Sempre ouvi dizer que em Juiz de Fora as pessoas não valorizam a gastronomia e tão pouco privilegiam os estabelecimentos e, até háalgum tempo, eu tinha plena convicção de que isto era verdade.
Em minhas andanças e bate-papos com amigos e ‘chefs’ do Brasil, chego à conclusão que todos os mercados, inclusive São Paulo, passam pelo mesmo problema ao se tratar de números de clientes que buscam uma gastronomia regional, em um mercado que este trabalho é o grande combustível para a criatividade dos ‘chefs’ de cozinha.
Posso dizer com muita satisfação que Juiz de Fora apresenta um crescimento significativo no número de pessoas que não só apreciam, mas também entendem de gastronomia, como sabem diferenciar os estabelecimentos que trabalham sério. O juiz-foranovaloriza cada vez mais os produtos locais, a utilização de orgânicos e da agricultura familiar, os pratos regionais. Isso é amadurecimento!
Se pararmos para refletir o que fazem as influentes e respeitadas cozinhas francesas, italianas e japonesas, nada mais éque valorizar seu ‘terroir’, seus produtos e produtores, suacultura e sua história. Claro que é difícil pensar em um sentimento de nacionalismo como o deles, pois são todas nações que passaram por guerras e que têm uma sólida organização democrática e valorizam o ser humano. Sabemos que essa diferença é o grande abismo entre nossa cultura e a deles, mas podemos nos orgulhar, pois o trabalho de valorização da gastronomia local que começou nas mãos de grandes ‘chefs’ como Alex Atala e Claude Troisgros e que segue firme conosco, ‘chefs’ da nova geração, também está sendo reconhecido pelo grande público.
Salve o acarajé, o tropeiro, o tacacá!! Salve nosso povo, nossa história, nossa gastronomia!!!
Pablo Oazen – ‘chef’ e leitor convidado