Coluna CR – 16-10-2016

Por Cesar Romero

A medicina e seus princípiosangelo

Em 2014 ocorreu consulta para a direção da Faculdade de Medicina da UFJF para os próximos quatro anos. Fui honrado por um grupo de colegas para enfrentar este desafio, que certamente está sendo difícil e penoso. Relutei muito antes de aceitar. Afinal, no crepúsculo, tinha projetos mais lúdicos de vida após tantos anos e tanta coisa vivida. Mas, não resisti ao chamado do médico que existe em mim. E procurei encontrar algo, que pautasse minha conduta, mas ganhasse o pleito e mesmo que o perdesse. Fui encontrar, através de Rubem Alves, na vida de Albert Schweitzer, teólogo, músico, filósofo e médico alemão, Prêmio Nobel da Paz em 1952.

Schweitzer fez um pacto consigo e com Deus aos 20 anos. Até os 30 anos ele faria tudo o que lhe desse prazer e após iniciaria um novo caminho. Ele se doutorou em teologia, tornou-se o maior intérprete de Bach na Europa e se doutorou em filosofia.

Mas uma frase de Jesus pautou sua vida “a quem muito se lhe deu, muito se lhe pedirá” e aos 30 anos começou o curso de medicina. Tornou-se um médico completo. Dentro dele, a filosofia, a música o misticismo e a ética. Ele sabia que somente o pensamento muda as pessoas.

Um dia, em uma barca indo atender em uma aldeia, seu espírito estava atormentado com a questão – “qual é o princípio ético” – quando lhe veio o entendimento, quase como iluminação: “o princípio ético é a reverência pela vida”. Tudo o que é vivo deseja viver. Tem o direito de viver. Nenhum sofrimento pode ser imposto às coisas vivas para satisfazer o desejo dos homens.

Assumi este compromisso comigo sempre. Agraciado que fui tentei ser o médico que se dará a tudo fazer em nossa comunidade. Acima de tudo que tenha reverência pela vida e pelas pessoas. Um médico em que a tecnologia esteja a seu serviço e não esteja ele a serviço da tecnologia. Que seja uma figura de esperança, mesmo onde ela não mais exista.

Sei que é utopia e quixotismo. Mas sem eles não poderia amar o desafio, pois mais que aceitar é preciso acreditar e amar o que vamos fazer.

 

Ângelo Atalla – diretor da Faculdade de Medicina da UFJF e leitor convidado

Cesar Romero

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