Ameaça de 50%: O impacto da nova tarifa americana no comércio com o Brasil

As atividades econômicas que podem ser mais afetadas pelo "tarifaço" seriam o Setor Secundário (Indústria) e o Primário (Agricultura)

Por Aidê Camile Souza Oliveira, Dayane Gomes da Silva, Isadora Furtado Nunes Marques, Pedro Paulo de Almeida Fiorillo, André Takano e Weslem Faria

Donald Trump, presidente dos EUA, anunciou em 9 de julho via Truth Social uma carta a Luiz Inácio Lula da Silva, expressando insatisfação com o STF e com as “graves injustiças do atual regime”. Como resposta, comunicou a intenção de impor uma tarifa de 50% a todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025.

A decisão tem enorme peso econômico, pois os EUA são o destino de 12% das exportações brasileiras (MDIC). A medida ameaça iniciar uma guerra comercial, visto que o governo brasileiro sinaliza com retaliação, impondo tarifas a produtos norte-americanos.

As atividades econômicas que podem ser mais afetadas pelo “tarifaço” seriam o Setor Secundário (Indústria) e o Primário (Agricultura). Segundo um estudo realizado pelo grupo de pesquisa NEMEA da UFMG, no âmbito industrial, a produção do setor de aeronaves sofreria um impacto negativo de 9,2% e queda de 22,3% nas exportações. No Setor Primário, o agronegócio seria duramente atingido, com projeção de queda de 11,3% nas exportações de carne de aves. A CNI corrobora, afirmando que os insumos produtivos para estas áreas seriam os que mais sofreriam.

Dentro da indústria de transformação, o caso da Embraer é emblemático. Com 60% de sua produção voltada ao mercado americano, a empresa ficaria em situação delicada. Cálculos do BTG Pactual indicam que a tarifa de 50% impactaria severamente suas margens, forçando um aumento de até 25% no preço de suas aeronaves comerciais, mesmo que seu modelo E1 não tenha substituto direto nos EUA.

No plano macroeconômico, a CNI projeta a perda de 110 mil postos de trabalho, resultando em retração de 0,21% na ocupação e de 0,16% no PIB. O cenário de incerteza pode afastar investimentos e levar o governo a preparar uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC), buscando apoio de BRICS e União Europeia.

Apesar do golpe, há nichos de resiliência, principalmente em produtos do agronegócio. Dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AMCHAM) mostram que itens de alta demanda como carne bovina, sucos de frutas e café, que tiveram forte alta recente nas exportações, poderiam manter alguma competitividade. A dúvida é por quanto tempo resistiriam a novas investidas tarifárias, o que leva empresários de ambos os países a buscarem uma negociação.

O Brasil reagiu de forma contundente. O presidente do Brasil defendeu a retomada da diplomacia e do multilateralismo, mas afirmou em nota oficial que o país é soberano, não aceitará ser tutelado e que qualquer medida unilateral de elevação de tarifas será respondida à luz da Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica.

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