Fórum Econômico Mundial 2025: o futuro do trabalho e a transformação das habilidades

Segundo o novo relatório, o futuro do trabalho será moldado por transformações profundas em várias frentes, incluindo a tecnologia, as habilidades exigidas e, claro, a maneira como os empregadores e os governos irão reagir a essas mudanças.

Por Marcelle Larcher

O Fórum Econômico Mundial de 2025, realizado em Davos, na Suíça, entre os dias 20 e 24 de janeiro, trouxe à tona discussões crucialmente importantes sobre a evolução do trabalho, principalmente em um cenário marcado por inovações tecnológicas rápidas. 

O evento, que reuniu líderes globais, abordou o tema central: “Colaboração na Era da Inteligência”. Esse tema não poderia ser mais adequado, visto que estamos vivendo uma revolução em como as pessoas trabalham, aprendem e se conectam. 

Segundo o novo relatório, o futuro do trabalho será moldado por transformações profundas em várias frentes, incluindo a tecnologia, as habilidades exigidas e, claro, a maneira como os empregadores e os governos irão reagir a essas mudanças.

 O mercado de trabalho de 2030: tendências e transformações

O futuro do trabalho, conforme projetado para os próximos anos, será impulsionado por megatendências globais como a transformação digital, a automação e a transição verde. O relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, trouxe um dado significativo: até 2030, as tendências de transformação, especialmente nas áreas de tecnologia, economia e demografia, devem gerar mais de 170 milhões de novos empregos. Porém, isso também significa que 92 milhões de empregos podem desaparecer.

Essas mudanças não são apenas sobre o que as empresas vão fazer, mas também sobre como as pessoas se posicionam em relação a essas transformações. O que antes parecia distante, como a integração da inteligência artificial (IA) nas atividades do dia a dia, já é uma realidade que avança em ritmo intenso. Mas, ao mesmo tempo, há setores fundamentais da economia que seguirão como pilares do mercado de trabalho. Mesmo em um mundo em que o big data, a automação e os algoritmos estão redefinindo a maneira de trabalhar, profissões mais tradicionais, como motoristas de entrega, cuidadores, educadores e trabalhadores rurais, continuam a ser essenciais

Por isso, o mercado de trabalho até 2030 não será uma visão polarizada entre tecnologia e setores tradicionais, mas sim um cenário híbrido, em que novas profissões vão coexistir com aquelas essenciais para a sociedade. Mas é claro, muitas delas demandarão uma adaptação de habilidades para que os profissionais estejam preparados para os desafios que o cenário promete

Empregos em alta: o que esperar até 2030

Ao olhar para o futuro, podemos perceber com clareza quais empregos terão um crescimento expressivo até 2030. Profissões ligadas à tecnologia, à inovação e à sustentabilidade são as grandes apostas para os próximos anos. Entre as funções que mais crescerão, podemos destacar:

  1. Trabalhadores rurais, trabalhadores braçais e outros trabalhadores agrícolas
  2. Motorista de caminhonete ou de serviços de entrega
  3. Desenvolvedores de software e aplicativos
  4. Carpinteiros, azulejistas e profissões semelhantes
  5. Vendedores de lojas
  6. Trabalhadores de processamento de alimentos e profissões relacionadas
  7. Motoristas de carro, van e motocicleta
  8. Profissionais de enfermagem
  9. Trabalhadores que servem comidas e bebidas
  10. Gerentes gerais e de operações
  11. Profissionais de assistência social e aconselhamento
  12. Gestores de projetos
  13. Professores de universidade e educação superior
  14. Professores de segundo grau
  15. Setores de cuidados pessoais

3. Desafios e ameaças: funções que estão em declínio

Por outro lado, assim como algumas profissões terão crescimento, outras enfrentarão um declínio acentuado. O impacto da automação e da inteligência artificial será sentido principalmente nas funções repetitivas, aquelas que podem ser facilmente substituídas por máquinas ou algoritmos.

Alguns dos empregos em declínio até 2030 incluem:

  1. Caixas e bilheteiros
  2. Assistentes administrativos e secretárias executivas
  3. Zeladores, faxineiras e governantas
  4. Assistentes de controle de materiais e estoquistas
  5. Trabalhadores de impressão e profissões relacionadas
  6. Assistentes de contabilidade, escrituração e folha de pagamento
  7. Contadores e auditores
  8. Atendentes de transporte e condutores
  9. Guardas de segurança
  10. Caixas e auxiliares bancários
  11. Auxiliares de entrada de dados
  12. Trabalhadores de atendimento e informação ao cliente
  13. Designers gráficos
  14. Gerentes de serviços empresariais e administração
  15. Reguladores, examinadores e investigadores de sinistros

A lacuna de habilidades: o maior desafio para o futuro do trabalho

Uma das conclusões mais impactantes do relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025 é que a lacuna de habilidades é o principal obstáculo à adaptação do mercado de trabalho às transformações tecnológicas. O cenário global aponta que, até 2030, 59% da força de trabalho mundial precisará passar por processos de requalificação ou aperfeiçoamento de suas habilidades.

