A nova hierarquia das competências: como ser contratado em 2025 combinando hard skills, soft skills e tech literacy

O mercado de trabalho em 2025 exige mais do que domínio técnico: a nova hierarquia das competências combina hard skills, soft skills e tech literacy para formar profissionais completos. Saber unir conhecimento técnico, habilidades comportamentais e alfabetização tecnológica se tornou essencial para conquistar vagas, se manter relevante e crescer na carreira em um cenário cada vez mais competitivo e digital.

Por Marcelle Tristão

O mercado de trabalho está vivendo uma das mudanças mais profundas das últimas décadas. A transformação digital, a chegada da inteligência artificial em praticamente todos os setores e as novas dinâmicas de trabalho estão alterando de forma definitiva o que as empresas buscam em um profissional.
Se antes era comum valorizar quem tinha um domínio técnico muito específico ou anos de experiência em uma única função, agora o cenário exige algo mais amplo: a capacidade de unir competências técnicas, habilidades comportamentais e uma relação inteligente com a tecnologia.

Essa nova realidade tem um impacto direto em quem está buscando recolocação, promoção ou até mesmo a primeira oportunidade. Para ser contratado em 2025, não basta apenas ser bom no que você faz. É preciso mostrar que você sabe aprender, se adaptar e usar a tecnologia como aliada no dia a dia.

O que mudou no mercado de trabalho: da especialização à integração de competências

Até pouco tempo atrás, o caminho para conquistar um emprego consistia em ser muito bom em uma área específica. Um programador precisava dominar linguagens de programação, um contador precisava conhecer profundamente normas fiscais, um designer tinha que ter um portfólio visual impecável. O que importava era o domínio técnico isolado.

Hoje, essa fórmula já não é suficiente. As empresas continuam valorizando a competência técnica, mas não se contentam com ela. O que se busca agora é o profissional capaz de unir sua especialidade a um conjunto de outras habilidades, especialmente aquelas que envolvem relacionamento, comunicação e inteligência no uso das ferramentas digitais.

Esse movimento tem uma explicação simples: os desafios do mercado são cada vez mais complexos e multidisciplinares. Um projeto de marketing, por exemplo, não depende apenas de um publicitário criativo, mas também de quem saiba interpretar dados, liderar equipes remotas e usar tecnologia para otimizar processos. É a integração que gera resultados.

Hard skills: o que as empresas mais buscam

As hard skills continuam sendo parte fundamental dessa equação. Elas representam o seu conhecimento técnico, aquilo que pode ser comprovado por certificações, diplomas ou portfólio.
Algumas habilidades aparecem com destaque nas pesquisas de recrutamento e tendências:

  • Análise e interpretação de dados: empresas de todos os tamanhos estão usando dados para tomar decisões estratégicas e precisam de profissionais capazes de transformar números em informações relevantes.
  • Gestão de projetos ágeis: metodologias como Scrum e Kanban deixaram de ser exclusivas da tecnologia e estão sendo aplicadas em setores como educação, saúde e indústria.
  • Comunicação escrita de alto nível: saber escrever de forma clara e objetiva é uma competência valorizada em qualquer área.
  • Idiomas: especialmente o inglês, que segue como porta de entrada para oportunidades globais.
  • Design de experiências: criar produtos e serviços centrados no usuário é cada vez mais importante para se diferenciar da concorrência.

Dominar essas habilidades é importante, mas tão essencial quanto é saber apresentá-las de forma clara, seja no currículo, no LinkedIn ou em uma entrevista.

Soft skills que se tornaram indispensáveis

Se as hard skills mostram o que você sabe fazer, as soft skills revelam como você faz. E é nesse ponto que muitos candidatos se destacam ou perdem espaço.
Entre as habilidades comportamentais mais requisitadas, estão:

  • Pensamento crítico: a capacidade de analisar situações e tomar decisões fundamentadas.
  • Adaptabilidade: em um mundo que muda tão rápido, é fundamental saber se ajustar a novos cenários e demandas.
  • Comunicação empática: não é apenas falar bem, mas saber ouvir e compreender as necessidades de colegas, clientes e parceiros.
  • Resolução de problemas complexos: encontrar soluções criativas para desafios que não têm resposta óbvia.
  • Inteligência emocional: gerenciar emoções próprias e lidar de forma equilibrada com as dos outros.

Essas competências não aparecem em certificados, mas podem ser percebidas em conversas, entrevistas e interações no dia a dia. Quem sabe evidenciá-las com exemplos concretos se torna memorável para o recrutador.

