Hora de fechar as mangueiras
O desabastecimento de água é uma ameaça cada vez mais próxima em Juiz de Fora. Hoje, a Represa Doutor João Penido, que ainda é a principal fonte de recursos da cidade, míngua de forma acelerada e, se a situação de falta de chuva persistir, ela chegará em novembro com pouco mais de 10% de sua capacidade. Uma realidade que não podia se imaginar há tão pouco tempo em nosso município. No entanto, a tão divulgada escassez de água pelo país e pelo mundo e a necessidade de cuidados especiais com o líquido da vida viraram realidades em nosso dia a dia. Muitas famílias já enfrentam a falta de água em sua rotina, o que tem causado prejuízos no cotidiano de residências, no comércio e em indústrias que dependem do produto.
Enquanto a Cesama raciona a água, por meio do rodízio, que foi ampliado recentemente, continuamos vendo o desperdício pelas ruas. Isso mostra ser necessária ação mais efetiva e imediata diante do colapso iminente. Neste cenário, é nosso papel reacender o debate sobre a nossa lei que propõe maior conscientização e, se houver necessidade, até multa para os casos de lavagem de calçadas e fachadas com uso de água tratada e mangueiras.
Em fevereiro deste ano, a Cesama informou que estava criando duas equipes para desenvolver o trabalho de conscientização e esclarecimento das pessoas que fossem encontradas praticando o desperdício, dentro do que propõe a Lei 13.049. Além disso, na época, foi mencionada a produção de um material gráfico que seria distribuído à população, no sentido de conscientizar a todos sobre a real situação enfrentada, sobre a crise hídrica, lembrando que este é um problema de todos e de cada um.
Passados seis meses, vemos a situação se agravar, e, portanto, é preciso que, de um lado, a população esteja pronta a colaborar e, de outro, que o Poder Público acirre as campanhas de instrução dos cidadãos e faça cumprir a lei para que não falte água para as atividades essenciais dos juiz-foranos, enquanto gasta-se o líquido de outro.
No que se refere a questões ambientais, entendemos ser necessário olhar para o horizonte de forma mais ampla, como fizemos na ocasião em que iniciamos a discussão pública para buscar o impedimento do uso das mangueiras para lavar calçadas. Na época, há cerca de dois anos, o cenário traçado parecia ser outro. A cidade tinha à frente décadas de conforto no abastecimento. No entanto, o quadro se desenhou de maneira diferente, e, diante do crescimento da população, é preciso agir com ainda mais cautela.
Hoje, o que se diz é que nossos mananciais precisarão de quatro ou cinco anos para se recuperarem, mas isso pode demorar mais ou nem acontecer, já que João Penido pode ter sua vida útil reduzida e até mesmo secar em uma conjuntura de falta de chuvas mais drástica. Diante deste quadro exposto, não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar água, ressaltando que, a cada 15 minutos com uma mangueira aberta, jogam-se fora 500 litros. É hora de fechar as mangueiras.