Porque o brasileiro lê tão pouco?
Perguntam-me, com base na pesquisa do Instituto Pró-livro, porque o brasileiro lê tão pouco. Não é uma resposta fácil. Não cola mais botar a culpa no preço dos livros. Livros têm sido distribuídos por aí, aos montões, mas somente isto não basta. As justificativas podem estar em toda a cadeia do livro (editores, professores, bibliotecários, livreiros, escritores, ilustradores, ‘designers’, universidades, distribuidores) e, obviamente, no poder público, na garantia de recursos para sustentar ações de promoção da leitura, na criação dos planos municipais e estaduais do livro e da leitura. Povo sem leitura é povo submisso; quanto mais ignorante, mais manipuláveis e isto, claro, interessa aos políticos obtusos. Povo leitor nem sempre interessa a um governo. Livro tem que ser objeto cotidiano e quem lê incomoda. A integração com as novas mídias, o mundo globalizado, a inclusão das populações mais pobres, o envolvimento e a mobilização de toda a sociedade, são questões obrigatórias de reflexão e mudanças de comportamento, sobretudo por parte da escola e da biblioteca, espaços estes, que considero os mais privilegiados para a formação de leitores. Será que a escola ajuda, mesmo, na continuidade da “paixão” pela vida toda? E os bibliotecários, será que se preparam para a competência articuladora? Parte da solução se concentra na multiplicação e responsabilidade dos mediadores. Em 31/10/1996, aconteceu uma mesa-redonda, no Centro de Estudos Murilo Mendes, geradora de uma publicação simples, “A situação do livro e das bibliotecas em Juiz de Fora”, com a relevante participação do saudoso professor Fuad Yasbeck, Ivanir Yasbeck, Jorge Sanglard, Christina Musse, Flávio Cheker, Marisa Timponi, Henrique Simões e outros, com questionamentos inquietantes. Uma análise estrutural válida até para a atualidade e, por isto, quem sabe, o desafio, a possibilidade de continuarmos a lutar, conjuntamente, por mais leitores, pela defesa inquestionável de uma Juiz de Fora mais inclusiva, no resgate de uma nova história e estatísticas menos dolorosas!
Lygia Dias de Toledo – bibliotecária e leitora convidada