequeno passo para um homem etc., e os norte-americanos fizeram sua última viagem em dezembro de 1972. Agora, a Nasa desenvolve a missão Artemis, que planeja levar seres humanos de volta à Lua em 2025).

Na primeira temporada, tivemos o assombro do mundo quando os soviéticos chegaram à Lua, seguido pelo prosseguimento da corrida espacial – e por consequência, da Guerra Fria – com os Estados Unidos e União Soviética planejando suas colônias lunares. Já a segunda temporada se passa nos anos 80 com os dois países numa tensão crescente, ainda mais devido à disputa pelos recursos minerais presentes em solo lunar, que quase levam o mundo à Terceira Guerra Mundial.

Para a terceira temporada, ambientada entre 1992 e 1996, a escala tinha que ser ainda maior e mais ambiciosa, e a escolha óbvia era Marte. O season finale do segundo ano de “For all mankind” já antecipava o que viria com um astronauta pisando o solo do Planeta Vermelho. Os Estados Unidos e a União Soviética (que, aqui, não teve o melancólico fim visto em 1991) seguem em seu jogo de gato e rato para ver quem chega primeiro ao nosso vizinho planetário; desta vez, porém, eles terão a concorrência da iniciativa privada, com uma empresa desenvolvendo o seu próprio projeto de levar seres humanos a Marte, além de… O que podemos dizer é que se trata de um dos plot twists mais legais de todos os tempos.

Acompanhamos, então, a corrida entre os países e a iniciativa privada para saber quem vence a corrida, assim como os perrengues da viagem e da vida em Marte, com o mundo acompanhando os dramáticos eventos que marcam a tripla epopeia.

Confesso que, em alguns momentos, é preciso caprichar na suspensão da descrença, pois a série carrega nas tintas em alguns momentos ao criar uma carga dramática desnecessária e que resvalam no dramalhão ou no inverossímil. Nada, porém, que estrague a experiência ou nos faça desistir da próxima temporada – sejamos sinceros, uma season que termina com música do Radiohead não pode ser ruim.

O que mais podemos dizer para convencer a ah miga leitora e o ah migo leitor a darem uma chance a “For all mankind”? Bem, a história é empolgante, provoca curiosidade, é muito bem contada, tem ótimos dramas, elenco excelente com personagens muito bem construídos, efeitos especiais de primeira…

E também é um ótimo exemplar da chamada ficção especulativa. Normalmente, o sci-fi imagina como seriam os avanços tecnológicos do futuro, mas em “For all mankind” a especulação se baseia em como seria o mundo com a corrida espacial desafiando a humanidade a encontrar soluções para os desafios que surgiram. É assim que a série mostra, em pleno anos 90, carros elétricos, celulares muito mais modernos que os produzidos há 30 anos, uma internet massificada e vídeo chamadas.

O que mais? Ah, sim: não foi só a corrida espacial que teve uma história alternativa. Mesmo que sejam mais fan services que outra coisa, na realidade de “For all mankind” os Beatles ainda estão juntos, John Lennon não foi assassinado, Nixon não renunciou, a União Soviética (como já escrevemos) não acabou, Ronald Reagan foi eleito presidente em 1976 (e não em 1984)… e Michael Jordan era jogador do Portland Trailblazers.

Boa parte desses eventos alternativos são mostrados nos sensacionais extras de cada temporada, em que reportagens fictícias mostram os efeitos desses fatos na história, acompanhados por um “o que aconteceu de verdade”. São pequenos detalhes que ajudam “For all mankind” a ser aquela série que todo mundo deveria assistir para imaginar como seria sua vida nessa realidade muito diferente e empolgante.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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