À espera de um milagre
Dizem que tem coisas que só acontecem com o Botafogo. Pois é, acontece que eu tenho uma certa simpatia pelo time lá de General Severiano. Dos times “aqui” do Rio, o Glorioso tende a ser meu predileto. Está muito longe de ser uma torcida, já que essa é reservada ao meu Corinthians. Trata-se de respeito a um clube que, falem o que quiser, está entre os maiores do país.
Talvez seja por causa do meu pai, torcedor resignado do Alvinegro, muitas vezes taxado de corintiano por conta da paixão louca do filho. Talvez seja por causa de um tal Garrincha. Desde criança, sempre disse que é mais fácil aparecer outro Pelé que outro Garrincha, devido a todas as improbabilidades que cercaram o futebol daquelas pernas tortas.
Enfim, quando a discussão diz respeito a Fla, Flu, Vasco e Bota, tendo a defender este último. Inclusive, já enverguei uma camisa 7 do Túlio nas peladas de infância, em uma quadrinha onde marquei – segundo minha memória – mais gols que Romário, Pelé ou Friedenreich. Todavia, falemos a verdade: como é difícil defender esse Glorioso que está disputando o Brasileirão. Nem o Jefferson, coitado, consegue.
É triste constatar que a Estrela Solitária é o único brilho de uma coleção de equívocos. Quando se olha o papel, o Botafogo estava rebaixado de véspera. A equipe montada pela atual diretoria não condiz com a história do clube ou com uma Série A de Brasileiro. O vai e vem de demissões e contratações – da saída de Sheik à aposta em Jobson – foi a cereja de um bolo indigesto para o botafoguense.
É triste imaginar como um clube tão importante chegou a esta situação, ameaçado de viver dois descensos em menos de 15 anos. O Botafogo é grande demais para isso. Merecia mais profissionalismo, mesmo que tal artigo seja raro no futebol tupiniquim. Em tempos de crise, caindo ou sendo agraciado por um milagre este ano, a nova diretoria precisa entender que só a modernização da marca que está entre as maiores do país pode tirar a equipe da crise que se tornou recorrente.