Fala Quem Sabe: Impactos da pandemia em Ibitipoca

Por Cesar Romero

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Impactos da pandemia em Ibitipoca

Sábado, dia 14 de março, foi um dia histórico para Ibitipoca. A comunidade e todo seu ‘trade’ turístico foi convocada pelo Parque Estadual do Ibitipoca para uma reunião ao ar livre, para tratar sobre uma possível suspensão da visitação em virtude da pandemia, que estava cada vez mais próxima. Naquele fim de semana, todos já estavam muito receosos de que turistas de várias partes do Brasil e do mundo que estiveram no Parque tivessem trazido o vírus.

Essa reunião nos colocou diante da realidade que tomou conta da vida de todos nos meses seguintes. Na quarta-feira, dia 18 de março, o IEF publicou portaria suspendendo a visitação no Parque por 30 dias e, após este prazo, determinou a suspensão por tempo indeterminado. A conservação da natureza é objetivo do parque, mas a visitação é o que promove e dá sentido à conservação. Através da visitação, a sociedade se reconecta com a natureza e assim se fortalece a consciência de que precisamos cuidar dos nossos recursos naturais. O lazer e a recreação em parques são mais que prazer e relaxamento dos dias tensos de trabalho nas cidades. São também propulsores de saúde física e mental. Além disso tudo, a visitação é provedora da vida econômica e social da população local e, consequentemente, da região, como é o caso do Parque Estadual do Ibitipoca.

O fechamento do parque é, sem dúvida, um grande impacto para todos, não só para humanos. Após alguns dias sem visitação e com a circulação restrita à equipe do Parque, foram observadas pegadas de animais como a onça-parda e o lobo-guará por onde só se viam marcas de tênis e botas. Havia uma sensação de que os bichos estavam se perguntando: o que aconteceu com os humanos? Onde estão? Então, marcaram com fezes e urina territórios que antes eram evitados em função da presença humana. Sem operar os serviços de visitação do parque, foi possível que a equipe traçasse uma estratégia de trabalho e se dedicasse a fazer várias outras atividades, algumas delas bem longe da lista de prioridades, ainda que relevantes. Cada funcionário passou a ir a campo com sua missão diária, individualmente, para evitar interações sociais. Já na primeira semana, todas as pichações que infelizmente existiam em grutas, paredões e estruturas foram eliminadas. O pouco lixo existente nas trilhas e atrativos foi recolhido e o parque está limpíssimo. O trabalho de drenagem nas trilhas, que já estava sendo feito, ganhou força e quase 100% das trilhas estão manejadas. O trabalho de melhoria da sinalização, que também já estava em curso, foi impulsionado e falta pouco para ter todo sistema implantado.

Novas escadas, pontes e bancos foram instalados. Tudo isso para que “nossa casa” esteja mais arrumada para voltar a receber as visitas e para induzir que os visitantes se comportem adequadamente podendo conviver em harmonia e segurança com a natureza, sem causar impactos indesejáveis. O parque promoveu também ‘lives’ de diversos temas para diminuir a distância e levar conhecimento ao seu público. Enquanto isso, a comunidade de Ibitipoca mantém-se unida ao parque acompanhando todo esse trabalho pelas redes sociais e esperando pacientemente o momento da reabertura que está por vir. Durante esta fase difícil para todos, o parque não parou. Continua firme na sua missão de ser referência em turismo ecológico e estará sempre se aperfeiçoando para mostrar que é possível humanos e natureza coexistirem e fazerem disso um bom negócio.

(Clarice Nascimento Lantelme Silva é gerente do Parque Estadual do Ibitipoca/IEF-MG)

Cesar Romero

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