A reforma da Previdência Social é um tema recorrente no debate público contemporâneo. Muitos países discutem o tema há alguns anos. Debate provocado por um dos principais fenômenos da atualidade que é o envelhecimento do planeta. O mundo está envelhecendo. O Brasil também. E nossas cidades acompanham essa tendência. Não é tendência, melhor dizendo, é uma realidade. Vejamos: Juiz de Fora, por exemplo, conta extraoficialmente, com mais de 100 mil pessoas com 60 anos ou mais.
Perguntinha de elevador: não estaria na hora de a cidade ter uma coordenadoria ou até mesmo uma secretaria de atenção às pessoas idosas? Essa pergunta vem ancorada no noticiário nacional recente, da semana passada, com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apresentou a atualização do número de pessoas idosas no Brasil.
A expectativa de vida (em média) ao nascer aumentou em 2023 para 76,4 anos. As mulheres alcançam 79,7 anos e os homens 73,1 anos. O que podemos afirmar que as mulheres vivem mais do que nós. Daí temos o que a literatura especializada denomina como sendo a feminização do envelhecimento. O que sugere que ao se propor políticas públicas para as mulheres, ao se direcionar ações para as mulheres, é preciso chegar às necessidades do segmento das mulheres idosas porque em grande proporção elas constituem o universo do envelhecimento humano.
O rápido e acelerado envelhecimento da nossa população, como o que já acontece no nosso país e nas nossas cidades, como em JF, vai provocar e já provoca impactos de várias ordens na estrutura da nossa sociedade e da nossa cidade. Para um futuro não muito longínquo esse novo fenômeno social, que é o envelhecimento, traz a seguinte questão: quem vai pagar essa conta? Teremos recursos financeiros suficientes para fazer frente à demanda de aposentadorias que vão acontecer?
Na esteira dessa conversa, me ocorre aqui apresentar a vocês outro debate que ganha fôlego: a redução da jornada de trabalho com o fim da escala 6×1. Seis dias trabalhados para um dia de descanso. Consagrado aos domingos. A novidade colocada no Congresso Nacional por parlamentares situados mais ao espectro da esquerda do campo político é o de se ter uma carga horária de quatro dias de trabalho na semana e três dias de descanso. Será que não existe vida além do trabalho? Por isso, eu penso que a aposentadoria é bem-vinda e necessária. Penso também que é preciso, desde já, em plena atividade funcional, fazer um planejamento de vida antes da chegada desse momento.
Torço para que haja uma redução da jornada de trabalho, sem prejuízo para ninguém. Na minha experiência de ex-servidor público municipal, cumpri religiosamente meu horário de trabalho de 40 horas semanais. Mas está na hora de revisar. Principalmente para a sobrecarga do trabalho feminino, dentro e fora de casa.
Hoje aposentado da PJF vivo no ócio criativo, defendido pelo escritor italiano Domenico De Masi. Na minha livre interpretação, mesmo sem ter lido (ainda) o seu livro, mas já o acompanhei em algumas entrevistas, eu entendo que esse autor valoriza a importância de a gente ter um tempo livre para a satisfação de nossas necessidades básicas, como o convívio social, as relações gostosas das amizades, a vivência da relação amorosa e da afetividade. E do jeito que está a legislação atual, esse tempo de viver outras possibilidades pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores fica impossível de se realizar.
Estar aposentado, é o que tenho experimentado, é um período muito rico da existência. Dando atenção à pergunta da Coluna, eu percebo que a aposentadoria não é um eterno domingo, no sentido de ser um dia morto para a vida. Não é mesmo. Até porque domingo pode ser um dia legal, um dia bom, histórico e, muitas das vezes, é. Como foi, eu desejo registrar isso, como amante do futebol, certamente, foi para você, leitor e leitora, que torce para o Botafogo a conquista merecida do título de campeão da América no fim de semana passado.