Na terça-feira que vem, daqui a dois dias, o dia 1º de outubro é consagrado às pessoas idosas. Dia Internacional da Pessoa Idosa. Data que foi unificada tanto no contexto nacional como no internacional para registrar a existência do Estatuto da Pessoa Idosa, sancionado nesse dia no ano de 2003 pelo ex-presidente Lula, à época, e atual presidente. Lá se vão 21 anos de sua vigência em todo o território nacional.
Documento exemplar, muito bem produzido, de proteção aos direitos das pessoas idosas. Muito bem elaborado juridicamente, mas muito pouco conhecido pela sociedade e pelo próprio público destinatário de seus artigos e parágrafos.
Pouco mudou ou quase nada mudou efetivamente, no dia-a-dia da vida da população idosa. Em nossa cidade mesmo, o que esse importante arcabouço legal mudou para melhor a vida das pessoas idosas? Essa data é mais uma efeméride que precisamos acender, mas que, de fato, pouco significa de mudança real nas condições de vida das pessoas idosas não somente em nossa cidade bem como no país inteiro, de um modo geral.
Devemos escrever sobre ela, sim. É o que me proponho a fazer com essa coluna de hoje, caros leitores e leitoras. E dizer que não é por falta de importantes legislações que nós não temos uma vida melhor para todas as pessoas que já envelheceram e para nós que estamos envelhecendo, inclusive no dia internacional da pessoa idosa, mote dessa escrita de hoje.
Não é por falta de leis. É por falta de interesse social, público e político. Em nossa cidade, que conta com um expressivo número de pessoas idosas em seu contexto populacional, com mais de 100 mil pessoas com a idade de 60+, o que ela oferece de convivência social, de políticas públicas para as pessoas idosas?
Semana que vem, no próximo domingo, dia 6 de outubro, é o dia das eleições municipais: como foram tratadas as demandas das pessoas idosas com relação à saúde, cultura, trabalho, educação e esportes? Ou de outra forma. Com a propaganda política praticamente no seu fim, que ações o (as) candidato (as) ao executivo e/ou legislativo propuseram realizar para a população idosa de nossa cidade? Nada. Como aconteceu em pleitos anteriores.
Novos e velhos desafios são colocados a todos nós que trabalhamos com o envelhecimento, o nosso e o dos outros, numa educação social etarista que não valoriza em nós a conquista do tempo que adquirimos na vivência dos nossos dias. Que sociedade é essa? Que não celebra a conquista da longevidade com se isso não representasse a criação de uma nova e de uma outra sociedade. Uma nova cidade.
Por isso que o Dia Internacional da Pessoa Idosa precisa ser reforçado, lembrado e ter inserções jornalísticas na mídia e nas redes sociais. Teremos e já temos muito mais pessoas idosas ao nosso lado do que pessoas de gerações mais novas. A população que mais cresce e que mais crescerá será a população dos longevos. Isso não é mera projeção estatística, isso é realidade, já é. Se não falarmos ou se não escrevermos sobre as pessoas idosas, sobre nós mesmos, aí é que seremos esquecidos e sem nenhum reconhecimento. Certamente que o Dia Internacional da Pessoa Idosa, que virá no dia 1° de outubro, não mudará em nada o quadro de descaso e indiferença social e política em que vivemos na sociedade em relação às pessoas idosas. Mas a história não acabou. Acredito na mudança. Vejo muito potencial de transformação social na força dos movimentos sociais das pessoas mais velhas junto a outras organizações sociais – o que tem sido comum nos países de fora – por que aqui não pode acontecer uma revolução dos longevos?