Fala Quem Sabe
Brasil enfrenta uma tripla crise
No texto bíblico está dito: “depois da tempestade vem a bonança”. Mas não é sequência automática. Depende do aprendizado que construímos.
O mundo inteiro está mergulhado num momento desafiador. A presente crise promove a combinação perversa entre a violenta pandemia do coronavírus e o fantasma de uma crise econômica inédita e devastadora.
Felizmente, na saúde, com todas as mazelas e problemas, o SUS é um sistema nacional unificado e coordenado, com capilaridade e descentralização de ações. Sofre sempre o problema crônico de falta de recursos, mas heroicamente resiste e enfrenta a epidemia. A saúde suplementar complementa as ações públicas cuidando de 47 milhões de brasileiros. Mas o sistema de saúde pode colapsar.
Na economia, as medidas necessárias estão sendo tomadas pelo governo e pelo Congresso. Enfrentaremos uma forte recessão. A retomada do crescimento e as reformas necessárias foram bruscamente interrompidas. O futuro é incerto.
Não bastando as crises sanitária e econômica, soma-se uma instabilidade política imensa. Manifestações inconstitucionais pelo fechamento do Congresso e do STF e pela volta do AI-5, a demissão inoportuna do competente ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e agora a saída do governo do símbolo da Lava Jato e do combate à corrupção, ministro Sérgio Moro, em condições delicadíssimas.
Mais do que nunca o Brasil vai precisar de serenidade, diálogo, firmeza e liderança para superar a tripla crise.
(Marcus Pestana é ex-deputado, ex-secretário de Saúde de Minas Gerais e leitor convidado)