Tech literacy: o diferencial que separa bons e ótimos profissionais

Talvez o conceito mais novo dessa nova hierarquia seja o de tech literacy, ou alfabetização tecnológica. Não se trata de ser programador ou engenheiro de software, mas de ter intimidade com as ferramentas digitais que fazem parte do trabalho e saber dialogar com áreas técnicas mesmo sem atuar nelas diretamente.

Um profissional bem afinado com a tecnologia:

  • Entende o básico de como funcionam os sistemas que usa no trabalho.
  • Sabe aproveitar recursos de automação para otimizar tarefas.
  • Utiliza ferramentas colaborativas de forma estratégica.
  • Tem noção de segurança digital e proteção de dados.
  • Sabe integrar inteligência artificial e outras soluções tecnológicas para melhorar resultados.

O que diferencia quem tem tech literacy não é apenas o conhecimento das ferramentas, mas a mentalidade de aprendizado contínuo. A tecnologia muda rápido e a disposição para explorá-la e adaptá-la à sua rotina é o que garante vantagem competitiva.

A combinação que faz a diferença: hard skills + soft skills + tech literacy

Isoladamente, cada uma dessas frentes já é importante, mas é a combinação entre elas que cria o perfil profissional mais desejado.

Imagine um analista de marketing que domina técnicas de SEO e análise de dados (hard skills), que sabe se comunicar de forma clara e motivar a equipe (soft skills), e que consegue usar inteligência artificial para criar relatórios automáticos e testar campanhas em tempo real (tech literacy). Esse é o tipo de profissional que não apenas ocupa uma vaga, mas se torna indispensável.

Essa integração é também o que dá mais resiliência à carreira. Mudanças no mercado podem tornar uma habilidade técnica menos relevante, mas, se você tiver boas competências comportamentais e alfabetização tecnológica, será capaz de migrar para novas funções sem perder competitividade.

Como desenvolver a nova hierarquia das competências

Desenvolver esse conjunto de habilidades exige intenção e estratégia. Não é possível esperar que apenas a experiência de trabalho traga todas elas naturalmente.
Algumas formas práticas de começar:

  • Educação continuada: busque cursos, workshops e certificações que atualizem seu conhecimento técnico e ampliem seu repertório.
  • Projetos paralelos: participar de iniciativas voluntárias ou criar seus próprios projetos é uma forma de testar e desenvolver novas habilidades.
  • Networking qualificado: conversar com profissionais de diferentes áreas amplia sua visão sobre tendências e desafios do mercado.
  • Mentoria: contar com alguém mais experiente para orientar seu desenvolvimento acelera o processo.
  • Aprendizado autodirigido: ler livros, acompanhar conteúdos especializados e explorar novas ferramentas por conta própria.

A chave está em manter a curiosidade e não esperar que o ambiente de trabalho faça todo o trabalho de atualização por você.

Preparando-se para o futuro agora

O futuro do trabalho não é algo distante. É hoje! Empresas estão atentas, e profissionais que começam a se preparar agora largam na frente.

É hora de olhar para o seu conjunto de competências e fazer um diagnóstico honesto. Quais hard skills você domina e quais precisam ser aprimoradas? Quais soft skills ainda geram desafios? Como está sua relação com a tecnologia?

Responder a essas perguntas com sinceridade e agir em cima das respostas é o caminho mais seguro para garantir relevância e empregabilidade no atual cenário.

Em um mercado cada vez mais competitivo, quem consegue unir técnica, comportamento e tecnologia constrói não apenas uma carreira sólida, mas também a liberdade de escolher onde e como quer trabalhar. E essa é, no fim das contas, a maior conquista que um profissional pode ter.

 

Marcelle Tristão

Marcelle Tristão

Marcelle Tristão é colunista do jornal Tribuna de Minas, mentora estratégica em liderança, negócios e carreira, e cofundadora do Grupo Larch.É conveniada da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em Juiz de Fora. Psicóloga e Educadora, está no mercado há 31 anos e hoje atua com foco no desenvolvimento de empresas e pessoas com experiência nacional em consultoria e educação executiva.São mais de 1.000 horas de mentoria com CEOs, executivos de alto escalão e empresários. Especialista em gestão comportamental e inteligência emocional, ela ajuda a transformar carreiras e lideranças em ambientes cada vez mais digitais, competitivos e desafiadores.

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