Fala Quem Sabe: Samba, o ritmo democrático da alegria
Quando o ronco da cuíca e a chamada do tamborim ressoam no ar, violão, cavaco, tantã e pandeiro começam a tocar, dando “cor” à brincadeira. O auge do encontro se dá quanto o surdo intensifica a batida do nosso coração. Cada brasileiro nasce trazendo uma escola de samba dentro de si e não dá pra negar a importância sociocultural que o samba exerce na história do nosso país.
Presente na digital brasileira, o samba tem a magia de unir e igualar todas as classes sociais, democrático em sua proposta de alegrar a todos. E, hoje, a gente celebra o Dia Nacional do Samba.
Eu cresci ouvindo grandes nomes da música brasileira, entre eles, Alcione, Elza Soares, Martinho da Vila. Profissionalmente, em 2013 o samba me cantou e me potencializou, enquanto cantora. Me apaixonei de vez, pela profissão e pelo ritmo. Mesmo não me intitulando “sambista”, adoro me sentir pertencente desta família. E como toda família, traz questões a serem discutidas e, claro, quis entrar neste diálogo também.
A mulher esteve presente em todos os momentos fundamentais para a concepção do samba como conhecemos hoje, desde Tia Ciata, que cedia sua casa para as reuniões que dariam, posteriormente, toda a forma ao nosso samba, até a dama maior, Dona Ivone Lara, cantora, compositora e instrumentista. Mulheres fortes que inspiraram várias outras na luta pelo verdadeiro espaço da mulher, no samba e na música brasileira. O microfone e o título de passista nos pertencem, mas queremos e merecemos muito mais. Somos cantoras, compositoras e instrumentistas de mão cheia.
O dia 2 de dezembro é muito importante para a cultura brasileira. O samba representa a história de um povo, o seu cotidiano, suas lutas e alegrias. Celebrar as influências que ainda não perdemos garante o legado para o futuro. Valorize o bom samba de periferia, o samba das mulheres, aquele partido alto firmado na palma da mão e viva ao samba e toda a sua contribuição para a construção da memória deste país!
(Alessandra Crispin é cantora, compositora e leitora convidada)