Longevidade dos planos de saúde


Por LUÍS CARLOS SARAIVA NEVES, MÉDICO E PRESIDENTE DA UNIDAS - UNIÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DE AUTOGESTÃO EM SAÚDE

11/10/2015 às 07h00

A cada ano que passa, a expectativa de vida no Brasil, felizmente, vem aumentando. Segundo dados do IBGE, passou de 70,7 anos, em 2001, para 74,9, em 2013. Não há como negar que é resultado, principalmente, da melhor qualidade de vida da população e dos avanços da medicina. Entretanto, o crescimento da longevidade traz impactos no país, que exigem atenção dos setores público e privado para garantir equilíbrio.

No caso da saúde, recente levantamento do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (Iess) reforça ainda mais a preocupação com um futuro que não está muito longe. O estudo aponta que, nos próximos 15 anos, os gastos das empresas privadas de saúde vão quase triplicar, passando de cerca de R$ 106 bilhões por ano para R$ 283 bilhões.

Essa previsão é para daqui a uma década, mas a preocupação com a sustentabilidade do setor já exige soluções para hoje, pois o investimento em gestão e em prevenção não vem sendo suficiente.

Os planos de autogestão são prova disso. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que, entre 2008 e 2013, as despesas assistenciais das autogestões aumentaram 72,78%. E é justamente o crescimento da longevidade um dos fatores que vem impactando nos custos desses planos.

É natural que o uso pelos serviços de saúde aumente conforme envelhecemos. Um beneficiário aposentado, por exemplo, faz em média 33 exames por ano, enquanto que o número em relação a quem ainda está trabalhando cai para 17. O impacto é significativo. Sua internação custa em média R$ 14 mil, o dobro do custo de quem está na ativa.

Não se faz aqui uma defesa para que parem de usar o plano de saúde. Quem paga tem o direito de usufruir os serviços. Porém, boa parte da sociedade ainda não compreende o risco que o segmento sofre.

O desafio de buscar soluções que garantam a sustentabilidade do setor une esforços dos governos federal, estadual e municipal, prestadores de serviço e operadoras de saúde, incluindo as autogestões, que não têm fins lucrativos. Somente com o trabalho conjunto é que alcançaremos a longevidade dos planos de saúde.

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