Essa situação não se limita a uma questão de disponibilidade de trabalho, mas sim à qualificação dos trabalhadores. Profissões que exigem um maior domínio de tecnologias emergentes, como inteligência artificial, cibersegurança e big data, estão em alta demanda. No entanto, o aumento da demanda por habilidades humanas como criatividade, pensamento crítico e colaboração também será um fator determinante para a competitividade no mercado de trabalho.

Os desafios educacionais são claros: é essencial que os sistemas de ensino se alinhem com as necessidades da economia digital. A integração de tecnologias educacionais, aprendizado contínuo e a promoção de habilidades socioemocionais são fundamentais para que as futuras gerações estejam preparadas para um mercado de trabalho em constante mudança.

10 habilidades do futuro: o que os profissionais precisam desenvolver

A grande pergunta que fica é: quais habilidades os profissionais precisam desenvolver para se manterem competitivos? Em primeiro lugar, é essencial que os trabalhadores integrem tanto habilidades técnicas quanto habilidades interpessoais. A tendência é que as empresas exijam uma combinação de habilidades digitais e humanas, criando um perfil de profissional multifacetado, capaz de navegar no mundo da tecnologia sem perder sua humanidade.

As 10 habilidades que terão maior índice de crescimento até 2030 incluem:

IA e Big Data: o crescimento acelerado da Inteligência Artificial e o uso de grandes volumes de dados (Big Data) criam uma enorme demanda por profissionais capazes de lidar com essas tecnologias e extrair insights valiosos para as empresas.

Redes e segurança cibernética: com o aumento da digitalização e da conectividade, a necessidade de especialistas em cibersegurança se intensifica, garantindo que os dados e sistemas permaneçam protegidos contra ataques cibernéticos.

Criatividade: em um mundo cada vez mais automatizado, a criatividade humana se destaca como uma habilidade indispensável, seja para a resolução de problemas, inovação de produtos ou desenvolvimento de soluções diferenciadas.

Resiliência, flexibilidade e agilidade: a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças e de lidar com desafios de forma positiva será uma das habilidades mais valorizadas no futuro, especialmente em tempos de incerteza econômica e transformações rápidas.

Curiosidade e aprendizado ao longo da vida: a necessidade constante de aprender e se atualizar será fundamental para acompanhar as mudanças tecnológicas e de mercado. A curiosidade intelectual se torna uma competência valiosa para quem busca se manter relevante.

Liderança e influência social: liderar equipes em um mundo cada vez mais diversificado e globalizado exigirá habilidades de liderança adaptativas, além da capacidade de influenciar positivamente as decisões organizacionais e sociais.

Gestão de talentos: a habilidade de atrair, reter e desenvolver talentos será cada vez mais importante, com um foco em construir equipes capazes de inovar e gerar resultados de longo prazo para as organizações.

Pensamento analítico: a capacidade de analisar dados e tirar conclusões informadas será essencial para profissionais de todas as áreas, permitindo uma tomada de decisão mais estratégica e baseada em evidências.

Gestão ambiental: com a crescente pressão por práticas sustentáveis, a habilidade de gerenciar e implementar estratégias ambientais será crucial para profissionais que desejam atuar de maneira responsável e alinhada com as necessidades globais de preservação ambiental.

Conclusão

Os insights do Fórum Econômico Mundial de 2025, deixou claro que o futuro do trabalho será dinâmico, desafiador e altamente dependente da adaptação às novas tecnologias. 

Uma previsão que poderíamos imaginar, não é mesmo? Afinal, essas transformações não acontecem da noite para o dia. Mas o que está em jogo aqui é a nossa capacidade de antecipar essas mudanças e nos preparar para elas. 

A requalificação e o aperfeiçoamento de habilidades não são mais uma opção há muito tempo, são uma necessidade urgente. Para os profissionais, o grande desafio será integrar o digital com o humano, construindo um perfil multifacetado e pronto para os desafios de um mercado de trabalho cada vez mais inteligente, mas também mais humano.

Por isso, a mensagem é clara: invista nas suas habilidades do futuro e esteja um passo à frente. 

 

  MARCELLE GERACAO

Marcelle Larcher

Marcelle Larcher

Empresária, empreendedora e gestora no setor educacional e organizacional, Marcelle Larcher possui mais de 15 anos de experiência em Educação Executiva e 30 anos de atuação no mercado.É especialista em Gestão Comportamental, com expertise em psicologia aplicada aos negócios e à carreira, focando na análise comportamental e na inteligência emocional.Atua como Mentora de Líderes, acumulando mais de 1000 horas de desenvolvimento pessoal e profissional com CEOs, C-LEVELs e empresários de diversos segmentos.Colunista do Jornal Tribuna de Minas, ministra cursos, formações e palestras sobre carreira, liderança, gestão comportamental e empreendedorismo.Desde 2023, tornou-se conveniada da Fundação Getulio Vargas, oferecendo em Juiz de Fora e região cursos de Pós-Graduação, MBA, Alta Gestão, Cursos de Curta e Média Duração e Programas Internacionais.Seus valores e metas estão alinhados com a visão da Fundação Getulio Vargas e do Grupo Larch, instituições que valorizam a excelência, a inovação e o impacto social.

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