É inegável a importância do café para a economia mineira. Em 2012, o estado foi responsável por 53% da produção cafeeira do país, com as mesorregiões da Zona da Mata e Campo das Vertentes aumentando sua participação dentro do estado (em 2000, as duas regiões respondiam por 16% do café mineiro, chegando a 19% em 2012). Apesar da crescente representatividade, as duas mesorregiões ainda apresentam rendimento aquém do estado como um todo. Em 2012, enquanto a média de produção em Minas Gerais foi de cerca de 1.550kg por hectare (acima da média nacional, de 1.400Kg/Hc), a média da Zona da Mata foi de 1.250Kg/Hc e a do Campo das Vertentes de 1.430Kg/Hc.
Em termos de homogeneidade de produção entre os municípios, há também diferenças (vide mapa): enquanto o Campo das Vertentes apresenta uma relativa homogeneidade de rendimento entre seus municípios, a Zona da Mata apresenta alguns municípios com rendimento muito abaixo da média do estado. Acompanhando a tendência de rendimento médio decrescente tanto no Brasil quanto em Minas Gerais, o número de municípios com rendimento abaixo de 400Kg/Hc vem aumentando nas duas mesorregiões, o que é um fator preocupante.
Diante do quadro negativo, a pergunta é: o que fazer para reverter a situação? Uma forma interessante é reforçar a credibilidade e a confiança na qualidade do café da região pela concessão de certificados de produção. Atualmente, há duas certificações que abrangem a Zona da Mata: o “Certifica Minas Café” e o “Marca Região das Matas de Minas”, ambas sediadas em Manhuaçu. O programa “Certifica Minas Café” é uma iniciativa do Governo de Minas Gerais executada pela EMATER-MG e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Para que seja certificada, a propriedade deve cumprir 95 itens de produção. Atualmente, 214 municípios mineiros e 1.643 propriedades participam do programa. O certificado “Marca Região das Matas de Minas” foi criado em 2010 por meio de uma parceria entre o Sebrae Minas e a Federação da Agricultura de Minas Gerais (FAEMG). Um dos critérios para que o café receba a certificação é possuir uma pontuação maior que 80 na tabela SCAA, da Associação Internacional do Café. Em 2013, 16% do café produzido na Zona da Mata cumpriu esse requisito.
Ao certificar as propriedades produtoras de café, as entidades promotoras visam a uma melhoria na gestão das propriedades, na preservação do meio-ambiente e na qualidade e rastreabilidade do produto. Como consequência dos processos pelos quais o café passa, as certificações implicam num aumento no valor agregado do produto, bem como facilitam a inserção dos produtores no mercado internacional, onde a exigência quanto aos processos de controle de qualidade e segurança alimentar são maiores. Em julho de 2013, pela primeira vez, um lote de café cultivado em propriedades inscritas no “Certifica Minas Café” embarcou para a Europa. O café desse lote recebeu uma premiação de R$ 3 por saca sobre o preço de mercado. É um valor considerável, se for levado em conta que, em 2012, a Zona da Mata produziu 5 milhões de sacas. O avanço prova aquilo que todo mineiro já sabe: que o café da nossa região tem qualidade e potencial, só precisa dos incentivos corretos para mostrar seus atributos para o resto do mundo.
Por Fernando Perobelli, Vinícius Vale, Verônica Cardoso, Felipe Lanziotti e Túlio Belgo
CMCJr – Faculdade de Economia/UFJF
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