Novo Dunga
Tenho saudades do tempo em que Dunga era apenas um dos anões da Branca de Neve, aquele careca, orelhudo e com cara de bobo. O que hoje ocupa o comando da Seleção Brasileira me parece cada dia mais uma pessoa sorumbática, ou casmurro como gosto de alcunhá-lo desde sua primeira passagem no comando do time canarinho. A birra não é pessoal, que fique claro. Mas diz respeito à postura que o treinador sempre adotou em sua relação com a imprensa – e, por tabela, com o torcedor brasileiro. Como esquecer a patuscada que cometeu com o Alex Escobar durante a Copa de 2010. Arrotando arrogância e protegido pela carapuça de “dono da bola”, xingou jornalista aos olhos do mundo. O motivo do insulto: Escobar discordou com um aceno de cabeça de uma das assertivas do treinador durante a entrevista após a vitória contra a Costa do Marfim.
Cinco anos depois, apesar de a relação com a empresa permanecer pouco amistosa, o treinador já fez as “pazes” com o alvo de sua ira em 2010. Dunga parece ter mudado ainda mais com o passar das temporadas. Antes irredutível e incapaz de aceitar discordâncias, negando a Neymar uma chance no Mundial da África do Sul, parece mais afeito a ingerências em suas convocações. Não há como negar que a presença de Kaká (em declínio há anos e atuando na Liga Norte-Americana) e do próprio Neymar (suspenso dos primeiros jogos das Eliminatórias) na lista para amistosos nos Estados Unidos atende mais a anseios comerciais e à sanha da CBF por dinheiro do que a objetivos esportivos. Mais do que a preparação visando a Copa da Rússia – por razões contratuais ou não -, o técnico parece comprometido a honrar os acordos caça-níqueis de que os cartolas da Seleção tanto gostam.