Precisamos falar sobre o Quarteto Fantástico
Oi, gente.
Algumas pessoas precisam falar sobre Kevin, outras sobre filmes de super-heróis – no meu caso, comentar como pode existir uma distância abissal de qualidade entre as várias produções do gênero que chegaram aos cinemas neste milênio, daquelas em que cabem uma meia dúzia de Kaijus de Categoria Cinco. E não poderia haver estudo de caso melhor do que comparar “Homem-Formiga” e “Quarteto Fantástico”, entregues pela Marvel e Fox, respectivamente, nas últimas semanas.
Começando pelo que é bom. “Homem-Formiga” poderia ter sido um fracasso porque, assim como “Guardiões da Galáxia”, o personagem é pouco conhecido fora da Nona Arte. E ainda ficou no meio do fogo cruzado dos fanboys, sujeitos que leem quadrinhos desde a Era Hiboriana e acreditam que saber de tudo, para quem os filmes deveriam ser feitos única e exclusivamente para eles. É a galera que acha que o “Batman” de Christopher Nolan é superestimado, que os filmes da Marvel têm piadas demais e que a Fox nunca fez um filme decente dos X-Men.
Para o azar deles, “Homem-Formiga” é legal não só por ter uma história interessante (tem seus momentos “Onze homens e um segredo” e protagonistas com relações familiares complicadas), cenas de ação criativas e efeitos especiais bem realizados, mas também por parecer ironizar tudo aquilo que os “especialistas” criticam nos longas-metragens da própria Marvel.
A melhor prova do quanto “Homem-Formiga” é irônico em relação aos filmes da Casa das Ideias e a si mesmo está no ato final, com a batalha entre Scott Lang (o Homem-Formiga) e o Jaqueta Amarela dentro da mala e no quarto da filha do herói, de fazer chorar de rir. É o tipo de filme que podemos assistir várias e várias vezes sem cansar, mais uma aposta de risco da Marvel que deu certo.
Já “Quarteto Fantástico”… Que tristeza ver que a Fox é totalmente incompetente para adaptar quadrinhos que não sejam os dos X-Men e Wolverine, que mesmo assim também tiveram seus filmes ruins. O estúdio da Raposa parece não saber o que fazer com o material que tem em mãos, sendo incapaz de criar um universo conectado no estilo da Marvel.
O novo “Quarteto Fantástico” é meio limão “menos pior” que os filmes de 2005 e 2007, mas é igualmente constrangedor. Uma desgraça em forma de película: roteiro fraco, história mal desenvolvida, atores nitidamente desmotivados, diretor brigando com o estúdio, falta de continuidade (o que era aquela peruca da Mulher Invisível?), batalha final ridícula… E um Doutor Destino que, mais uma vez, não é sombra do maior e mais perigoso vilão da Marvel.
É triste ter que concordar com os fanboys, mas passou da hora de a Fox devolver o Quarteto para quem vai saber o que fazer com eles.
E por enquanto é só, semana que vem tem mais. Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.