Fala Quem Sabe…
Comunidade precisa estar inserida no espaço público
Frequentemente ouvimos, e fazemos, reclamações sobre o descaso, a má conservação e o abandono da nossa cidade. Essa situação é bastante visível em suas ruas, onde presenciamos o mau estado de suas calçadas, a falta de manutenção dos equipamentos públicos, a falta de segurança, o lixo e as pichações.
Diferente dos grafites – arte urbana feita com esmero e técnica, as pichações, constituem-se geralmente em assinaturas e “garranchos” muitas vezes ilegíveis e feitos apressadamente. Como para a maioria das pessoas elas também me incomodam. Não gosto delas e, mais do que isso, sinto-as como violentas invasoras, como visitantes muito inoportunas naqueles lugares onde convivo. Mas é preciso constatar que elas são geralmente fruto da falta de cidadania. Me explico. A condição fundamental para se formar e se afirmar como cidadão é a de se reconhecer na cidade que a gente vive e se sentir como parte integrante dela. Uma cidade onde não se cuida e não se respeita o que é seu, quer sejam os seus habitantes ou as suas edificações é uma cidade fadada ao descaso e ao abandono.
Temos que ter uma gestão que preze pelo cuidado rotineiro com os espaços públicos mantendo-os sempre limpos, bem iluminados, bem projetados e/ou revitalizados, com instalações, segurança e atividades adequadas, de forma que convidem as pessoas para os utilizarem frequentemente, fazendo com que elas se sintam “em casa”. Mas também que se realizem, no âmbito municipal, políticas públicas inclusivas e participativas que permitam que os diferentes grupos sociais participem efetivamente das decisões, não privilegiando alguns grupos sociais e econômicos em detrimento de outros cujos integrantes poderão se sentir marginalizados, procurando obter algum espaço com outros tipos de ações, como as pichações.
(Marcos Olender é professor de história da UFJF, diretor de patrimônio do IAD e leitor convidado)
Eles Acontecem
JF Por Aí…