Homem que é homem não chora. Quem nunca ouviu essa frase?
O Colunista Thiago Vianna conversa com médico psiquiatra Dr. Helio Fádel e o urologista Dr. Luiz Rogério Araújo sobre saúde masculina.
Nas aventuras de bike que rendiam um joelho ralado era bastante frequente ouvir dos nossos pais ou amigos. Talvez, como um gesto de estimular a confiança e com o objetivo de reprimir a dor. Mas o que importa é que o verdadeiro sentido dessa frase carrega uma mensagem de patriarcado tóxica e pode se tornar destrutiva ao longo dos anos. A autoridade imposta aos homens institucionalmente, no decorrer de sua criação, os promovem a ocupar um papel cheio de responsabilidades perante a sociedade. Afinal, ser homem é ser forte, competente, inteligente e resistente. Mas será?
A busca por este falso padrão ideal masculino reprime o homem de externar seus sentimentos e reconhecer suas fraquezas, gerando danos muitas vezes irreversíveis no futuro. A falta de atenção com a saúde é um deles. Já parou para pensar que as mulheres desde nova são incentivadas pelos pais a dedicar atenção à saúde e logo substituem o pediatra pelo ginecologista? Seja com o objetivo de preparar seu corpo para a gravidez ou não.
Nos homens, a orientação sobre o tema muitas vezes ocorre de forma diferente, dedicar atenção à saúde e reconhecer suas fraquezas pode ferir sua força e resistência, o que contribui para que grande parte dos homens descubram problemas de saúde em estágios mais avançados.
Para falar um pouco sobre o comportamento do homem e sua relação com a saúde, procurei o médico psiquiatra Helio Fádel, especialista em Psiquiatria do Esporte, com vasta experiência em trabalhos realizados com o público masculino. Segundo o médico, no campo da saúde mental esse distanciamento parece ainda maior. A implicação de sofrimento psíquico (não necessariamente doença ou transtorno mental propriamente ditos) remete a um entendimento de grande vulnerabilidade e inferioridade por parte do homem. Isso inclui a negação do quadro, com pensamentos do tipo: “isso não pode estar acontecendo comigo”, “eu nunca tive isso, não vai ser agora”, “isso é coisa da minha cabeça, não é nada”, e a busca por saídas nocivas à própria saúde – como isolamento social, alcoolismo e uso de drogas. Infelizmente, a sociedade ainda potencializa esse panorama, pois existe sim, estigma em relação às condições mentais de saúde. O ser humano tende a temer aquilo que não é palpável, como uma depressão ou transtorno de pânico, por exemplo. Cabe a nós, elucidarmos e trabalharmos em prol do fim desse preconceito, não apenas pensando na saúde do homem, mas por toda a população que sofre calada e na solidão. Seja por medo, incerteza ou vergonha de pedir ajuda”, explica Dr. Fádel.
Já para o urologista Dr. Luiz Rogério, se os homens não dedicam muita atenção aos cuidados com a saúde, quando o assunto vem repleto de preconceitos como no caso do exame de próstata então, nem se fala. Segundo o médico, o “temido” exame do toque retal é imprescindível para o diagnóstico precoce do câncer de próstata, assim como para a avaliação de outras patologias prostáticas. De acordo com achados da literatura, o PSA (exame laboratorial realizado na investigação) pode manter-se inalterado em cerca de 15% dos tumores de próstata, sendo esse percentual detectado apenas pelo toque” explica Dr. Luiz Rogério. O câncer de próstata possui uma taxa de cura próxima a 100% quando detectado precocemente, portanto, quebrar esse “tabu” em relação ao exame e ao fato do homem procurar ajuda é essencial para um aumento na sobrevida destes pacientes. “Hoje em dia, dispomos de diversas modalidades para o tratamento dessa doença, que vai do menos invasivo, como a vigilância ativa (acompanhamento periódico com exames), até o mais avançado, como a cirurgia robótica. Portanto, o homem que adere à prevenção de modo integral e despido de preconceitos, apresenta um ganho muito importante com relação à sua saúde” orienta o profissional. Por isso meus amigos, é importante derrubar barreiras e abrir espaço para um diálogo aberto e esclarecedor entre os homens. É exatamente esse o propósito dessa Coluna. #ConversadeHomem
Ficha técnica:
Clínica: Saúde.Rh
Estr. Eng. Gentil Forn, 1805 – Morro do cristo – 32 3231-6004
Dr. Helio Fádel – Médico Psiquiatra
Dr. Luiz Rogério Araújo – Médico Urologista
Revisão: Thaíza Almeida
Edição: Maíra Andrade
Fotos: Studio Photo Aluízio 32 3215-0260