Da ImprevidĂȘncia para a Reforma da PrevidĂȘncia

Por Conjuntura e Mercados Consultoria Jr.

A contribuição paga pelo trabalhador a fim de assegurar renda em momentos atĂ­picos, como quando ocorre algum acidente, licença-maternidade ou atĂ© mesmo quando o cidadĂŁo resolve se aposentar, Ă© a frente do debate levantada pelo presidente em exercĂ­cio Michel Temer. A PrevidĂȘncia Social Ă© tida como uma das grandes conquistas trabalhistas. Mas nĂŁo Ă© sĂł aqui que a conquista dĂĄ muita dor de cabeça aos gestores pĂșblicos que tentam fazer milagres para pagar a conta da seguridade social.

O sistema previdenciĂĄrio brasileiro atual funciona de forma trĂ­plice. O trabalhador contribui proporcionalmente ao salĂĄrio, o empregador recolhe de acordo com a folha de pagamento e a terceira parte cabe ao Governo federal, obrigado a cobrir eventuais casos de insuficiĂȘncia financeira do sistema. Como a insuficiĂȘncia vem sendo recorrente, a contribuição do Governo, financiada pelos tributos pagos por todos os brasileiros, Ă© de fundamental importĂąncia para que as contas fechem. Mudanças demogrĂĄficas enfrentadas pelo paĂ­s nos Ășltimos tempos, queda na atividade econĂŽmica e aumento do desemprego dificultam essa missĂŁo.

Em 2015, a PrevidĂȘncia Social pagou R$ 436,09 bilhĂ”es em benefĂ­cios previdenciĂĄrios. Desse total, cerca de 89,32% (R$ 389,5 bilhĂ”es) foram aposentadorias, e esse valor sĂł tende a aumentar, pois a população brasileira vem envelhecendo. Segundo estudo do IBGE, a porção da população com mais de 65 anos em 2000 era de 5,6% do total; em 2016, chegou em 8%; e deve alcançar 12% atĂ© 2026. JĂĄ a parcela entre 15 e 64 anos, que contribui para o sistema, atualmente representa 69,1%, deve continuar a crescer atĂ© 2022, alcançando quase 70%, para entĂŁo começar a cair. As projeçÔes para 2060 revelam o tamanho do problema: a parcela com mais de 65 anos deve saltar para 27% e a parcela entre 15 e 64 anos deve cair para 60%. Com menos gente contribuindo e mais idosos fazendo uso do sistema, o Governo precisarĂĄ atuar para fechar a conta.

O rombo da previdĂȘncia foi de R$ 85,8 bilhĂ”es em 2015. Este ano, o cenĂĄrio deve piorar, com a economia em recessĂŁo e alto desemprego contribuindo para a queda na arrecadação previdenciĂĄria, gerando um rombo que pode chegar a mais de R$ 140 bilhĂ”es. Este serĂĄ um dos principais responsĂĄveis pelo dĂ©ficit de R$ 170 bilhĂ”es que o MinistĂ©rio da Fazenda espera para o resultado primĂĄrio (diferença entre gastos e receitas tributĂĄrias) das contas do Governo para 2016. Com isso, a dĂ­vida bruta do setor pĂșblico chegarĂĄ a aproximados 70% do PIB (ou R$ 4,2 trilhĂ”es, segundo dados do Banco Central). Como se vĂȘ, a discussĂŁo da reforma previdenciĂĄria, a ser proposta pelo Governo, vai em busca de um equilĂ­brio de mĂ©dio e longo prazo das contas pĂșblicas, necessĂĄrio para que a conquista nĂŁo se transforme numa imprevidĂȘncia.

Por Gabriele Ribeiro, Matheus Martinez e Wilson Rotatori. Email para: [email protected]

Luciane Faquini

Luciane Faquini

A Tribuna de Minas nĂŁo se responsabiliza por este conteĂșdo e pelas informaçÔes sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentĂĄrios nĂŁo representam a opiniĂŁo do jornal; a responsabilidade pelo seu conteĂșdo Ă© exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injĂșrias e agressĂ”es a terceiros. Mensagens de conteĂșdo homofĂłbico, racista, xenofĂłbico e que propaguem discursos de Ăłdio e/ou informaçÔes falsas tambĂ©m nĂŁo serĂŁo toleradas. A infração reiterada da polĂ­tica de comunicação da Tribuna levarĂĄ Ă  exclusĂŁo permanente do responsĂĄvel pelos comentĂĄrios.



Leia também