Assim como a vida, o nosso envelhecimento apresenta muitas diferenças e composições existenciais distintas. Não envelhecemos do mesmo jeito ou da mesma maneira. São muitos os condicionamentos e determinantes que recaem sobre o nosso processo de envelhecimento, desde o gênero às condições sociais, políticas, econômicas e culturais, entre outras. De um modo geral, é recorrente, a grande mídia mostrar a velhice de pessoas bem sucedidas, na propaganda da margarida com a família reunida, alegre e contente, onde a prática e a educação para o desenvolvimento do esporte é uma rotina. Essa velhice tem uma configuração heterogênea das velhices em que fazem parte a maioria da nossa população brasileira. De senhoras e senhores, principalmente, senhoras, beneficiárias de aposentadorias e pensões do INSS, que não têm acesso às políticas sociais de atenção pública para a melhoria de suas condições materiais de vida. Mal fazem para ter o que comer e manter-se vivas com a ajuda fundamental do SUS: 75% desse universo, mais ou menos, são susdependentes.
E aí que entra o estimulo à prática esportiva que, ao lado dos medicamentos, pode, com certeza, qualificar um pouco mais, bem mais, a vida dessas pessoas. Não estou falando na prática de atividades físicas, mas uma coisa leva a outra. Ao praticar esporte, qualquer tipo que seja, principalmente, aquele que te satisfaça; de alguma forma, você estará exercitando seu corpo, sua mente, os dois. Mens sana in corpore sano = mente sã, corpo são. Lição que vem lá de trás. E esquecemos dela.
A prática de esportes por pessoas idosas tem uma boa exposição nos noticiários jornalísticos, é verdade. Mas atinge um grupo seleto de participantes. Ainda não percebo essas atividades como fazendo parte de uma política pública robusta nas cidades brasileiras: que esportes são garantidos para as pessoas idosas? Em JF, temos experiências exitosas de algumas instituições que vêm de longo tempo dedicando ações esportivas para a comunidade, independente de idade.
A nossa Prefeitura, através de sua Secretaria de Esporte e Lazer. O SESC, Serviço Social do Comércio. A nossa UFJF com a Faculdade de Educação Física. Certamente, outras faculdades e mais algumas outras importantes entidades oferecem oportunidades para a prática de atividades esportivas, e eu não tenho informação. O certo, e o desejável para mim, não sei o que vocês pensam, caros leitores e leitoras, é que aconteça, cada vez mais, possibilidades reais do estímulo às atividades de esportes para um público que cresce na nossa sociedade, que é o publico idoso: a fração longeva de nossa comunidade, os 60+; que exigem dos gestores a ampliação de oferta de seus programas, projetos, serviços e ações.
A prática esportiva é muito importante para a nossa saúde, além de outros ganhos, como o cultivo de novas amizades e a construção de relações sociais interessantes. Melhora da autoestima e disposição para viver uma aposentadoria ativa e muito produtiva para aqueles e aquelas que se encontram nessa condição. No meu caso, participo, semanalmente, de treinos de educação física na Academia Arkadyas, diferenciada nos aspectos de seu ambiente de trabalho por estar inscrita no meio da natureza e pela constituição de seu quadro de profissionais com professores da área altamente qualificados. Tenho essa avaliação, com todo respeito e consideração a muitas outras excelentes academias que temos na cidade. Já a minha prática esportiva vem com o futebol na Arkadyas Sênior, composição esportiva semanal de todo sábado pela manhã. É um arranjo social que fiz para ter um envelhecimento ativo ao lado de colegas e amigos que compartilham o gosto e o prazer pela prática do futebol, que vem desde o tempo da adolescência com as peladas na rua General Gomes Carneiro, no bairro Fábrica, com a presença afetiva do meu pai. O “Rivelino” do asfalto.