PARA ELES, O NATAL É O ANO INTEIRO
Tempo de solidariedade e confraternização, o Natal não se restringe apenas ao 25 de dezembro. Para dez voluntários, ele é praticado ao longo de todo o ano, com ações filantrópicas que simbolizam, de fato, o verdadeiro espírito da data mais importante do cristianismo. A coluna ouviu alguns juiz-foranos que, à frente de instituições ou não, revelaram o que pensam sobre o Natal.
NELY FALABELLA
O Natal é “momento de crescimento, é renascimento, renovação. Procuro dar sempre um presente a Jesus no seu aniversário, ser uma pessoa melhor a cada ano”.
Em 2001, quando buscava “algo novo” em sua vida, Nely Falabella conheceu a Associação dos Amigos – Aban e se encantou com a seriedade, a organização e o comprometimento da equipe em suas ações sociais. Desde então, passa as tardes na comunidade do Dom Bosco acolhendo idosos, crianças, famílias em vulnerabilidade e dependentes químicos.
CILEIA CALIL NADER
O Natal é “confraternização, amor, oração e cuidar dos mais necessitados”.
Ao lado do filho José Rogério, dona Cileia Calil Nader há 15 anos criou a Fundação Amor, instituição referência no tratamento da dor do câncer e dores crônicas. Do alto de seus 83 anos, ela não poupa esforços para o atendimento, que chega a uma média de 200 por mês.
O Natal é “um desejo que a solidariedade, o amor e a paz se espalhem em todos os lares e que o menino Jesus derrame suas bênçãos sobre nós”.
Presidente da Ascomcer, Alessandra Sampaio trabalha há 16 anos como voluntária e há 14 na instituição. Para ela, “não há recompensa maior que saber que podemos ajudar a quem precisa com simples gestos”.
ANTÔNIO CARLOS DA SILVA ESTEVÃO
O Natal é “é partilha e Deus tem me concedido vivê-lo o ano inteiro, junto com todos que compõem o querido Abrigo Santa Helena”.
Trabalhar com a irmã holandesa Ana Maria, ligada ao Padres Crúzios, foi uma experiência marcante no início do envolvimento de Antônio Carlos da Silva Estevão com a filantropia, nos anos 80, em São Paulo. Em 1989, veio morar no Linhares, onde funcionou a Clínica Santa Marta, voltada ao acolhimento de idosos na propriedade pertencente ao saudoso vereador Raymundo Hargreaves. Em 2012, assumiu a presidência do Abrigo Santa Helena, onde marca presença todos os dias, “exceto naqueles poucos que preciso viajar a trabalho”.
O Natal é “festejar o nascimento de Jesus, que é a maior mensagem do amor de Deus que desceu à Terra. Jesus nos ensinou: “vesti os nus, dai de comer a quem tem fome”. Ainda hoje, Jesus continua vivo e atuante em nosso benefício, confiemos.”
Na década de 1960, dona Isabel Salomão de Campos
iniciou o atendimento semanal na Fundação João de Freitas. Posteriormente, ampliou com a distribuição mensal na Vila Olavo Costa. Fundadora e presidente da Comunidade Espírita A Casa do Caminho, há 33 anos ela fundou o Lar do Caminho, onde desenvolveu atendimento aos meninos residentes e suas famílias. Outras 300 famílias são igualmente atendidas mensalmente, com cestas básicas.
RENÊ GONÇALVES
O Natal é “a festa de aniversário do menino Jesus. E como tal deve ser tratado. Na minha casa, a figura principal é o presépio”.
Desde a juventude, Renê Gonçalves acompanhou a mãe, Regina Salomão – uma das dez fundadoras do Hospital São Camilo de Léllis – nos preparativos de almoços e eventos em prol da instituição. A fundação teve ainda a importantíssima participação do monsenhor Miguel Falabella. Aos 87 anos, é provedora de honra da Casa São Camilo de Léllis, que esteve à frente por dez anos. “Temos 48 leitos e a ordem é para que eles nunca fiquem vazios. A luta para isso é muito grande”, afirmou Renê.
O Natal é “para mim é um tempo de reflexão, de introspecção. É tempo de voltar os olhos para dentro de si, e como um juiz implacável, julgar suas próprias atitudes, suas próprias ações. E caso não esteja sendo um bom filho, pedir perdão de coração e recomeçar de maneira diferente” .
Sua participação nas questões filantrópicas teve início com o ingresso na maçonaria em 1964, participando ativamente de campanhas de cunho social e humanitário. Em 1978, por meio do Lions Centro, conheceu a Associação dos Cegos e a causa da inclusão das pessoas com deficiência visual e da prevenção da cegueira. “Desde então, tento dividir meu tempo, parte com a minha família – que é o meu grande tesouro, e parte com essa causa pela qual me apaixonei e que se tornou a minha missão de vida”.
MARIA APARECIDA DA SILVA
O Natal é “um ato de solidariedade que poderia ser todos os dias”.
Ao perceber a grande necessidade que passava com os sete filhos, além dos vizinhos e amigos da Vila Olavo Costa, Maria Aparecida da Silva resolveu agir. Ela fundou a Sociedade Beneficente Mão Amiga, que completou 30 anos em agosto e hoje tem sua sede no Ipiranga. Vencendo as dificuldades, a instituição atende 250 famílias cadastradas, com serviços de psicólogo, fonoaudiólogo, psiquiatra, advogado, cursos profissionalizantes e distribuição de cestas básicas.
O Natal é “o nosso dia a dia quando se serve, em qualquer forma de solidariedade e há um suave e doce encantamento que enternece o indivíduo, dando-lhe sentido existencial e dignidade humana”.
Foi em homenagem ao filho, falecido em maio de 1994, que Jane Moysés iniciou o trabalho como voluntária, juntamente com familiares e um grupo de amigos. A criação da Fundação Ricardo Moysés Júnior aconteceu em outubro daquele ano, transformando a dor da perda em dedicado trabalho de combate ao câncer infanto/juvenil. Já são 20 anos de atividades ininterruptas.
O Natal é “generosidade e comprometimento com a vida em comunidade. A busca insistente de tornar esses sentimentos, parte de nosso cotidiano, colocando, a cada dia mais, um pequenino grão de areia na imensa “catedral da solidariedade”, com o amor fraterno que nos trouxe, há mais de 2000 anos, o nascimento do pobre menino da manjedoura”.
Na década de 60, então cadete das Agulhas Negras, José Mauro Moreira Cupertino despertou para o exercício do voluntariado. Foi prestando serviços na Associação Beneficente da Escola Profissional Vovó Antonina, em Resende (RJ). Aos 71 anos, é um dos mais dedicados voluntários da ALAE, onde foi presidente por quatro anos.